Parte 3 - A Filosofia do Existencialismo : II - Fascismo e Existentialismo

in #psicologia6 years ago (edited)

A Dialética da Libertação: Anarquismo, Existencialismo e Descentralismo
Parte 3 - A Filosofia do Existencialismo :

II - Fascismo e Existentialismo

"Fascismo é intolerância, medo , ódio e rejeição" - charlie777pt

1. Introdução


Na introdução deste post, vou continuar mostrar a estrutura histórica do nascimento da filosofia do existencialismo e na segunda parte eu serei novamente perdido em considerações sobre o ambiente político de nossa era e a ressurreição do existencialismo e filosofias de libertação como o anarquismo e a descentralização no blockchain, como o primeiros conceitos práticos de uma ferramenta de filosofia sócio-tecnológica para criar um mundo baseado na liberdade individual, bem como o primeiro sistema de comunicação possível que faz da anarquia uma utopia realizável.

O Existencialismo pertence ao grupo das chamadas Filosofias Continentais, nome dado pela filosofia analítica, para se livrar de teorias emergentes indesejáveis como a Fenomenologia, o Niilismo, o Absurdismo e o Pós-Modernismo, que contradiziam os pontos de vista racionais sobre a realidade e as pessoas.

A filosofia desde o seu início tem-se focado na praga da condição humana, que não há nenhum significado intrínseco em nós mesmos, na vida e no universo, mas os filósofos tentam formular algum tipo de respostas em relação a essa crença e a esse mundo sem sentido.

  • Os Existencialistas acreditam na autoconsciência para exercer o livre-arbítrio com a responsabilidade da teia das nossas ações, e devemos tentar construir o nosso próprio significado para a vida.
  • A Fenomenologia enfatiza os aspectos da autoconsciência e responsabilidade pelas nossas ações, e pela compreensão do nosso próprio Ser.
  • Os Niilistas vão mais fundo negando qualquer significado para a vida e que é impossível encontrar um modelo para torná-lo significativo.
  • Os Absurdistas admitem a busca do sentido na vida, opondo-se à nossa atual falta de significado, e que devemos aceitar essa restrição e, ao mesmo tempo, nos rebelar contra ela, na linha de pensamento de Camus.
  • O Pós-Modernismo surge na segunda metade do século XX, depois da Era Moderna, como um movimento em torno da crítica literária, filosofia, artes, cinema, arquitetura e sobre os temas da cultura, identidade, história, narrativa, palavra escrita e linguagem. .

Estes movimentos tinham em comum a procura da auto-identidade e da auto-definição e encontrar o significado e sentido da vida.

"Começo a conhecer-me. Não existo" - Fernando Pessoa in Poesias de Álvaro Campos

2- Será o Existencialismo uma arma contra o fascimo?


Albert Camus no seu livro A Peste, que é uma metáfora para esta doença como a ocupação nazista da França, deixa um aviso vivo sobre o fascismo, que como um vulcão adormecido está sempre à espera de explodir e queimar a multidão cega que o aclama em devoção num servilismo voluntário.

“Fascismo é capitalismo mais assassinato.” - Upton Sinclair

Esta praga nunca está morta e aguarda os momentos históricos certos para plantar bactérias de alienação, isolamento, ostracismo e estigmatização, que são os argumentos fascistas que levam à ruptura dos laços sociais e da solidariedade entre as pessoas.

As gerações mais jovens não estão conscientes dos perigos do fascismo, que sempre esteve em hibernação, esperando que as condições sociais de incerteza social e inquietação surjam, para consolidarem e preencherem o vazio resultante da crise de valores, normalmente usando um assalto violento e antidemocrático ao poder, liderado por políticos autocráticos e megalomaníacos fanáticos por poder.

Vou continuar este post com algumas partes de uma resposta minha a um comentário excelente, como sempre do nosso amigo @matheusggr, que me suscitou algum material para uma reflexão sobre o estado atual da demagogia política do nosso mundo "civilizado", e que gostaria de partilhar aqui, pois parece-me importante para uma introspeção de cariz existencialista sobre a nossa visão da Realidade atual .

"O fascismo não é definido pelo número de vítimas, mas pelo modo como as mata". - Jean-Paul Sartre

Nunca senti tão eminente a aproximação duma nova Idade das Trevas, com semelhança á que se adensou antes do nascimento do III Reich, a mesma sensação da emergência dos fascismos na sua forma populista política, que configuram a ambiência dos extremismos políticos, que antecedem os colapsos económicos e/ou dos valores sociais, e que em cada século da nossa história descamba em guerras mundiais.
Em 1932, o fascismo começou a consolidar-se na Europa e mais tarde originou a privação das liberdades individuais na Europa invadida pelos Nazis e na França ocupada, são como uma causa determinante para o nascimento no pós-guerra das forças que forjaram o surgimento do existencialismo, e não é estranho o fato que muitos dos existencialistas eram membros da Resistência durante o último conflito mundial.

"O Fascismo foi uma contra-revolução contra uma revolução que nunca aconteceu". - Ignazio Silone

Como Sarte diria "Os dados estão lançados" e o horizonte político do futuro está a ser marcado pelo resurgimento do discurso fascista, do racismo e xenofobia, com a sua narrativa do ódio e do medo do outro que é diferente, e que escapa á uniformização que é imposta pelo poder, para a sua auto-justificação e para a consolidação dos valores das classes priveligiadas dominantes.
A civilização ocidental com as suas bases burguesas judaico-cristãs, está a tentar voltar ás sua mitica refulgência, regredindo a valores caquéticos, usando o argumento da ostracização e estigmatização de tudo o que se diferencia, com os nacionalismos exarcebados, e a glória dum passado impossível de restaurar.

Vivemos uma sociedade sob pressão com uma crescente ansiedade sobre a incerteza do futuro, a expectativa de vida das pessoas nos EUA que está a decair, as mulheres que entram no mercado de trabalho estão a perder a diferença de mais 10 anos que tinham de vida em relação á de vida homem, e a única resposta que a sociedade ensina é sempre o consumismo, a ingestão de drogas / álcool / alimentos e outras vícios para lidar com este mundo trémulo e incerto.
O recurso á violência pelo sistema, como último argumento, poderá levar á sublevação como única resposta, mas que pode acabar exterminada e com um reforço total do poder.

Temos de criar condições que façam retroceder este perigo eminente, e observar os sinais e manifestações já visiveis dos governos autístas, que não tem soluções lógicas e racionais para o sistema ilógico e auto-consumatório que criaram, e que tentam o jogo baixo de manipular as emoções coletivas, criando falsos inimigos como bodes expiatórios, que são sacrificados em nome do ódio e do sangue como a consolidação da autoridade total.

“A verdadeira questão é: quem tem a responsabilidade de defender os direitos humanos? A resposta para isso é: todos. ” - Madeleine K. Albright em Fascismo: Um aviso

3 - O Fascismo e as condições históricas


Receio que o movimento dos Coletes Vermelhos, possa ser usado como bode expiatório que sirva de justificação para os ditadores que aparecem e dizem que garantem que acabam com a incerteza e instabilidade política, e que caso lhes sejam dados extremos poderes para exterminar os" arruaceiros" ou qualquer voz dissonante que exprima a verdade, eles conseguem restaurar a estabilidade.

Em Portugal foi esta a configuração de total instabilidade politica, social e económica e guerras fraticidas até aos anos 30 do século passado, que permitiu a consolidação do Estado Novo, porque Salazar aparece e diz que se lhe derem o poder total ele consegue a estabilidade política económica e social.
Ele consegue ser eleito Presidente e o resultado foram 50 anos de um fascismo bucólico anti-multinacionais, que levou á estagnação social e á morte da educação, que se torna numa informação imposta por propaganda massiva e na perseguição e eliminação política das vozes discordantes, incluindo execuções indiscriminadas pela polícia politica - da qual eu li todos os arquivos e processos durante 4 anos e meio - e que me deu um visão completamente diferente sobre a maneira como funciona o poder na sociedade.

“Que diferença faz aos mortos, aos órfãos e aos sem-abrigo, se a destruição louca é feita sob o nome de totalitarismo ou no santo nome da liberdade ou da democracia?” - Mahatma Gandhi

O Brasil acabou de revelar este fenómeno ao vivo, porque a civilização ocidental não se consegue separar da dominação norte-americana, que tem desvastado a América do Sul com permanente instabilidade, obrigando ao surgimento de vozes discordantes.
A aprovação da lei das armas no Brasil mostra os primeiros sinais dos muitos lobbies americanos que sempre desvirtuararm o rumo pollítico do Brasil, que um dia pode ser despedaçado como está a ser hoje a Venezuela ou a Síria.

O discurso fascista com o seu extremismo ataca o estado social em nome das privatizações e da pseudo-desregulação do neo-liberalismo económico, que só benefecia a irmandade e a imunidade atual dos políticos e do grande capital, o que põe em causa o verdadeiro liberalismo económico e os nossos direitos humanos.

As agressões imperialistas americanas geram fontes de discórdia justificada, que, ou são eliminadas por golpes e contra-golpes políticos dos Estados Unidos, ou então seguem o caminho da "castrização" (Cuba), em que um país para sobreviver se transforma num sistema fechado com uma liderança tirânica, como defesa contra a imposição ou invasão forçada, mas que inevitávelmente traz o sofrimento e sacrifício das populações que tentam resistir á dominação hegemónica.

"fascismo parece apenas uma tentativa inútil de regressão" - Herman Hesse

Mas de qualquer maneira estes ditadores forçados são heróis da resistência ao poder mais maléficamente instalado no Mundo, a hegemonia dos Estados Unidos que continua a criar morte, guerras, irmãos que se matam entre si em nações divididas por extremos, gerando sempre as inevitáveis cicatrizes do sangue derramado.
Hoje em dia, já é possível conhecer os fatos e ações constantes de destabilização que constituem a história da América do Sul, do Brasil, e do Mundo, que não se conseguem livrar desta sanguessuga do espírito humano e da liberdade humana, mas primeiro as pessoas tem de descondicionar toda a sua mente americanizada por uma máquina de guerra e propaganda em nome duma liberdade amordaçada.
Os políticos americanos através do "Estado Profundo" vão continuar a sua incessante procura de lugares fora do seu país, como cowboys para proceder ao extermínio dos indios e fazer carnificinas de búfalos, pois eles chegam com regras impostas e não negoceiam nem compreendem as outras civilizações, porque o seu desejo inconsciente é derramar sangue e mostrar a sua superioridade e supremacia através da violência extrema pela objetificação e diabolização de um inimigo imaginário que nunca existe no começo.

“O fascismo deveria mais apropriadamente ser chamado Corporativismo porque é uma fusão do poder estatal e corporativo.” - Benito Mussolini

Claro que há novos imperialismos á espreita para se colocarem na mesma posição de supremacia dos povos ricos, sobre os povos pobres, que são os seus teatros de negócios de guerra, que escodem o objetivo de roubar todas as suas riquezas naturais, deixando rastos de sangue e a destruição ecológica total.
Existe uma onda de autoritarismo a espalhar-se por todo o planeta porque as pessoas no seu desespero cego acreditam na narrativa do poder e no seu aparelho repressivo e propaganda , e na glória de que a "velha ordem social" será restaurada.

“Antes de os líderes de massa tomarem o poder de adequar a realidade às suas mentiras, sua propaganda é marcada por seu extremo desprezo pelos fatos como tais, pois na opinião deles o fato depende inteiramente do poder do homem que pode fabricá-lo.” - Hannah Arendt in The Origens do totalitarismo

A Educação que sempre foi considerada por mim como a arma mais radical que pode empoderar um povo, para se encontrar soluções por caminhos pacíficos.
A sobrevivência da espécie irá depender das pessoas aprenderem a pensar num meio em que são submergidos por informação inútil ou falsa e uma educação com custos milionários, sem aplicabilidade prática que torne possível a sua liquidação
A "economia psiquica" será portanto um dos fatores mais importantes para sobrevivermos no futuro, criando filtros de auto-vigilância, que não deixem contaminar e desvirtuar a nossa educação e o conhecimento de nós próprios e do Mundo, deformando os nossos valores pessoais, pois a sociedade apenas fornece informação-lixo fragmentada e excessiva, com o objetivo de impedir a nossa auto-determinação e limitar a nossa liberdade de escolha.

Bem, este post não foi programado, tendo desviado o meu fio de pensamento devido á sensação atual das nuvens reais da consolidação do populismo político que precede o fascismo, com a classe dominante a implementá-lo, como último recurso para controlar as massas desesperadas com soldados da polícia armados até os dentes para matar a insurreição rebelde, lidando com eles como terroristas numa zona de guerra.
Vou tentar não perder a cabeça no próximo post, em linha com o significado do absurdo do existencialismo.
E para terminar meditemos sobre isto:

“O adversário estratégico é o fascismo ... o fascismo em todos nós, em nossas cabeças e em nosso comportamento cotidiano, o fascismo que nos faz amar o poder, desejar o que domina e nos explora.” - Michel Foucault

A Dialética da Libertação: Anarquismo, Existencialismo e Descentralismo.

Artigos publicados:
Introdução à Dialética da Libertação: Anarquismo, Existencialismo e Descentralismo
I - Anarquismo II - Existencialismo Próximos posts da Série:
II - Existencialismo(Cont.)
  • O que é o Existencialismo?(Cont)
    • Parte 3 - A Filosofia do Existencialismo : III - O Significado do Sem Sentido
    • Parte 3 - A Filosofia do Existencialismo : IV - Os Jogadores e os Tempos
  • Os "Existencialistas"
    • Parte 1 - Gabriel Marcel - o Neo-socrático
    • Parte 2 - Jean-Paul Sartre - o Homem do Século XX
    • Parte 3 - Simone de Beauvoir - o Castor
    • Parte 4 - Albert Camus - o Absurdista
    • Parte 5 - Merleau-Ponty - O Humanista do Existencialismo
  • Humanismo e Existencialismo
    • Parte 1 - O Medo da Liberdade de Erich Fromm
  • Existencialismo e Anarquismo
  • O Futuro: Pós-Humanismo, Transumanismo e Inumanismo
III - Descentralismo
  • O que é o Descentralismo?
  • A Filosofia do Descentralismo
  • Blockchain e Descentralização
  • Anarquismo, Existencialismo e Descentralismo
IV - A Dialética da Auto-Libertação
  • O Congresso da Dialética da Libertação
  • Psicadelismo e movimentos Libertários e Artísticos
  • O Budismo Zen de Alan Watts
  • Psicanálise e existencialismo
  • O movimento antipsiquiátrico
  • Anarquismo, Existencialismo, Descentralismo e Auto-Libertação
V - Conclusões e Epílogo
Referências:
- charlie777pt on Steemit:
A Realidade Social : Violência, Poder e Mudança
Colectivismo vs. Individualismo
Índice do Capítulo 1 - Anarquismo - desta série - Parte 1 desta Série

Livros:
Oizerman, Teodor.O Existencialismo e a Sociedade. Em: Oizerman, Teodor; Sève, Lucien; Gedoe, Andreas, Problemas Filosóficos.2a edição, Lisboa, Prelo, 1974.
Sarah Bakewell, At the Existentialist Café: Freedom, Being, and Apricot Cocktails with with Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir, Albert Camus, Martin Heidegger, Maurice Merleau-Ponty, and Others
Levy, Bernard-Henry , O Século de Sartre,Quetzal Editores (2000)
Jacob Golomb, In Search of Authenticity - Existentialism From Kierkegaard to Camus (1995)
Herbert Marcuse, One-Dimensional Man: Studies in the Ideology of Advanced Industrial Society
Louis Sass, Madness and Modernism, Insanity in the light of modern art, literature, and thought (revised edition)
Hubert L. Dreyfus and Mark A. Wrathall, A Companion to Phenomenology and Existentialism (2006)
Charles Eisenstein, Ascent of Humanity
Walter Kaufmann, Existentialism from Dostoevsky to Sartre (1956)
Herbert Read, Existentialism, Marxism and Anarchism (1949 )
Martin Heidegger, Letter on "Humanism" (1947)
Friedrich Nietzsche, The Will to Power (1968)
Jean-Paul Sartre, Existentialism And Human Emotions
Jean-Paul Sartre, O Existencialismo é um Humanismo
Maurice Merleau-Ponty, Sense and Non-Sense
Michel Foucault, Power Knowledge Selected Interviews and Other Writings 1972-1977
Erich Fromm, Escape From Freedom. New York: Henry Holt, (1941)
Erich Fromm, , Man for Himself. 1986
Gabriel Marcel, Being and Having: an existentialist diary
Maurice Merleau-Ponty, The Visible and The Invisible
Paul Ricoeur, Hermeneutics and the Human Sciences. Essays on Language, Action and Interpretation
Brigite Cardoso e cunha, Psicanálise e estruturalismo (1979)
G. Deleuze and F. Guattari, Anti-Oedipus: Capitalism and Schizophrenia

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O Imaginário Virtual vem aqui ajudar a recompensar e compartilhar esse texto com o @steeveapp, Apoiamos conteúdos de qualidade como esse. Obrigado por ajudar a construir o mito do conhecimento na internet!

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Trouxe pelo Imaginário Virtual Introdução á Dialética da Libertação por Charlie777pt. Agradeço por deixar disponibilizar seu conhecimento. Retornarei o lucro líquido dos posts quando sair. Penso em disponibilizar aos poucos. Qualquer crítica, retificação ou sugestão pode ficar a vontade em me falar! Mais uma vez obrigado @charlie777pt!

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Olá Matheus, fico feliz por disponibilizar qualquer dos meus posts, esperando apenas como recompensa que seja lido por um máximo nr de pessoas.
Pensava como sempre prescindir das recompensas materiais, mas desta vez vou sugerir que aceito metade da liquidez desses posts, para o caso de acumular algum SP serviria como prémio para delegação a usuários com pouco Steem durante 7 ou 15 dias dias por exemplo para posts que fossem eleitos por alta qualidade de conteúdo (só pt ou outras línguas) e que pode ser organizados pelo brasilians (pode ser por exemplo publicarem no Imaginário Virtual e/ou por votos da comunidade, ou outras ideias.
Caso concorde meu amigo metade tem que ir para o esforço glorioso do trabalho de publicar e promover O Imaginário.
Esta ideia ainda está bem baralhada, mas por favor sugira(m) novas ideias

Excelente texto @charlie777pt, poderíamos ficar horas e horas debatendo acerca deste assunto, pois o fascismo tem crescido de forma drástica em várias partes do mundo e isto é assustador, saber que um regime que causou a pior guerra da história está prestes a se levantar, mas não apenas com uma nação, mas em várias e talvez até mais cruel do que antes.
Em relação à questão levantada, se o existencialismo poderia "vencer" o fascismo, penso que não, pois o existencialismo é muito profundo, e hoje, inbfelizmente, poucos estão prontos, penso que a melhor arma seja e educação, mas não a educação excludente que temos hoje, mas uma educação crítico/reflexiva, pois desta forma talvez poderíamos, como dizia Kant: sair da menoridade, afinal precisamos parar de eleger líderes e tomar as rédeas de nossas vidas.
Parabéns pelo belo texto.

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Como fui educado até ao meio da minha adolescência vivendo numa sociedade fascista e colonialista até 1974, conheço bem os sinais exteriores da emergência desse buraco negro que estagna e suga a humanidade das pessoas, destruindo todos os laços de solidariedade e de melhor que há entre elas.
Na minha vida procurei incessantemente aprender todas as formas de sobrevivência a condições adversas de exercício do poder na sociedade e o existencialismo é apenas uma das ferramentas que nos ajuda a encontrar a nós próprios e descobrir os véus que nos escondem a realidade, para poder mudar o mundo.
Como refiro nesta série gostaria de deixar aqui, todas as ferramentas de defesa pessoal activa, como as outras filosofias de libertação como o auto conhecimento, o anarquismo e a descentralização no blockchain, que podem ser usadas contra sistemas políticos adversos, que utilizo e são hoje parte constituinte da minha praxis pessoal no Mundo, mas acredito que a arma mais eficaz e pacífica é a revolução da procura interior para apagar em nós o que o Mundo contaminou com falsos valores educacionais ou os traumas pessoais sofridos na infância e adolescência.
Como Foucault diria antes de estarmos preparados para lutar contra o fascismo, temos primeiro de descobrir e de eliminar todos os aspectos fascizantes que existem dentro de nós.

Mais um texto incrível @charlie777pt! Obrigado e me sinto honrado pela citação, que já tinha aprendido naquela resposta. O que você traz é muito parecido que alguns professores sobre o tempo atual. Acredito que e trago a eles para discussão que acredito estar relacionado entre outros fatores ao isolamento social, e o prazer/alienação da internet. Novas subjetividades que aprendem por imagens, e poucas palavras. Um vazio existencial que leva as paixões como traz do medo, angústia, solidão, que se torna insuportável sem a presença de uma tecnologia. Por isso acredito que conteúdos como os nossos na internet tem muita valia. Em busca de descentralizar a centralização descentralizada que vivemos. Por isso acredito que o existencialismo é dos melhores instrumentos para não cair nesse vazio existencial, e se apaixonar por Deus ou pelo Estado, ou pelo capital. Pensar inicialmente é desprazeroso, posteriormente torna-se um hábito de prazer. É difícil alcançar nesse neopositivismo extremo, e tido como desnecessário. Iria chamar de "amnésia" das gerações mais jovens, mas não é porque não se pode esquecer, o que nunca aprendeu. Fazer as gerações mais novas pensar, ter uma consciência crítica, aprender com passado, e contextualizar a realidade atual será um desafio, mas acredito que podemos estar em algum caminho quando leio posts como o seu, e tenho a oportunidade de conversar, refletir e trocar ideias e ideais. Espero que com sua experiência, conhecimento e capacidade de articulação continue a nós ensinar com seus posts! Grande abraço!

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Mais uma vez, muito obrigado por ser uma das vozes que mais me tem estimulado a continuar a escrever no Steemit, que seria um sonho caso houvessem mais leitores atentos.
Não haja dúvidas que a solidão é uma doença grave que nos encurta o tempo de vida e que leva á morte cada vez mais pacientes por ano, havendo atualmente vários programas de combate á solidão no UK e EUA.
Ernst Jünger foi um dos filósofos que mais me influenciou na vida, por me ter ensinado a metafísica da luta contra as figuras do poder, pela perspectiva do anarka (não do anarquista) e acima de tudo pela sua denúncia do Deus da Máquina que seria a maior praga dos nossos dias no seu ensaio que já li mais dez vezes(como todas as suas obras) , mas ainda tem muitos pontos obscuros, no seu livro que se chama O Trabalhador e que é uma das maiores definições da atualidade, com a sua metafísica do operário que tem interiorizado o fantasma do totalitarismo e da potencialidade da dominação já introjetada e irreversível da era tecnológica moderna.
Por outro lado Jünger é sempre o primeiro europeu que desde a sua juventude experimentou todas as drogas desde marijuana cristalizada pura aos 14 anos (em 1912 experimenta peyotle com uma feiticeira na América do Sul) e passou por todas as desentoxicações por si próprio mas nunca abandonou as experiências psicadélicas do LSD destilado puro até ao fim da vida , com o seu sempre amigo Albert Hoffman e muitas figuras da literatura da altura em sessões de troca de experiências , algumas das quais tenho em programa para vir a pôr nesta série.
Cada vez que o leio o Trabalhador e outro livros dele, encontro sempre novos fragmentos desses fantasmas, o que fala da grande logevidade da atualidade da sua escrita.
Este livro foi a maior antecipação escrita sobre a emergência do III Reich, na altura quando Junger ainda visitava Hitler na sua casa até que a aparição de Albert Spier (ideologo do nazismo que passa a frequentar as festas) o levou a afastar-se deles e perceber o futuro da Alemanha, e que ele consubstanciou totalmente no livro as Falésias de Mármore onde ele sabe que o nazismo vai eclodir.
Um dia espero escrever nesta série no Steemit, a fantástica história da sobrevivência psiquica de Junger em relação a Hitler, o livro que escreve que dá origem ao primeiro atentado contra Hitler, bem como o livro Eumesville onde se encontra metaforicamente a luta total contra a submissão do seu espírito ao nazismo.
Junger e poucos mais autores, que quando nos embrenhamos na sua leitura, parece que de repente desaparece o quarto e existem dinâmicas, movimento e forças á nossa volta, o que demonstra a sua grande capacidade para induzir processos catárticos na nossa existência e quando saímos á rua parecem haver forças de novas categorias na realidade á nossa volta, que nós desconhecíamos.
Cuidado pois parece haver pessoas que por desconhecimento pensam que ele é nazi, mas ele está em Paris para evitar que o Louvre seja saqueado ( a pedido direto de Hitler) e em Paris confraterniza com os seus grandes amigos Picasso e Jean Cocteau, que bem conheciam a sua faceta anarka e o sua ação anti-totalitarista.
O seu livro "O Trabalhador" é realmente a antecipação mais viva e atual da atual sociedade em que o monstro da Técnica que engoliu o Homem semo humanizar, que já é só uma qualidade abstrata a que se pode apenas chamar Trabalho ou Labor, em que os Titãs (Poder de Deuses do corporativismo atual - politicos e empresas são a mesma coisa) dominam a Terra.
Junger queria um quarta alternativa política á trilogia do capitalismo, comunismo e nazismo.
Vou parar por aqui senão vou escrever um post, pois estes valorosos comentários estimulam grandes respostas, que me servem como material para novas reflexões e escrita, para além do meu ponto de vista.
Uma boa introdução pelo próprio aos 102 anos de idade

Como sempre um diálogo recheado de aprendizado. Não conheço o Ernst Jünger, mas tenho muito prazer em aprender novas perspectivas de ver o mundo dos humanos. Vou ver se encontro esse livro, o vídeo é muito bom. O uso de substâncias que interagem com a consciência vem finalmente ganhando mais espaço na medicina, e acredito que pode ser um caminho interessante. No Brasil estuda-se muito com esse efeito que traz, o chá de ayahuasca. Seria bom discutir mais sobre essas interações com a articulação da psicanálise, em como essa experiência psicodélica faria o significante primordial nos deixar de marcar com a insignia da pulsão de morte. Será pela expulsão sensorial das energias sem significados? Estarei aguardando você trazê-lo com suas articulações! Grande Abraço!

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Grande amigo Mattheus, estou a aproximar-me das terapias da auto-libertação, onde irei referir muitas vezes as várias terapêuticas alternativas que foram experimentadas utilizando LSD, psilocibina ou mescalina para ajuda na relação dos indivíduos consigo próprio, para solucionar problemas de insegurança ontológica mais , como um facilitador sob a supervisão do terapeuta.
O chá do Santo Dime é um grande culto e uma instituição no Brasil, mas que já se tornou um pouco uma mercadoria que publicita o que não faz, mais reservada ás classes e artistas neo-ricos que adquirem mais um produto para promover nos seus encontros sociais.
A minha experiência ensinou-me um pouco como a Hoffman e Jünger, que estas drogas não deviam ser um fenómeno de massas á procura de divertimento, mas no fundo serem usadas por quem está preparado para se poder enfrentrar a si próprio, com uma grande capacidade analitica.
Elas são muito perigosas em certas pessoas, que por exemplo tenham depressivos ou esquizofrénicos na sua linha genética, ter sofrido depresssão ou surtos esquizofrénicos, entre outros.
Tive a sorte de ter alguns professores e mestres antigos, que trabalharam neste campo no famoso Hospital psiquiátrico Júlio de Matos, e que me transmitiram muitas conclusões importantes sob a utilização das drogas psicadélicas em pessoas com segurança ontológica diminuída.
Mas após o terminus da minha grupanálise, algumas das lacunas sobre a sensação de mais algumas barreiras do meu auto-conhecimento, foram preenchidas com LSD e Erva, mas na perspetiva de revelar e iluminar o meu interior, incluindo a visão da ligação com os outros e com os meus arquétipos de pensamento que apenas tinha vislumbrado através de Carl Jung.
Mas as drogas que pareciam abrir novas chaves para a liberdade do Homem, num tempo em as pessoas estavam mais envolvidas numa revolta efetiva, como forma de destruir a contigência moral e social duma sociedade retrógrada, e que hoje ainda marca o pensamento sobre intervenções terapêuticas como uma "Guerra contra os drogados" pois em muitos também se desenvolve uma hiper-consciência dos constragimentos sociais á liberdade de comportamento.
Não de trata de curar mas sim de mover uma batalha contra as pessoas, com orçamentos de milhões para enriquecer os laborátórios, e anular qualquer tipo de pensamento revolucionário.
Atualmente vejo os laboratórios multinacionais a desenvolver propaganda, acusando as drogas psicadélicas de gerarem a maior peste epidémica da saúde mental , para esconder a terrível praga da akatísia, que foi gerada pelas droga institucionais autorizadas que se verificaram ser muito mais perigosas que as drogas de rua.
Muito dos meus amigos que deixaram os seus filhos tomar Ritalina durante vários anos, agora estão a pagar a quem as receitou, para eliminar os efeitos da sua retirada durante o mesmo número de anos.
Irónico e hipócrita..!!!!!
Obrigado. E venham sempre mais comentários....!

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