As formas de mudança - Parte 1 - Conceitos e teorias

in #psychology6 years ago

Realidade social: violência, poder e mudança
As formas de mudança - Parte 1 - Conceitos e teorias


"Nós mudamos o mundo pela nossa própria mudaça" - charlie777pt

Introdução


Neste post, a parte 1 é sobre as formas de mudança e iremos perceber os conceitos e as teorias das atitudes, e na parte dois no próximo post, vamos compreender os processos que acontecem na transformação social e individual.
A Mudança tem duas formas principais, uma da transformação individual das atitudes e várias formas de mudança social.
Atitudes são "...como os pensamentos sentimentos e comportamentos do indivíduo são influenciados pela presença real, imaginada ou implícita dos outros" - definição de Psicologia Social como um todo por G. W. Allport
Antes de esclarecer o conceito de Mudança, vamos aprender os seus vários tipos, começando com a conceptaulização de Katz que em 1974, dividiu as transformações nas pessoas e na sociedade como:
  • Individual - As mudanças no sujeito psicológico.
  • Progressivo - Mudanças graduais numa estrutura social.
  • Radical - Rearranjo dos elementos do sistema social.
  • Cultural - Mudança das crenças e construtos da sociedade.
A personalidade são os padrões estáveis ​​de pensamentos, sentimentos e ações de um indivíduo, que pela interacção, sofrem um processo de influência que é inerente ao funcionamento dos grupos.
As atitudes e reacções humanas envolvem a compreensão, análise, planeamento, tomadas de decisão, que é variável em cada personalidade, sendo preciso ter em conta as diferenças individuais na capacidade de compreensão dos factores causais subjacentes ou determinantes de sentimentos, atitudes e comportamentos.

As nossas atitudes estão expostas a formas de influência social, revelada no processo de interação em grupos funcionais, um processo que resulta na mudança dessas atitudes e consequentemente de comportamentos de uma pessoa pelo efeito da pressão dos outros.

"Nada pode impedir o homem com a atitude mental correta de atingir seu objetivo; nada na terra pode ajudar o homem com a atitude mental errada". - Thomas Jefferson

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1- Mudança de Atitude

1.1 - Os conceitos


É muito difícil definir o conceito de atitude porque é um constructo sócio-psicológico intrapsíquico não observável, mas vamos começar por defini-lo como modos de ser baseado na aprendizagem, como uma forma de organização e compreensão de nossa experiência.
Temos uma predisposição para agir em relação a objetos, pessoas e situações, que impulsionam os nossos comportamentos e permitem sua avaliação.

Allport identificou as 3 principais dimensões das atitudes:

  • O Sujeito Cognitivo, que faz as avaliações das situações sociais por inferências e respostas comportamentais baseadas nos atributos perceptuais de um objeto, pessoa ou evento, por suas atitudes que são únicas como experiências que são moldadas por sua visão lógica e racional da realidade.
  • O Sujeito Afetivo, lidando com nossas atrações (+) ou repulsões (-) em relação a um estímulo de objeto psicológico que influencia a atitude baseada em nossos desejos, medos, frustrações e conflitos que determinam a maneira como nos comportamos a um evento.
  • O Conativo (a que eu chamo de Sujeito Social) que é o resultado de estimativas e correlações afetivas e cognitivas que criam uma pré-disposição intencional para se comportar de uma certa maneira.
Uma Atitude é uma predisposição que influencia a pessoa a perceber, sentir, estimar e agir, pré-condicionada por experiências semelhantes com objetos ou situações.

1.2 - Características


Uma Atitude é uma experiência construída como um modelo psicológico preestabelecido, estruturado com aprendizagem baseada em nexos e valores sociais e a dinâmica de nossas crenças, utilizada como sistema referencial de experiência individual.
As Atitudes têm a qualidade da estabilidade nas nossas vidas, definindo uma estrutura dos nossos valores permanentes sobre pessoas e objetos em situações como por exemplo o país de origem, os preconceitos raciais e as visões políticas.

As Atitudes têm a propriedade de consistência para expressar uma ligação racional e coerente entre o que somos e o que fazemos.
Uma atitude negativa gera na pessoa um mau autoconceito, baixa auto-estima e auto-imagem e uma positiva aumenta a força e consintência da nossa personalidade

Segundo Argyle, o auto-conceito, consiste de duas partes, a auto-imagem, a forma como a pessoa se vê a si própria e a auto-estima, o valor que a pessoa atribui a si própria.
A auto-estima é um julgamento pessoal da valoração que é expressa nas atitudes que o indivíduo toma sobre ele próprio.
A imagem do corpo embora seja um factor de ordem diferente é; também uma parte importante da auto-imagem, pois é provavelmente a primeira parte da auto-imagem formada em criança, bem como o desenvolviment motor se encontra correlacionado com a auto-estima.

"É a nossa atitude no início de uma tarefa difícil que, mais do que qualquer outra coisa, afetará seu resultado bem-sucedido". - William James

1.3 - Teorias da Mudança de Atitude


Vamos mencionar três das várias teorias de mudança de atitude, duas saõ sobre o equilíbrio e dissonância cognitiva e uma terceira sobre a previsibilidade comportamental.

1.3.1 - Equilíbrio


A abordagem cognitiva estuda a interação equilibrada de pensamentos e sentimentos ou emoções como blocos organizados de percepção de objetos e pessoas como um referencial de relações positivas que geram o equilíbrio.
Este equilíbrio é baseado em três elementos, a pessoa afetivamente (negativa ou positiva) conectada a outra pessoa e a um objeto que pode criar harmonia ou desequilíbrio.

1.3.2 - Dissonância


Como a teoria do equilíbrio, esta concetualização é baseada na coerência cognitiva e na consonância.
Essa teoria enfatiza a dissonância entre dois elementos cognitivos que são mutuamente exclusivos por lógica ou oposição.
Quando temos muita informação e sabemos que é mau consumir muito açúcar, mas o continuamos a fazê-lo, isso cria uma grande dissonância com o conhecimento que temos sobre as consequências dessa substância para a nossa saúde.

A dissonância revela-se em:

  • Falta de lógica - a informação que temos é incoerente com nossas ações (parar de comer açúcar)
  • Um papel duplo - a tensão resultante da dissonância entre ser e agir, como trabalhar e ter tempo para nossos filhos.
  • Mudança Ambiental - quando mudamos nosso ambiente, nossas atitudes são incongruentes com essa situação.
  • Fatores Situacionais - Situações que desencadeiam atitudes contra nossas opiniões.
    Ser um ativista ambiental criará problemas internos se for trabalhar para uma empresa de petróleo.
  • Incompatibilidade de atitudes - Situações que exigem novas atitudes contra os valores permanentes de uma pessoa, como mudar para uma classe alta e contiuar a vestir-se da maneira antiga.

1.3.3 - Funcionalismo


As teorias do funcionalismo têm duas abordagens diferentes, uma sobre atitudes como funções e outra que estuda as relações entre Atitudes e Comportamentos.

1.3.3.1 - Atitudes como Funções


A visão científica das atitudes como funções é baseada nas necessidades cognitivas, afetivas e sociais.

1.3.3.2 - Relações Atitude / Comportamento


Esta visão tem um problema fundamental porque as atitudes são internas, não observáveis ​​e não mensuráveis, ao contrário dos comportamentos pode ser vistos e medidos.
Essas teorias põe o seu foco na identificação de atitudes para fazer uma predição de comportamentos, usados ​​na política com base na relação entre uma atitude positiva em relação a um candidato e intenções de voto.

De um lado, as atitudes podem predizer comportamentos, como se fumar erva, é esperado que apoie a legalização e a aderência aos movimentos de despenalização.
Por outro lado, algumas abordagens estudam a relação entre reforço ou enfraquecimento do binómio Atitude / Comportamento e encontram os fatores da sua coerência, analisando as intenções dos indivíduos como preditores das suas condutas.

As intenções são baseadas nas relações entre atitudes, a pressão de crenças normativas e um sentimento de conformidade.
As Atitudes têm propriedades orientadoras para as nossas intenções como por exemplo se uma pessoas odeia o activismo, nunca irá às suas manifestações.

"A fraqueza de atitude torna-se em fraqueza de caráter". Albert Einstein
Paramos aqui, a parte 1 deste post, sobre a conceitualização de Atitudes para voltar às formas de mudança e na parte 2 analisar os processos de Mudança.

Leituras:
Atitude – Wikipédia, a enciclopédia livre
Comportamento – Wikipédia, a enciclopédia livre

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Referências consultadas:

Les concepts fondamentaux de la psychologie sociale - Gustave-Nicolas Fischer
La psychologie sociale - Gustave-Nicolas Fischer
A dinâmica social-violência, poder, mudança - Gustave-Nicolas Fischer , Planeta/ISPA, 1980
Gustave-Nicolas Fischer é Professor de Psicologia e Diretor do Laboratório de psicologia na Universidade de Metz.
Raven, B. H. e ; Rubin, J. Z. (1976). Social psychology: People in groups
French, J. R. P., e ; Raven, B. H. (1959). The bases of social Power. In D. Cartwright (Ed.),Studies in social Power. Ann Arbor, MI: Institute of Social Research
Castel, R. As metamorfoses da questão social. Vozes, 1998.
Moscovici, S. (1976).Social influence and social change. London: Academic Press.
Michel Foucault, Discipline and Punish: The Birth of the Prison
Festinger, L. (1954). A theory of social comparison processes.
Dahl, R.A. (1957). The Concept of Power
Giddens, Anthony, Capitalism and Modern Social Theory: An Analysis of the Writings of Marx, Durkheim and Max Weber, 1971.
Grabb, Edward G., Theories of Social Inequality: Classical and Contemporary Perspectives,1990.
Weber, Max, Economy and Society: An Outline of Interpretive Sociology, 1968.
Lewin, K. (1948) ‘Action Research and Minority Problems’, in G.W. Lewin (ed.), Researching Social Conflicts , New York: Harper and Row
Parsons, T. (1966). Societies: Evolutionary and comparative perspectives.
Levy, A. (1986) Second-order planned change: Definition and conceptualization, Organisational Dynamics
Watzlawick, P., Weakland, J.H., Fisch, R. (1974) Change: Principles of Problem Formation and Problem Resolution. New York, Norton.

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Saudações, charlie777

Aproveitando sua excelente escrita, penso que, para mudarmos o mundo , devemos mudar á nós mesmos. O idealismo da juventude, de mais ou menos 15 anos aos 20 e poucos começa á se transformar em certo conformismo quando a pessoa começa á entrar no mercado de trabalho e vê que seu idealismo realmente é um ideal. É muito complicado querermos mudar um sistema se quem comanda esse sistema possui diferenças grandes de pensamento em relação á nós.

O que proponho, é que a pessoa pare de reclamar das coisas que não dão certo e trabalhe a si própria para começar á enfrentar os desafios que vão surgindo em sua vida adulta.

Muito obrigado pelo tópico e boa tarde!

Os portões dos palácios da centralização estão fechados a todos os jovens porque eles foram ensinados a ser consumistas e conformistas mas eles são as principais vítimas desta situação e precisam se unir.
Mas hoje é muito difícil criar movimentos que o sistema não consiga desbaratar.
Mas os novos reinos da descentralização e do blockchain são portas abertas para os jovens excluídos da oligarquia capitalista.
Já ajudei alguns jovens que hoje vivem á volta da economia descentralizada e das criptomoedas.
Não vou esquecer aqui também os que também tem mais de 45 anos, que foram "cavalos de corrida" do sistema que hoje só lhes oferece desemprego e os enviam para o matadouro porque já não podem participar na corrida do capitalismo desenfreado.
O sistema centralizado apenas serve para alimento das sanguessugas do estado e do capitalismo governado pelas multinacionais.
Assim que acabar a minha serie de atigos da realidade social irei falar sobre a oligarquia capitalista Black Rock e Daniel Fink um dos novos dominadores e controladores perigosos do futuro pois ele é maior que todas as multinacionais juntas (porque é dono delas todas) e é conselheiro de todos os governos imperialistas que o ouvem como um guru e é um prenúncio do proximo capitalismo ainda mais hierárquico e centralizado, roubando o resto dos direitos humanos e da já pouca liberdade existente.

you are right man...

nice post ^^

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None of the above can be answered, there is no relation with any person, but if they are not influenced by people of any age, their children will have to be shared among their children.
I think all things will be possible....Thank you sir...

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