Psicologizando... | A Crise Pós-Natal e suas Disfunções Psicológicas - Leitura BibliográficasteemCreated with Sketch.

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As Crises Psicológicas e o Desenvolvimento da Personalidade
1ª - A Crise Pós-Natal
Transformação e separação do período embrionário
(Padrão Fixo de Análise da Contingência à Própria Iniciativa, por Maria Rita Leal, a discutir brevemente)

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unsplash

Vygotsky refere que o desenvolvimento psicológico da criança começa com o nascimento e a idade crítica inicia-se logo depois do parto em que o bebé se separa fisicamente da mãe.

As primeiras reações sociais manifestam-se nos balbucios e por gestos expressivos de prazer e de surpresa e o bebé começa a experimentar o mundo de forma mais lúdica e foca-se fixamente no olhar do outro.

O sorriso é uma reação social e o bebé com dois meses sorri ao ouvir a voz humana e move-se em direção ao sujeito que fala com ele, assim como presta atenção à sua voz e fica contrariado quando se afasta dele.

Aos três meses emite diversos sons quando se aproxima do outro, sorri e manifesta-se disponível à comunicação.

“As suas vocalizações provocam ecos no ambiente, resultando na repetição dos sons por parte dos pais. (...) Isto resulta num aumento da experiência: o bebé torna-se consciente do produto da sua atividade.” (Leal, 2010)

Leal refere que, na relação de convívio entre o adulto e o bebé, começa a vislumbrar-se uma sucessão de interações com ritmos espontâneos.

Esta relação inicial possibilita ao bebé representar as relações de causalidade entre os seus atos e as respostas do ambiente - os atos do bebé provocam respostas num Outro.

Por volta dos cinco meses, o bebé já consegue dominar o seu próprio corpo, a postura e os movimentos, levando-o a buscar mais contactos com outros humanos.

No segundo semestre sente necessidades específicas de se comunicar e o interesse pelo ser humano deve-se ao facto de reconhecer que todas as suas necessidades podem ser satisfeitas pelo outro adulto.

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pexels

Para Leal, os gestos, os sons, as ações representam um conteúdo emocional expressivo, são estruturados na primeira e segunda unidades funcionais cerebrais e assumem a estabilidade percetiva da criança, passando a ser utilizados como instrumentos verbais.

Este momento caracteriza-se pela atividade intelectual da criança e faz parte das suas primeiras invenções e movimentos racionais.

Este período é essencial para a construção do EU como sujeito psicológico: o bebé separou-se recentemente de forma física da sua mãe, está a conhecer o seu próprio corpo e ainda não tem a certeza de que é ele que inicia os seus os movimentos e as respostas do Outro.


Disfunções Psicológicas da Crise Pós-Natal
(Psicopatia Autística, por Joaquim Quintino-Aires na sua teoria da Psicopatologia Sócio-Histórica, a discutir brevemente)

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unsplash

Leal refere que as dificuldades nas relações com os cuidadores propiciam disfunções de comportamento do tipo confusional, revelados nas perturbações de comunicação com o mundo exterior e com a vida em geral, e desencadeiam comportamentos estranhos, estereotipados, repetitivos, conduzidos pela dificuldade na construção de um EU psicológico.

As disfunções de tipo confusional estão posicionadas no Manual de Doenças Mentais (DSM-IV-TR, 2002) como Transtornos Autistas, em crianças, e Esquizofrenia e outros Transtornos Psicóticos, em adultos.

Estes transtornos são compreendidos na Psicologia Sócio-Histórica como dificuldades no pensamento e na comunicação do sujeito com o mundo exterior.

Estas disfunções serão superadas nas novas crises à medida que o sujeito esteja em relação com um Outro (psicoterapeuta) atento às suas iniciativas, que as nomeie, as expresse novamente e possibilite a transformação das representações mentais e promova a construção da noção do EU como um sujeito psicológico ativo que tenha a capacidade de perceber que as suas iniciativas desencadeiam respostas no outro da relação confiável.


Fundamentos da Neuropsicologia Clínica Sócio-Histórica

Leitura Bibliográfica

Um ótimo livro para quem tem interesse na Neuropsicologia Clínica e/ou está a iniciar-se na Psicologia Sócio-Histórica, Fundamentos da Neuropsicologia Clínica Sócio-Histórica, do Instituto de Psicologia Aplicada e Formação Lev Vygotsky, Brasil, traz-nos o desenvolvimento das Funções Nervosas Superiores, a sua organização e principais unidades funcionais, as Crises Psicológicas descritas por Vygotsky, e a constituição de cada Função Nervosa Superior em particular.


Referência: Marangoni, S. & Ramiro, V. C. (2012). Fundamentos da Neuropsicologia Clínica Sócio-Histórica. Ed: IPAF Lev Vygotsky Brazil (São Paulo).

Fiquem atentos aos próximos artigos!

Podem também consultar os restantes artigos da série "Psicologizando...":
Neuropsicologia - Como melhorar a nossa atividade mental Parte I | Parte II
A Importância do Brincar Parte I | Parte II
A Psicologia Clínica e o Trabalho com Crianças Parte I | Parte II
O Papel da Fala – Leitura Bibliográfica Parte I | Parte II | Parte III | Parte IV
Fundamentos da Neuropsicologia – Leitura Bibliográfica Parte I | Parte II | As Crises Psicológicas - Parte I Introdução

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