Psicologizando… | O Papel da Fala – Leitura Bibliográfica (IV)

Nesta série de artigos, estou a analisar o livro de Alexander Luria The Role of Speech in the Regulation of Normal and Abnormal Behaviour (O Papel da Fala na Regulação do Comportamento Normal e Anormal), publicado em 1961.

Capítulo I - O Papel da Fala na Formação de Processos Mentais, Quarta Parte

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A formação dos processos mentais nos quais a fala tem um papel importante causa mudanças marcadas nos padrões comportamentais da criança e tem um efeito substancial na dinâmica dos processos nervosos.

Pavlov declarou que a fala introduz “um novo princípio na atividade nervosa: o de abstrair e generalizar inúmeros sinais que vêm do ambiente externo.”

O facto de que qualquer processo de introdução de novas conexões usar outras conexões baseadas na fala como processos intermediários – ou, na terminologia de Pavlov, sistemas de segunda sinalização – tem um papel decisivo.

Aqui estão as ligações que estão incorporadas na atividade de orientação do homem, que abstraem e sistematizam os sinais que agem sobre o organismo, e que inibem as suas reações impulsivas.

A experiência previamente sistematizada tem um papel vital no desenvolvimento de novas ligações e toda a dinâmica dos processos nervosos superiores do homem adquire novas características especificamente humanas.

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O processo de combinar novas ligações difere em crianças dos dois a três anos e dos cinco a seis anos; nos estágios iniciais de desenvolvimento, os processos nervosos da criança são caracteristicamente gerais e difusos; e quando a fala da criança está a iniciar o seu desenvolvimento, não é ainda ativamente incorporada no processo de formação de novas ligações neuronais.

Portanto, numa criança pequena, o processo de desenvolvimento de um sistema de conexões adquire as características da atividade nervosa superior em atos que ocorrem primeiro sem generalização, portanto confusos, depois com uma especialização cada vez mais gradual.

Este processo necessita de reforço contínuo, desaparece quando o reforço é eliminado, e apenas gradualmente atinge o nível requerido de diferenciação e estabilidade.

Apenas aos três anos e meio a quatro, a formação de novas ligações torna-se gradualmente incorporada na fala da criança; em primeiro, este processo é feito sob a forma de perguntas aos adultos; depois torna-se um sistema independente de afirmações verbais que formam uma certa regra.

Aos quatro anos e meio a cinco, o processo de desenvolvimento de novas ligações adquire as características de uma atividade consciente sistemática pelo intermédio da fala.

Uma das tarefas básicas da psicologia que Luria refere deve ser fazer um estudo detalhado das alterações qualitativas na atividade nervosa superior da criança desde o momento em que a fala começa a afetar o seu comportamento, e deve igualmente efetuar uma análise minuciosa dos principais estágios de desenvolvimento do papel regulador da fala.

Luria irá então abordar este desenvolvimento do papel regulador da fala nos próximos capítulos.

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Fiquem atentos aos próximos artigos!
Podem também consultar os restantes artigos da série "Psicologizando...":
Neuropsicologia - Como melhorar a nossa atividade mental Parte I | Parte II
A Importância do Brincar Parte I | Parte II
A Psicologia Clínica e o Trabalho com Crianças Parte I | Parte II
O Papel da Fala – Leitura Bibliográfica Parte I | Parte II | Parte III

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