Psicologizando... - A Importância do Brincar (I)steemCreated with Sketch.

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Maria Rita Mendes Leal é Psicoterapeuta, Psicanalista, Educadora de Infância, Investigadora na Área das Ciências Sociais e muito mais. Nasceu em Roma em 1921 e, dentro das suas muitas conquistas, foi responsável por prestar atenção ao MODO COMO A CRIANÇA BRINCA.

No seu livro Finding the Other, Finding the Self (Encontrar o Outro, Encontrar o Self), Leal apresenta-nos uma série de investigações no Brincar Infantil.

Sempre que ia a entrevistas familiares, levava a sua caixa com brinquedos e deixava que as crianças mexessem nela de forma livre.

A dado ponto, Maria Rita reparava que a criança ao brincar iniciava sequências repetitivas de "dentro-fora-dentro". Estes movimentos e gestos poderiam ser entendidos como mecanismos primitivos de relação, expressos de forma projetiva no Brincar.

Uma criança faz uso de gestos e sons, e move coisas para transmitir algum significado a um adulto atento. O adulto terá que manter uma comunicação não-verbal e terá que estar atento à resposta do "Outro".


A Procura Compulsiva de um Outro

Nos primeiros dias de vida do bebé, a atenção converge facilmente para a sua mãe, para a boca e geralmente para a face humana. O bebé atento sincroniza o padrão de movimento do seu corpo ao discurso do adulto. Com um mês de idade, o bebé imita os movimentos faciais expressivos do adulto, especialmente os movimentos da boca.

As trocas entre a mãe e o bebé começam a ser regulares no período dos dois meses e consistem numa repetição mútua de gestos expressivos e ações. A imitação da mãe de qualquer expressão espontânea do bebé inicia o par neste tipo de relação mútua.

A mutualidade surge na troca de sequências dentro de um jogo prazeroso. Quando se estabelece esta mutualidade enquanto um jogo, é o adulto que depois espera pelas emissões espontâneas do bebé de qualquer ato sequencial, que depois o adulto irá imitar.

Bebé => Adulto => Bebé => Adulto

Quando isso acontece, não só os atos do bebé são confirmados, mas é como se a simples existência do bebé se tornasse real.

Quando a resposta do outro é captada e uma nova mensagem é emitida, estrutura-se uma contingência de mensagens "dentro-fora-dentro" que se transformam em expressões partilhadas que são descobertas e usadas como sendo nossas.

O Outro é implicitamente colocado como coautor, ou seja, um agente e um recetor da minha experiência. Se uma mensagem é emitida por um organismo para ser recebida por um possível companheiro de relação, surge uma pausa em que a espera é confirmada ou não. Esta pausa é uma parte importante da comunicação.

Bebé... pausa - Adulto... pausa - Bebé... pausa => Comunicação

A procura de um Outro que responda com um rol de mensagens "dentro-fora-dentro", após a espera de uma resposta do ambiente, é vista como o mecanismo básico de integração emocional e de desenvolvimento da personalidade.

Dificuldades no estabelecimento destes ritmos de comunicação com Outros importantes poderão ser responsáveis por perturbações no funcionamento da personalidade.

Referência: Leal, M. R. M. (2005). Finding the Other Finding the Self. Ed: IPAF, São Paulo (Brasil).


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Podem ler mais aqui! Todo o conteúdo é produto da minha própria escrita ou da interpretação que faço de artigos científicos e livros. Estejam à vontade para partilhar desde que citem o meu nome!

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