Críticas e/ou Resenhas Anteriores	Autoria(s) do Post
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Em 1962, Tony Lip (Viggo Mortensen), um dos maiores fanfarrões de Nova York, precisa de trabalho após sua discoteca, o Copacabana, fechar para reformas. Ele é contratado por Dr. Don Shirley (Mahershala Ali), um famoso pianista, para a função de motorista durante uma turnê em direção ao Sul dos EUA.

Hoje abordaremos um filme que vem causando polêmicas por suas indicações à edição de 2019 do Oscar. A produção pode estar agradando alguns, porém também está causando revolta e indignação em outros. Parte das críticas dizem respeito ao próprio diretor e um dos roteiristas, Peter Farrelly. Além disso, há as críticas sobre a forma como a narrativa é abordada, através de seus personagens e diálogos. Por mais que não será nosso objetivo nos debruçarmos sobre todas essas críticas, seria problemático desconsiderá-las por completo. Por isso indicaremos uma lista de artigos que abordam essas temáticas em relação ao filme e ao diretor, para contribuir com a sua reflexão sobre o filme.

A título de curiosidade, na crítica de Renato Marafon, publicada recentemente, há uma descrição sobre a criação do livro que intitula a produção de Farrelly. Marafon diz que

"...o carteiro dos serviços postais Victor Hugo Green criou o chamado Green Book (Livro Verde), que trazia uma lista de restaurantes e hotéis que aceitavam afro-americanos."

Com seu irmão Bobby Farrelly, Peter Farrelly havia dirigido diversas comédias românticas e filmes sem tanto destaque entre os membros da academia, como Debi e Lóide 1 e 2, Ligado em Você, Quem Vai Ficar com Mary?, entre outros. Sem seu irmão, Peter dirigiu Green Book e pela primeira vez, recebeu indicações e participou do circuito dos grandes festivais e premiações de cinema.
Situação essa que se repete na indicação de Roteiro Original, em que temos os roteiristas Peter Farrelly, Brian Currie, conhecido por escrever Armageddon e Nick Vallelonga, em quem baseia-se o personagem protagonista Tony Lip.

A narrativa do filme é centrada em dois personagens. Ainda assim, tem seu início e fim na presença de Tony Lip, interpretado por Viggo Mortensen (indicado a melhor Ator, além de duas indicações anteriores na mesma categoria, em 2017 por Capitão Fantástico e em 2008 por Senhores do Crime). Em poucos minutos de filme, já somos apresentados ao pianista Dr. Don Shirley, interpretado por Mahershala Ali (indicado a melhor Ator Coadjuvante e vencedor da mesma indicação em 2017 por sua performance em Moonlight).

Shirley é um aclamado pianista que, no ápice de sua carreira, têm muitos discos vendidos, habita em um apartamento acima do Carnegie Hall e tem sua música bastante reverenciada pela elite das cidades pelas quais viaja. Apesar de ter tido uma formação clássica, o formato de produção musical dado a artistas negros o impeliu a se tornar um artista de outro estilo musical, algo que, de acordo com a narrativa, não diminuiu o brilho nem o sucesso de suas apresentações. Como bem o apresentam, sua performance é característica de um virtuoso.

Com um premissa simples e, aparentemente, sem grandes pretensões, os dois personagens protagonistas desenvolvem diálogos enquanto viajam em direção ao sul dos Estados Unidos para a turnê do pianista Dr. Shirley. Essa premissa usual e seus diálogos rotineiros, escondem complexas relações sociais entre pessoas afrodescendentes e caucasianos. Essa simplicidade na história tem sido um dos aspectos fortemente abordado por críticos do filme.

O ponto que vemos através desse filme (e das polêmicas que o cercam) é que ainda há muitos temas que devem ser debatidos para, quem sabe, num futuro avançarmos. Principalmente a temas como quem deve ter mais espaço para dirigir determinadas narrativas, como exemplo esta que é contada em Green Book? Devemos aceitar que hoje a vida está um pouco melhor do que era na década de 1960, temporalidade que passa o filme Green Book? Ou, ao assistirmos filmes como esses, devemos refletir sobre os assuntos abordados, elogiar, caso consideremos algo a ser elogiado, bem como desenvolvermos críticas sobre as limitações de cada produção cinematográfica, literária ou seja ela qual for.

Com isso, consideramos o filme, como produção cinematográfica, de boa qualidade, porém, no que toca a construção de personagens e narrativa, elementar. Com personagens que poderiam ser mais problematizados, aprofundados em suas angústias, conformidades, tormentos e senso comum. Ainda assim, as performances de Viggo Mortensen e de Mahershala Ali, indicados ao Oscar, são de excelente qualidade. A química dos personagens realmente funciona e convence quem está assistindo.

Críticas e Controvérsias sobre Green Book: O Guia