#FILMOTECA# - "Zimna Wojna" | "Guerra Fria" (2018)

Sinopse Durante a Guerra Fria entre a Polônia stalinista e a Paris boêmia dos anos 50, um músico amante da liberdade (Wiktor) e uma jovem cantora (Zula) com histórias e temperamentos completamente diferentes vivem um amor impossível.

Amores complicados já foram (e ainda são... às vezes de forma até recorrente) retratos nas telas do cinema incontáveis vezes. Porém, tendo como plano de fundo cenários de guerra e personagens essencialmente complexos, esbarra em uma certa escassez nesse aspecto. Guerra Fria é uma tentativa muito bonita e emocionante da Polônia em resgatar essa temática erroneamente quase sempre tão romantizada.

Fonte: Divulgação (News Week)

Em uma realidade comum aos dois, Wiktor e Zula são duas pessoas com personalidades muito distintas que se apaixonam em uma época extremamente complicada. Muitas coisas estão em jogo, principalmente suas essências que pendem para as temáticas sociais (criando uma forte ebulição política). Apesar de se amarem, eles não se entendem nesse ponto e isso faz com que a relação deles se torne mais complicada do que, naturalmente (considerando o contexto histórico), deveria ser.

Joanna Kulig e Tomasz Kot formam uma dupla que mistura química, explosão e sensibilidade na tela. Com excelentes atuações, seus personagens são criados com uma base muito sólida fazendo com que o elo entre eles seja algo muito forte e crível de ser assistido. No entanto, apesar do restante do elenco também ser bom, há uma disparidade na importância deles para com a narrativa. Infelizmente, alguns personagens ficam um tanto quanto inertes na história e isso faz com que, às vezes, o filme perca um pouco o seu foco original.

Fonte: Divulgação (Festival do Rio)

O roteiro tem uma presença marcante e há muitos trabalhos pontuais que criam ótimas pontes para que o desenvolvimento do mesmo aconteça de forma gradual, quero dizer, sem ter que criar algum evento forçadamente estrondoso para que isso seja mostrado na tela. Com camadas bem distribuídas e repletas de belas paisagens (vale mencionar aqui o trabalho da equipe de fotografia... que é simplesmente fenomenal em cada take), consegue ser consistente na maior parte do tempo.

Trazendo nuances de importâncias diversas (tendo como alvo central o relacionamento turbulento do casal protagonista), a trama oferece ao público uma imersão adequada e competente em um período histórico tão conhecido e tão conturbado. No entanto, procura sempre fazer isso com um outro olhar mais humano e cheio de momentos ternos que pegam até o espectador desprevenido de suas emoções e que através de uma filmagem completamente em preto e branco, torna tudo ainda mais pessoal e intimista.

Fonte: Divulgação (The Krakow Post)

Dirigido por Pawel Pawlikowski, a qualidade do filme é praticamente auto explicativa em virtude de sua condução bem assertiva (ou seja, créditos para o excelente trabalho do diretor). Há um pulso firme em retratar o romantismo em meio à guerra de uma forma mais realista (embora às vezes tudo seja um pouco apressado, mas sem perder a qualidade), mostrando que mesmo quando duas pessoas estão destinadas a ficarem juntas... Isso nem sempre possa acontecer da maneira que elas desejam ou imaginam.

Por fim - mas não menos importante - a trilha sonora desse filme... Que coisa caprichada (composições lindas e uma harmonia de causar arrepios)! Assim como a produção, de maneira geral, esse longa polonês tem um requinte primoroso (e inclui-se aqui o resultado das edições de cenas, que parece "cortar" o filme exatamente nos momentos milimétricamente mais precisos) e é visualmente lindo de ser visto (nesse ponto, o filme é um verdadeiro show à parte).

Fonte: Divulgação (Interia Film)

Indicado a 3 Oscars em 2019, Guerra Fria é uma história de amor quase não convencional, mas que ao mesmo tempo, tem muita coisa baseada no cotidiano natural... Só que as proporções são devidamente aumentadas diante de acontecimentos trágicos que servem de alicerce para que a narrativa seja construída e desenvolvida de uma maneira sensivelmente mais robusta e mais desafiadora, resultando em algo diferente do que os filmes do gênero costumam entregar ao público.