#FILMOTECA# - "The Favourite" | "A Favorita" (2018)

in #filmoteca6 years ago (edited)

Fonte: Divulgação (Indie Movies)

Sinopse: Na Inglaterra do século XVIII, Sarah Churchill, a Duquesa de Marlborough exerce sua influência na corte como confidente, conselheira e amante secreta da Rainha Ana. Seu posto privilegiado, no entanto, é ameaçado pela chegada de Abigail, nova criada que logo se torna a queridinha da majestade e agarra com unhas e dentes à oportunidade única.

Yorgos Lanthimos é um diretor que precisa ser conhecido (e reconhecido!) o mais breve possível. Embora tenha começado a sua trajetória no cinema com Dentes Caninos (considerado como "muito indigesto" por muitas pessoas), sua obra conseguiu chegar aos olhos do público de uma maneira consistente com O Lagosta e depois com O Sacrifício do Cervo Sagrado. No entanto, é com o excêntrico e estranhamente cômico A Favorita que ele parece ter ganho de vez um espaço cativo na indústria.

Fonte: Divulgação (Empire)

O filme pode ser descrito como um irreverente retrato sobre os perfis totalmente distintos envolvendo três mulheres em escalas hierárquicas sociais e culturalmente diferenciadas. Porém, acabam descobrindo que mesmo com tantos aspectos singulares que as tornam únicas, elas - de alguma estranha forma - se convencem (ainda que a contra gosto) da necessidade de compartilhar os mesmos tipos de alegrias e tristezas para conseguirem os seus próprios objetivos.

A visão que Lanthimos tem sobre elas é bem peculiar. Em uma época complicada para a voz feminina, ele coloca as três mulheres em pedestais exclusivos e isso faz com que cada uma delas tenha uma voz muito ativa em todo o filme. A presença masculina na trama fica totalmente em segundo plano (embora em um momento ou outro tenha um destaque aparente), fazendo com que a trama orbite em torno da presença da mulher e do quanto elas conseguem ser fortes por conta própria (ainda que haja uma disputa interna entre elas).

Fonte: Divulgação (Vogue)

De maneira bem eficiente, o filme alterna entre momentos engraçados (com direito há muito histerismo, haha!) e momentos tensos (uma mistura de drama com cenas um tanto quanto ousadas para o público mais "tradicional"). A relação das três personagens é explorada de uma maneira a instigar a mente do público a pensar sobre diversos aspectos. Isso possibilita a cada espectador criar no seu próprio imaginário uma versão particular do roteiro (sem ter que, necessariamente, aceitar o desfecho apresentado... que por sinal, por si só, já é muito bom!).

São três núcleos que aparentemente não se conectam, mas que logo ganham a devida relevância, deixando claro como a particularidade de cada um deles pode convergir para uma mesma direção. O caminho para que isso aconteça não é nada trivial (algo que já é uma marca nos trabalhos do Lanthimos... e quem já assistiu a qualquer um dos filmes anteriores dele sabe disso) fazendo com que a briga pelo favoritismo da rainha se torne uma improvável e divertida guerra entre duas mulheres ambiciosas, bem como a carência de uma rainha que não é tão forte (ou desiquilibrada) quanto faz questão de ostentar.

Fonte: Divulgação (Northern Star)

A trinca que comanda o roteiro (aliás, todas indicadas ao Oscar 2019... sendo uma delas para a categoria de Melhor Atriz e as outras duas para a categoria de Melhor Atriz Coadjuvante) é formada pelas excelentes Olivia Colman, Rachel Weisz e Emma Stone, que demonstram uma química absurda na tela e uma forte conexão - bem como grandes atuações - que confere a seus complexos personagens uma veracidade fundamental para a narrativa ganhe o peso necessário para que a trama seja consolidada.

Os aspectos técnicos do filme (que até então é o mais ambicioso da carreira do diretor) são ótimos e muito pontuais. A começar pelas questões mais óbvias: fotografia e figurino. Belas paisagens e monumentos históricos tornam-se praticamente personagens extras na trama, e quando aliados a um eficiente trabalho de recriação da moda da época (que chama à atenção pela escolha das cores fortes) ajudam a criar a atmosfera realista que é vista na tela. Por fim, uma trilha sonora aguda e bem composta invade as cenas de maneira certeira e a edição das cenas é friamente calculada.

Fonte: Divulgação (ABC)

Orquestrado de uma maneira bem minuciosa (quase milimétrica) e por vezes, com momentos inesperadamente chocantes (demonstrando o quão bom e relevante é o trabalho do Yorgos Lanthimos... inclusive, um diretor que eu vou começar a acompanhar mais de perto de hoje por diante), A Favorita grita para os quatro cantos do mundo que os filmes "cult" devem ser tratados com, no mínimo, mais atenção (e as 10 indicações ao Oscar que o mesmo recebeu só veem a reforçar esse pedido).

Sort:  

Me lembro de uma novela com este nome... (Desculpe a brincadeira infame mas não aguentei rs). Sinceramente, pelo seu review, já ocupa o topo, da minha lista de filmes para ver. Adoro ver o protagonismo e a força do feminino, seja em mulheres, ou homens.

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Eita Gui noveleiro, heim?! Haha! ;)

Tu vais gostar muito desse filme então, porque o filme é - literalmente - delas.

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