Talvez eu esteja generalizando, talvez devesse dar o título de "O paradoxo do remédio", por que medicina é um conceito muito aberto e complexo, não apenas do diclofenaco e do paracetamol que a dona de casa usa.

Já fui um jovem que adorava julgar a medicina alopática como um erro do homem, como uma ferramenta da morte, discursava sobre toda a desgraça que a medicina convencional de laboratório fazia com as pessoas e o quanto este não é o método correto de se curar um problema, com o embasamento de livros de sebos e uma era pré youtube. Sabe aquele pessoal que acredita em curas de cristais, faz homeopatia e florais artesanais, estuda aromaterapia, chacras, dança circular e cura através das mãos? Fui assim, exatamente assim. Mas isso é papo para outro post. Contei isso por que hoje, durante um dia de mal estar estomacal causado pelos efeitos colaterais de um princípio ativo chamado Meloxican (para inflamação muscular) eu voltei a pensar em todo esse papo da medicina alopática, químicas paliativas ou mesmo eficazes porém repletas de efeitos colaterais e devo dar o braço a torcer, dizer que meu antigo Thomas tinha um pouco de razão sim, só um pouco, mas o remédio da farmácia (em muitos casos) está muito aquém do que deveria estar, quase sempre causando efeitos negativos bastante desconfortáveis, mas nem estou reclamando pela sensação de cabeça ruim, fraqueza e náusea, mas sim por que a bula deixou claro pelo menos umas três vezes que alguns dos efeitos colaterais quase-comuns (10% dos casos, mais ou menos) podem levar a morte. E todo mundo sabe, quase todo remédio em algum momento vai dizer que pode ser letal.

Ok, são os riscos que se corre, o que podemos fazer?

E aqui voltamos para o antigo Thomas que responderia:

-Se você tivesse uma vida regrada com exercícios diários de yoga com alongamento eficiente junto com exercícios mais intensos como academia ou corrida, certamente não teria essas distensões musculares na lombar.

É verdade, provavelmente esse Thomas está certo.

A parte que está errada é a de ignorar 100% a medicina convencional tratando-a como demônio, por que o Thomas de hoje, muito mais lúcido sabe que queira ou não, em determinadas situações nem yoga, nem chá de cipó amazônico, nem massagem com argila dos fossos tibetanos, nem cristais de quartzo rosa, nem energização dos chakras irão resolver o problema de saúde. As vezes precisamos da medicina. É bom que não precisemos, mas as vezes ela é necessária.
Seja quando meu pai começou a apresentar sintomas fortes de TOC e ansiedade e nada mais além do Oxalato de Escitalopram resolveu o problema, seja quando estive com pneumonia grave no hospital quando era criança e certamente um chá de alho e folhas de laranjeira não iam me colocar de pé.

A medicina fitoterápica e toda sua gama de possibilidades, advindas da tradicional chinesa e outras vertentes variadas tem seu valor como um preventivo e as vezes como uma cura alternativa, mas muitas vezes são totalmente inúteis para doenças agudas, urgentes.

É necessário ponderar a melhor cura para o momento.

Mas a pergunta que deixo é: Por que afinal é tão difícil essa evolução medicinal? Por que somos reféns de remédios que muitas vezes prejudicam de um lado enquanto corrigem de outro? E quando enfim fazem seu trabalho da melhor forma normalmente custam dez vezes mais. Sempre penso numa campanha que fizeram aqui para um garoto que tem uma doença rara, a medicação/tratamento que ele precisava custa 3 MILHÕES de reais...
São inúmeros fatores envolvidos nisso: laboratório com patente única, descoberta recente, doença rara e pouca demanda, etc. Mas não deixa de ser mais uma piada sobre a humanidade.

Espero ver uma revolução da medicina ainda em vida.