O "Ferrugem" e a Lua

No final dos anos 60 do século passado (caramba, isso parece muito antigo!) eu tinha apenas 6 anos. Além de devorador de gibis, eu era um ruivinho enferrujado de sardas nas bochechas e nos braços que assistia à tosca série para TV “Perdidos no Espaço”. Apesar dos cenários e efeitos bizarros, muito mais pela imaginação do garotinho sonhador, a série era muito realista. Eu a levada muito a sério!

Elenco de "Lost In Space" Fonte da imagem

Sabe como eu via a cena acima? Em preto e banco, numa TV de tubo. Caramba! Isso também parece muito antigo. Melhor aceitar de vez que é tudo antigo mesmo, incluindo o autor deste texto!

A fotografia abaixo, a mesma de cima mas em tons de cinza, é uma tentativa de mostrar para você que talvez não tenha vivido esta época como era a imagem de uma TV em preto e branco.

Mais ou menos como eu via "Lost in Space" na TV, ainda sem cores

Mas as imagem nas TVs de tubo não eram apenas sem cores. Muito pior, não tinham resolução. Não havia muita nitidez nem quando o sinal da TV aberta captado pela antena estava limpo, sem ruido!

Foi nesta mesma TV de tubo, em preto e branco e sem resolução, que vi sem nem piscar as imagens do homem conquistando a Lua. A fotografia abaixo dá uma melhor ideia de como eram os aparelhos de TV em 1969 e as suas imagens de baixa resolução.

Apollo 11 numa TV de tubo, em preto e branco Fonte da imagem

Meu pai sempre comprava jornais e revistas que traziam reportagens sobre as missões Apollo. E eu ficava maluco na medida em que a derradeira viagem para Lua ficava cada vez mais próxima. Já havia ali a sementinha de um físico que iria se apaixonar cada vez mais por Ciência e, em particular, por Astronomia.

Em 2013 tive a felicidade de ouvir a história da Corrida Espacial contada em primeira pessoa por "Buzz" Aldrin, um dos tripulantes da Apollo 11, e o segundo homem a pisar na Lua (veja mais detalhes desta grande aventura no post anterior sob a tag #fazendohistoria.

Aldrin palestrou na Campus Party em São Paulo onde eu também fui palestrar. Já físico, bem menos ruivo e sem ferrugem nas bochechas, falei sobre “Viagens no Tempo”.

Palestra "Viagens no Tempo" na Campus Party São Paulo 2013 (arquivo pessoal)

Plateia lotada, repleta de jovens, e transmissão ao vivo pela web. Prato cheio para o professor e divulgador científico!

Palestra "Viagens no Tempo" na Campus Party São Paulo 2013 (arquivo pessoal)

Ao lado dos amigos Gustavo Rojas (astrofísico e docente da UFSCar) e Marcos Calil (astrônomo profissional e planetarista) também participei da mesa redonda “Astronomia, apps e redes sociais".

Mesa redonda na Campus Party São Paulo 2013 (arquivo pessoal)

A Campus Party é um evento que dura vários dias. Cheguei um dia antes dos meus compromissos justamente para ver meu ídolo e astronauta de perto. Foi emocionante ouvir toda a história da Conquista da Lua que eu já conhecia bem mas agora contada em primeira pessoa!

"Buzz" Aldrin na Campus Party São Paulo 2013 (arquivo pessoal)

Uma das imagens mais icônicas da Conquista da Lua, reproduzida abaixo, mostra Aldrin fazendo reverência à bandeira norte-americana cravada em solo lunar como prova de que os Estados Unidos haviam vencido a Corrida Espacial. Se reparar, é a mesma imagem que a garotinha estava vendo na TV em preto e branco numa fotografia logo acima.

"Buzz" Aldrin e a bandeira norte americana cravada em solo lunar
Fonte: Project Apollo Archive

Aldrin projetou num telão gigante a mesma imagem histórica em sua palestra. Imaginem o filme que, em paralelo, passava pela minha cabeça! Na verdade, era o garotinho "Ferrugem" quem estava ali sentado na plateia.

"Buzz" Aldrin e a bandeira norte americana na Lua, agora no telão da Campus Party

Quando Aldrin nos contou sobre a alunissagem e a emoção da porta da pequena nave abrindo para ele e Armostrong descerem, disse que “a vontade de pisar na Lua era tão grande que Armstrong só saiu primeiro porque estava mais perto da porta”. A plateia veio abaixo! Claro que foi brincadeira pois Armstrong era o chefe da missão e cada passo de todo o delicado procedimento já estava milimetricamente decidido.

O garotinho devorador de gibis de tantos personagens viu recentemente, já bem mais crescidinho, o nascimento do personagem Buzz Lightyear, um astronauta, do filme "Toy History", parceria da Disney com a Pixar.

Buzz Lightyear, personagem de "Toy History". (Fonte: Disney/Pixar)

Qualquer semelhança entre "Buzz" Aldrin e o personagem Buzz Lightyear não é mera coincidência. Cara de um, capacete do outro. Aldrin, o astronauta, foi a perfeita inspiração para a construção do personagem Buzz Lightyear.

Buzz Aldrin e o personagem Buzz Lightyear. Qualquer semelhança não é mera coincidência.

Este post encerra o ciclo semanal de textos sobre a Lua em comemoração dos 49 anos das chegada dos americanos no nosso satélite. Não leu os posts anteriores? É pra já! Estão todos a apenas um clique!

• Triângulo no Céu [15/07/2018]
• A Luz Cinérea | Desvendando o mistério do post anterior [16/07/2018]
• #conteumacancao | Luar [17/07/2018] - lançamento da tag #conteumacancao
• A Lua de brinco [18/07/2018]
• A Lua "de costas" [19/07/2018]
• Por que sempre vemos a mesma face da Lua daqui da Terra? [20/07/2018]
• #fazendohistoria | 49 anos da Conquista da Lua [20/07/2018] - post "bonus track", o segundo texto do dia, especialmente para o projeto/tag #fazendohistoria do @leodelara

Ano que vem serão 50 anos. Meio século da Conquista da Lua! Vai ter que ter muita festa!

Abraço do prof. Dulcidio. E Física na veia!