A Lua "de costas"

A sonda LRO - Lunar Reconnaissance Orbiter (Orbitador de Reconhecimento Lunar, em português) da NASA – Agência Espacial Americana foi lançada em 18 de junho de 2009.

Ela foi colocada numa órbita lunar com altitude de apenas 50 km, ou seja, está sempre bem próxima da superfície do nosso satélite natural. Com velocidade de 1,6 km/s, ela consegue dar uma volta ao redor da Lua a cada 2 h. E assim pode “ver” o nosso satélite em tempo real, monitorando-o de forma constante.

A LRO fez um registro completo (incrível!) de toda a superfície do nosso satélite, nos revelando imagens da Lua que não conseguimos ver daqui da Terra. Pelos olhos da sonda podemos ver a Lua “de costas”. Veja o vídeo abaixo, em alta resolução, que mostra a Lua numa rotação completa.

Vídeo com imagens da LRO mostrando uma rotação completa da Lua

Se puder abrir o vídeo acima numa tela maior para aproveitar a riqueza de detalhes das imagens, fica incrivelmente lindo! Eu costumo rodar o vídeo num tablet e jogar as imagens numa smart TV maior.

Por que apenas "de costas"? Vamos ver a Lua em 360^o!

O Act-React-Quick-Map é um mapa 3D do globo lunar com imagens feitas pela LRO. Experimente! O aplicativo já vai abrir no modo Lunar Globe (3D).

Com o mouse você pode clicar/arrastar para girar o globo lunar em qualquer direção. Bem divertido! Dá para ver a Lua por cima, por baixo, pela frente ou por trás, ou em qualquer posição que você quiser.

No menu (acima, à esquerda) há diversas funcionalidades. Clique e descubra cada uma delas. Destaco a “Toggle Fullscreen” que, como o nome já diz, abre o mapa em tela cheia.

Por que sempre vemos a mesma face da Lua?

Mosaico lunar¹. Esta é a face da Lua que conseguirmos ver daqui da Terra.

O Act-React-Quick-Map permite rodar o globo lunar para tudo o que é lado. Só não o vira do avesso! Com ele temos uma visão privilegiada de toda a superfície lunar, o que daqui da Terra não temos pois, como você já deve ter percebido, sempre vemos a mesma face da Lua.

Varia a quantidade de luz solar que chega na face lunar que está sempre voltada para Terra. Isso ocorre porque a Lua orbita a Terra, mudando sua posição relativa à própria Terra e ao Sol, a principal fonte de luz neste cenário. A esta mudança na proporção luz/sombra do globo lunar é que chamamos de fases lunares. Mas, do ponto de vista terrestre, nunca vemos a Lua “de costas”.

Fases da Lua (ciclo completo de 28 dias) Fonte da imagem


Muita gente afirma categoricamente que a Lua tem um lado escuro que nunca vemos. Esta frase está 50% errada e 50% correta. É correto dizer que há um lado (ou face) da Lua que nunca vemos. Mas dizer que ele é escuro é uma enorme bobagem! Conforme gira ao redor de si mesma e segue a sua órbita em torno da Terra, a Lua vai recebendo luz solar em toda a superfície do seu globo. Logo, a Lua não tem nenhum lado permanentemente escuro. Tem no máximo uma ou outra cratera em regiões circumpolares que não recebe luz solar bem lá no fundo.

Pense comigo:

1. Quando temos Lua Cheia, a face voltada para Terra está totalmente iluminada pelo Sol. Isso quer dizer que o lado oculto, as ”costas” da Lua, está escuro. Nele é noite lunar.
2. Na Lua Nova, ao contrário, a face voltada para a Terra não recebe luz solar e, portanto, está escura. Nesta face é noite lunar. Mas o lado oculto, ou o lado de trás da Lua, encontra-se totalmente iluminado pela luz solar.

Esqueça de vez esse papo de lado escuro da Lua. Daqui da Terra, de fato, nunca vemos a face oposta da Lua. Logo, o correto é dizer que, para um observador terrestre, a Lua tem um lado OCULTO e não ESCURO.

Você já tentou explicar por que razão sempre vemos daqui da Terra a mesma face da Lua? Já parou para pensar neste curioso detalhe? Mais um capricho cósmico! Se souber a resposta, deixe-a num comentário. Quanto mais leitores interagindo, mais divertida fica a brincadeira!

A análise completa e a resposta deixo para o próximo post. Combinado? Até lá!

Abraço astronômico do prof. Dulcidio. E Física na veia!

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¹ Este mosaico, de minha autoria, foi publicado no primeiro post do Física na Veia! aqui no Steemit. Ele foi feito registrando fatias da Lua Cheia com uma webcam acoplada ao telescópio e depois juntando os pedaços via software.