#FILMOTECA - "A Chegada" | "Arrival" (2016)
Sinopse: Quando estranhas naves alienígenas chegam em algumas das principais cidades do mundo, Louise Banks - uma linguista especialista no assunto - é recrutada por um grupo especial de militares para em grupo, juntarem suas forças afim de decifrar as estranhas mensagens dos visitantes e quem sabe, descobrir os motivos da vinda deles ao nosso planeta.
"A Chegada" é uma das mais novas empreitadas cinematográficas do diretor Denis Villeneuve (já conehcido por uma boa parte do público que gosta de cinema, pelos ótimos "Os Suspeitos" e "Sicario: Terra de Ninguém"), e com ela... Ele está avançando da maneira correta na criação da sua própria identidade no mundo da sétima arte.
O trabalho entregue pelo diretor é repleto de olhares milimétricos e nuances que vão sendo calmamente despidas diante dos olhos dos telescptadores. Isso deixa muito clara a maneira com a qual o Villeneuve opta por dirigir os seus filmes: ele é detalhista, é criativo (procurando sempre por ângulos diferenciados para marcar algum ponto importante da trama) e ousado. Uma combinação não muito incomum - mas que ele sabe misturar muito bem - para diretores ainda considerados como novatos quando comparados aos verdadeiros monstros da direção cinematográfica (como por exemplo: Steven Spielberg, Alfred Hitchcock e Stanley Kubrick).
O roteiro é deveras lento (isso não há como negar), mas a maneira como a história vai sendo conduzida é tão interessante - e de certa forma hipnotizante - que isso acaba não sendo um problema (principalmente a medida em que a projeção avança, mostrando realmente todo o seu potencial). Porque o telespectador mais atento acaba se dando conta de que aquele ritmo foi uma medida - por sinal, muito correta diga-se de passagem - adotada pelo diretor para construir o clima que era necessário para a história se tornar real diante dos olhos do público.
O ritmo "parado" do qual muitos telespectadores se queixam, está ligado ao fato da ausência de grandes e explosivas cenas de ação (o que eu considero um erro de julgamento dos próprios leitores, porque o filme desde o início nunca foi vendido como um blockbuster à lá "Independence Day"). Aqui, elas são substituídas por grandes diálogos contextualizados por um ótimo elenco (destaque óbvio para a atuação da Amy Adams - que já passou da hora de ganhar um Oscar -, além das atuações muito boas por parte de Jeremy Renner e do Forest Whitaker) que ganham vida devido as muitas situações com alto poder de reflexão que são jogadas na tela.
A ficção presente em "A Chegada" se utiliza sim da figura quase "mística" na qual se tornaram os aliens, mas o cerne da história que os liga aos humanos não parece ser tão asburdo quanto se imagina (e o ótimo roteiro consegue fazer isso de uma forma bem intrigante e eficiente, porque é impossível sair do cinema e não questionar a si mesmo sobre o que acabou de ser assistido)... Afinal, quem nos garante que eles - aliens - já não existam há milhões de anos? Que já não estejam entre nós? E talvez quem sabe, tentando se comunicar de alguma forma que nós ainda ignoramos por não sermos capazes de compreender?
O filme pode ser encarado como um profundo e importante "interrogatório" acerca de qual seria o verdadeiro limite da comunicação, assim como tentar entender a dimensão que está relacionada ao ato de se expressar através da escrita e / ou da fala. E, embora aqui ninguém esteja sendo julgado por nenhum crime... Ainda sim - entre aliens e seres humanos - os culpados existem, mas não é possível apontar o dedo para exatamente para alguém porque isso permenece como uma grande icógnita (assim como vários outros mistérios da antiguidade que insistem em permanecer vivos até hoje).
Os efeitos visuais (que são muito bons) podem ser considerados - em relação a quantidade - como "tímidos" para um filme do gênero, mas acreditem, o que está presente no filme é mais do que o necessário para fazer você se deixar levar pela história. A sonoplastia envolta as trilhas sonoras é trabalhada nota por nota criando um resultado bem pontual em vários momentos da trama. A edição também é interessante (embora deslize uma vez aqui e outra ali... mas nada que tire os méritos do filme)... Mas o que salta aos olhos mesmo é a fotografia "obscura" em seus vários tons de cinzas-escuro, conferindo uma atmosfera obscura que resulta em algo lindo de ser visto.
É realmente um trabalho fotográfico muito bem produzido e relativamente complexo (se forem considerados todos os mínimos detalhes presentes em cena).
Concluo falando que "A Chegada" definitivamente não é um filme para qualquer um (mas eu particularmente achei-o um filme ótimo e comovente)... Sendo aquele famoso "8 ou 80" (ou você gosta / ama... ou você não gosta / odeia), que aliás, parece já fazer parte da carreira do diretor porque os seus filmes sempre parecem criar 2 grandes blocos entre os telespectadores (o que não é necessariamente ruim, afinal... uma das funções da arte é despertar nas pessoas a vontade de expressarem: seja para concordar ou para discordar).
Acho esse um dos melhores filmes de ficção/alienígena de todos. Sem dúvidas! Poderoso demais! Pra mim, a trilogia do "insight" da ficção científica é Contato, A Chegada e Interstellar. Um melhor que o outro.
O que eu mais gosto em "A Chegada" é essa nova percepção que foi nos foi apresentada (fugindo totalmente do óbvio).
Já vou comentar aqui pois concordo com vocês em gênero, numero e grau. A Chegada é incrível. Está para além do olhar comum, é um filme a ser como disse, discutido por diferentes dimensões, e mais incrível ainda, é que em seu tempo, ele traz uma historia sobre a linguagem, nossos pré julgamentos, sobre a física teórica, sobre a humanidade.
E para complementar como frisou no texto, o tempo é muito importante em qualquer discussão, a quem pertence o tempo? o que seria tempo? controlamos o tempo?
Cada individuo tem seu tempo, e existe um mecanismo humano de nortear o tempo, objetiva-lo, para ser um guia em comum a todos. Mas dentro da dinâmica humana, acreditamos que controlamos o tempo, já que o nosso tempo deve ser o que rege, até um filme. A dimensão do tempo, intriga ainda os físicos nesse continuum, uma linha que não se sobrepões, e se pudéssemos olhar essa linha, essa dimensão do tempo sem estar nele, Isterstellar, traz um pouco disso. Já a chegada traz o mesmo de outra forma, assim como os aliens, ela ganhou esse presente, de estar além da dimensão do tempo, estando ao longo do tempo a qualquer momento dessa linha.
Uma metáfora, que desde as reflexões que poderíamos trazer de linguagem, tempo, é uma metáfora de amor, de estar em uma dimensão, que em prol da humanidade, e por poder mesmo em dor, ter a presença da filha, pois a dor de tê-la e perdê-la, ainda é melhor do que não ter vivido o tempo da sua filha.
É uma obra de arte, complexa, com excelente direção, fotografia, edição, atores e atuação, um roteiro inteligente. É um filme que não é realmente para agradar a todos, mas que quem agradou pode discutir por horas. Aborda muitas camadas da humanidade. Estava pensando em refleti-lo a algum tempo aqui, aproveitei o momento, qualquer dia trago uma reflexão mais organizada em um post! Valeu pessoal!
Exato cara! Ficarei no aguardo de um futuro post seu a respeito desses temas então :)
Ótima reflexão, @matheusggr. No aguardo por um post mais detalhado para discutirmos sobre.
Abraço.
Get my English ....... Only seeing much to that shot
Parabéns, seu post foi votado e compartilhado pelo projeto Brazilian Power, cuja meta é incentivar a criação de mais conteúdo de qualidade, conectando a comunidade brasileira e melhorando as recompensas no Steemit. Obrigado!
Gratidão sempre, @brazilians.
Sem dúvida um dos melhores em ficção já feitos! Amo a Amy Adams!
Amy Adams é só amor, haha!
Sem dúvidas irei assistir! Você fez uma bela apresentação, bem detalhada e abrangente. Dá vontade de assistir o filme na hora! Ótima contribuição!
@flaviusbusck Fico feliz que a minha escrita sobre o filme tenha surtido esse efeito em você. :)
O filme realmente vale muito à pena e obrigado pelo comentário.