PSICOLOGIA--- Depressão, capítulo 1 ---- O estigma social

Saudações á todos. Hoje vou falar sobre a depressão em si e o estigma que provoca!!!

1- Algumas estatísticas sobre depressão

A depressão é uma doença afeta 350 milhões de pessoas no mundo, segundo dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde. Em 10 anos, de 2008 a 2018, esse número cresceu 18,4%.

Já no Brasil, 5,8% da população sofre com esse problema, que afeta um total de 11,5 milhões de brasileiros. Segundo os dados da OMS, o Brasil é o país com maior prevalência de depressão da América Latina e o segundo com maior prevalência nas Américas, ficando atrás somente dos Estados Unidos, que têm 5,9% de depressivos

A existência dela na população mundial fica em torno de 5%. Porém, um dado que a OMS não passa e que nós psicólogos e os psiquiatras sabemos, é que esses 5% são as pessoas que buscam ajuda. Uma parte imensa convive com a depressão sem saber que está com ela e outros sabem, porém, não possuem condição de pagar um tratamento ou por questões culturais, sentem vergonha em dirigir-se á um psicólogo para tratá-la, convivendo com ela a vida toda.
Olhem um exemplo de um moço que pode ter depressão e a mascara:

A depressão tem alto impacto na vida do paciente e de seu familiares, com significativo comprometimento nos aspectos sociais, físicos, amororos, libido, ocupacionais e em outras áreas de funcionamento.

Muitas vezes, pode levar a pensamentos, tentativas e até mesmo à consumação do suicídio. Dessa forma, é importante a investigação de técnicas que auxiliem na redução dos sintomas.

2-Vocês sabem o que significa a palavra estigma social?

Nós psicólogos, estudamos esse conceito logo nos primeiros períodos do curso. Foi criado pelo antropólogo e sociólogo Erving Goffman. Se refere á uma marca pessoal que acompanha a pessoa durante sua vida inteira e que possui um valor social negativo. Por exemplo, usuários de droga geralmente são vistos como marginais. Louras são vistas como burras(apesar de ser em tom de brincadeira), gays são vistos sempre como promíscuos, ciganos são todos vagabundos, etc. Esse estigma também atua sobre pessoas depressivas, fazendo com que a sociedade possua um preconceito sobre quem está nessa situação, geralmente achando que, quem passa por ela, é irresponsável, folgado, á toa, fraco, que é apenas desculpa para não trabalhar.... Digo isso, pois o conceito que os outros tem de alguém, influencia muito sua reclusão e falta de busca por ajuda. Olhem a fala desse moço no vídeo, achei no youtube e achei legal compartilhar:

Em minha opinião pessoal, tanto por observação dentro e fora do consultório, não há como mensurar o número de depressivos no mundo. Podemos estar convivendo com um colega de trabalho, que, senta-se ao nosso lado todo dia, porém, por questões culturais na sociedade que vivemos, mantém em segredo sua condição para não ser mal julgado pelos outros, pois, quem se mostra vulnerável, tende á ter as pessoas afastadas de si, principalmente se for homem, que por "normas sociais" tem que se colocar como super homem, cheio de qualidades e ausência de defeitos. As mulheres, por terem inteligência emocional mais desenvolvida( claro que isso é em termos gerais, particularmente vai de cada um), tendem á ter mais humildade nessa área, assumirem que estão com problema e buscarem apoio, seja este familiar, religioso, com amigas e psicoterápico. Isso faz com que a prevalência seja menor e o "lidar" com essa doença seja menos tortuoso e de mais rápido alívio dos sintomas.

3-Vocês sabem o que é ATENÇÃO SELETIVA?

É um conceito relacionado á pessoa focar-se com algo que ela convive muito. Por exemplo, mulheres grávidas enxergam mais lojas de roupas de neném do que mulheres não grávidas. Um dentista tenderá á olhar primeiramente em uma pessoa os dentes, pois sem querer, possivelmente será a primeira coisa que virá á sua cabeça. Uma pessoa que tem cachorrinhos e os ama, terá mais tendência á observar os cachorros abandonados na rua do que pessoas que não possuem cachorro e não gostam..... Ou seja, a atenção seletiva é o foco que damos ás coisas que vivenciamos com frequência.

Parem bem para pensar e reparem quando estiverem andando na rua por exemplo. Eu reparo isso o tempo todo, pois é da minha profissão, fico com minha atenção seletiva á questões relacionadas á psicologia. Grande parte dos homens não costuma nem saber que está com depressão, pois, geralmente,quando apresentam depressão não ficam muito tristes, tendem á ficar mais irritados, por terem que mascarar sua tristeza. Isso faz com que a cerveja seja mais consumida por homens que mulheres. Uma parte imensa dos que apresentam questões relacionadas á alcoolismo envolve a depressão, pois a bebida tende á aliviar suas dores. Uma cervejinha é muito gostosa, mas quando a pessoa precisa dela para dormir por exemplo, podem ter certeza que é necessário fazer uma investigação mais profunda sobre isso.

Montei esse último parágrafo, pois a psicologia me ensinou á não ficar julgando os outros. Se vermos um cara no bar bebendo muito sem controle, pode ser que o sujeito seja vagabundo, como a sociedade coloca( pois em geral, pessoas com psicopatia tendem á não possuírem auto-controle sob nada, então, viciam-se em tudo) Esses "vagabundos" não gostam de trabalhar e vivem de algum tipo de golpe. Para eles, o melhor é se afastar.
Porém, há uma generalização e todos que estão envolvidos com bebida, por exemplo, são tratados dessa forma. Isso também é verificado em drogas, cigarro, etc. A questão é que no bar, pode estar uma pessoa muito depressiva que possui uma forte crença de desamparo e , se não for ajudada, tenderá a piorar cada vez mais.

Coloco esses últimos parágrafos, pois, principalmente para psicólogos clínicos e da saúde mental, o olhar sob o outro, a pessoa que sofre, tende á ter muita empatia. Conseguimos distinguir nesse caso, se estamos diante de um psicopata ou de uma pessoa "castigada pela vida", que não soube lidar com ela e encontra-se nesse estado. Essas pessoas são as que mais precisam ser ajudadas e as que menos buscam ajuda. É muito importante que políticas públicas e privadas sejam criadas para fazer com que a população em geral tenha idéia do que é a depressão e consiga visualizar quem a possui, pois até mesmo uma família pode ter alguém assim e não entender que a pessoa está nessa situação. Não sei se vcs já viram, pois são profissionais de outra área, mas em minha profissão, há muitos casamentos desfeitos, filhos expulsos de casa, etc... porque os conjugês ou pais(familiares em geral) não entendem nada sobre depressão e acham que o que a pessoa faz é algo proposital para chamar atenção, provocar ou para os muito religiosos, é falta de Deus no coração. Isso tudo cria uma bola de neve que cada vez mais cresce e tende á afundar a pessoa que passa por isso, pois com esses pré-julgamentos que ela recebe, não encontra amparo em local algum, tendendo sempre á piorar.....

Espero que consiga ajudá-los á ajudar alguém que passa por isso, pois uma das coisas que mata a pessoa que passa por esses problemas, é o julgamento que sofre, aumentando seu isolamento do convívio social.

Inicialmente eu iria escrever sobre como é a visão da terapia cognitivo comportamental sobre a depressão. Porém, no meio da escrita achei importante focar primeiro na questão do estigma que as pessoas que estão nessa situação sofrem e como isso as deixa fora da sociedade, aumentando cada vez mais seu problema. Então, dividi em capítulos. Na próxima postagem, possivelmente falarei sobre o trabalho da tcc na depressão, ou algo específico dentro dela.

Espero que tenham gostado e que possam refletir sobre a doença que mais atinge pessoas em nosso país e no mundo!!!

Obrigado e bom dia!!!!