Sobre os passeios da minha infância

in #pt7 years ago

Há alguns dias, o @flaviusbusck publicou um relato muito bonito sobre uma trilha e acampamento que fez com seus amigos por estes dias. Lendo o post dele pude perceber a falta que esse tipo de passeio faz na minha vida; é algo que desde que engravidei da Clarice deixei de lado por conta de tudo o que a vida materna nos traz, os compromissos e as tarefas.

Já comentei aqui que fui criada em um sítio, então o contato com a Natureza foi uma das partes mais importantes da minha infância, o que me fez construir um amor muito intenso pelas matas e pelos animais. Os principais personagens dessa parte de minha história foram meu pai e o meu irmão mais velho. Falo isso porque normalmente minha mãe e minha irmã mais velha ficavam em casa e ao redor dela, cuidando das tarefas domésticas que, apesar de sempre ser cobrada para aprender tudo o que era necessário para cuidar da casa (e aprendi, naturalmente), eu sempre preferia ficar do lado de fora, como lá eram poucas crianças ao redor para brincar, eu acabava acompanhando meu pai e meu irmão na lida com os animais e com as plantas.

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Hoje em dia percebo o tamanho da paciência que meu pai teve em me ensinar tudo o que aprendi: cada canto de pássaro que ouvia eu perguntava o nome, a cor, como era; cada árvore que me chamava a atenção eu queria saber de que espécie era. Eu perguntava de tudo, tudo: a função disso, o funcionamento daquilo, o porquê daquilo lá etc. Parte disso tudo eu não consigo resgatar em minha memória, mas o que estão gravadas sem perigo de perca são as intermináveis pescarias no Rio Iguaçu de barco à motor ou à remo, das entradas nos infinitos alagados ao redor desse rio imenso, da emoção de pegar um bagre de 3kg com uma vara de bambu e das infinitas espécies de pássaros, principalmente, que encontrávamos pelo caminho. Até hoje lembro da primeira vez que vi um "gavião-preto-de-rio", como meu pai chama. Víamos garças de todos os tamanhos e tipos, socós, martins-pescadores, biguás, baitacas, sanhaços, trinca-ferros, tiê-sangues, "corações-de-boi" e outros infinitos nomes que eu nunca mais esqueci.

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Meu irmão também sempre foi apaixonado principalmente por pássaros, parte de todo o pequeno conhecimento que tenho sobre este mundo veio dele. Durante parte da minha infância ele passava as semanas longe de casa por conta de trabalho e estudo, mas nos finais de semana, ele sempre reservava um momento para fazermos alguns passeios por extensas trilhas perto de casa, sempre me ensinando a andar em silêncio pelas matas para não espantar os pássaros.

Guardo com muito carinho tudo o que lembro destes ricos momentos que vivenciei, pois infelizmente não tenho fotos desta época, nem filmagens; por isso conto com apenas estes flashes de memórias e histórias daquele tempo.

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Obrigada pela leitura! Abraços, Carol. <3

Sort:  

O mais legal é que você guarda com muito carinho suas lembranças. É chato não ter fotos e nem vídeos, mas mesmo assim está bem preservado em seu coração.

Muito obrigada pela leitura e comentário, @coyotelation! Pois é, sinto por não ter muitos registros, pois meus pais não ligavam muito para essas coisas e o preço na época para se revelar fotos não era barato, pelo menos na minha cidade... Abraços.

Parabéns, seu post foi votado e compartilhado pelo projeto Brazilian Power, cuja meta é incentivar a criação de mais conteúdo de qualidade, conectando a comunidade brasileira e melhorando as recompensas no Steemit. Obrigado!

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As minhas lembrancas de passeios nas matas remontam ao tempo em que fiz parte de um agrupamento de escuteiros em Portugal. Passei muitos finais de semana acampado. Seu post me deu ideia de compartilhar aqui essas memorias, obrigado

Quando era criança, um dos meus desejos era ser escoteira, mas era algo que meus pais achavam que era bobagem... Eles eram bem tradicionalistas nessa parte. "Se quer aprender a acender uma fogueira eu te ensino em casa" hahahaha
Fico feliz que meu post tenha lhe inspirado em escrever sobre o assunto! Abraços.

Ser escuteiro é uma escola de vida bem mais que acender fogueiras. Talvez a primeira tentativa de ser independente dos pais, o inicio de conviver em sociedade fora do ambiente familiar, o experimentar trabalho de equipe.

Obrigada pela leitura e comentário, @paulosabaini! Sempre que posso levo minha filha para lugares que ela possa ser mais livre, mas ainda assim é uma criança pequena, mas estou trabalhando nisso e com isso mato minhas saudades das antigas trilhas... ;) Abraços.

Deve ter sido uma infância muito bonita. Você teve muita sorte em crescer assim. Isso tem ficado cada vez mais difícil. Aos poucos, as gerações mais recentes vão se afastando desse contato e possivelmente nem se darão conta do valor daquilo que foi perdido...

Muito obrigada pelo comentário, @flaviusbusck! De fato, foi uma infância um pouco mais diferente mesmo para as pessoas da minha idade, na época um dos meus maiores desejos era morar na cidade, desejo que é bem comum em crianças que moram no interior. Mas desde que vim para cá eu penso em voltar. Hoje em dia eu entendo o valor da educação que me passaram, o fato de estar mais ligada à natureza foi uma das consequências, pois meus pais eram bem tradicionais. Acredito que assim como qualquer educação que se pretende passar aos filhos, teve seus pontos positivos e negativos, mas sim, o que mais desejo hoje para a Clarice é ter uma vida mais simples assim também. :) Abraços.

Apesar de não ser um sitio, a casa da mina bisavó (onde cresci) tinha uma porção de animais e muito verde, então, fui lendo o seu texto e relembrando várias coisas legais dos meus anos de "piquituchinho". Obrigado pelo texto!

Oi, @lucasalmeida! Que bom que te fiz recordar estes momentos maravilhosos! Eu que lhe agradeço pela leitura e comentário. Abraços.

São memórias lindas, Carol! É bom de ler... Quem tem a imaginação fértil, se imagina no momento. Uma das coisas que li e me chamou a atenção, foi de você mencionar sobre a paciência de seu pai ao lhe ensinar tudo o que você perguntava. Que bom se tivéssemos mais pais com paciência... Que levassem os filhos lá fora para ensinar sobre coisas que podemos tocar, vivenciar e trazer ensinamentos pra gente. Ao invés disso, temos pais que compram tabletes, celulares e o que mais possa prender a atenção da criança em uma realidade virtual que nada lhes ensina. Um dia serão adultos e que pena não terem lembranças tão lindas como as suas.
Obrigada por compartilhar e um forte abraço!

Fico muito feliz pelo seu comentário, querida @cleateles! Sim, me espelho muito ma educação que recebi dos meus pais, acredito que assim poderia dar o meu melhor para minha filha. Não minto, algumas vezes dava para ver o cansaço do meu pai, pois quando nasci já eram um pouco de idade e sempre trabalharam muito, mas ainda assim deram o melhor para meus irmãos e eu. Uma das minhas felicidades é tê-los como meus pais... Pois é, infelizmente nem todos têm a paciência necessária que uma criança precisa e preciso te dizer: eles precisam de muuuita paciência hahaha. Mas são coisas da vida, hoje em dia os tempos são outros, os pequenos acabam aprendendo pela internet algumas coisas, é uma pena, já que perde todo um mundo lá fora, mas ainda há os mais conscientes que se preocupam e dão o melhor de si para os filhos! Abraços e eu que lhe agradeço, novamente! ; )

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