Em que mundo eu estou?
Fonte: pixabay.com | cocoparisienne
Em que mundo eu estou?
Parece que era ontem que eu era criança e estava na rua brincando com meus amigos. Amigos com quem cresci e aprendi muito sobre "como viver socialmente". Nós provocávamos uns aos outros, colocávamos apelidos, ríamos quando algo de ruim acontecia com outro, provocávamos mais um pouco e até brigávamos algumas vezes. Mas isso nunca foi motivo de não estarmos estarmos ao lado uns dos outros no dia seguinte.
Na adolescência então, com todos os hormônios pulsando e um novo mundo abrindo as portas e mostrando suas novidades, nós estávamos sempre unidos. Para as horas ruins, mas muito para as horas boas também, pois sempre apreciamos a presença uns dos outros.
Além de eu ainda ter amigos assim, sinto falta de conhecer com frequência pessoas assim. Pessoas que eu sei que vão rir das minhas desgraças mas vão sempre estar ao meu lado quando eu precisar. Pessoas que vão abusar quando eu fizer algo de estranho, mas que vão se manter ao meu lado sem exigir que eu mude.
Em que mundo eu estou que as pessoas não conseguem mais se respeitar? Hoje em dia ser diferente é motivo para exclusão e, algumas vezes, intolerância. É raro eu ver pessoas aceitando que outras deem outra opinião que não seja "eu gostei do que você fez". O que aconteceu daquele período para cá que as pessoas se tornaram assim?
Em que mundo eu estou que as pessoas não se apreciam com frequência? Muitas das vezes que estão juntas é por um certo interesse, ou para evitar o tédio. Cadê aquele amigo folgado que vêm só para tomar café à tarde, mas que acabamos nos perdendo em conversas e ele só saia depois da janta?
Onde estão as pessoas que debatem assuntos de opiniões bem distintas mas de forma sadia. Que ouvem, raciocinam e só então dão sua opinião, fazendo com que no final desse encontro, ambos saiam com algo a mais em si, sem necessariamente ter que agora um ter cedido à opinião do outro.
Em que mundo eu estou que eu não posso ser eu mesmo?
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Sei como se sente, @alender. Eu estava conversando isso com @jsantana um dia desses. Se contarmos nos dedos os amigos que dispõe de tempo para uma conversa, são poucos. Mas ainda assim, prevalece essa questão de intolerância com ideias, opiniões... E acaba ficando chato. A questão é que atualmente as pessoas se vestem com armaduras, conversam como se a qualquer momento tivessem que se defender de algum comentário. Se tornaram intolerantes até consigo.
Mas, até eles devem se perguntar como nós nos perguntamos... "Em que mundo estamos?"
Um ótimo post. Forte abraço!
Obrigado pelo comentário!
Eu penso muito em como o mundo mudou a cabeça das pessoas nos últimos 5 ou 10 anos. Quando eu era criança era normal as pessoas serem amigas e gostarem de coisas diferentes. Por exemplo, uma coisa que sempre foi muito presente na minha vida é a música. E metade dos meus amigos tinham gosto parecido com o meu, o resto era diversificado. Considero que é normal a gente se aproximar de pessoas com gostos parecidos, mas colocar isso como regra eu acho que é extrapolar. E nessa, tanto todos saem perdendo pois fica difícil nos achar nesse mundo onde todos estão, como você disse, com armaduras.
Mais uma vez obrigado e um grande abraço!
"Hoje em dia ser diferente é motivo para exclusão e, algumas vezes, intolerância. É raro eu ver pessoas aceitando que outras deem outra opinião que não seja "eu gostei do que você fez"." bem por aí mesmo, muitas pessoas reclamam de mimimi, de quem não aceita uma crítica, mas são as primeiras a cortarem relações quando alguém faz uma crítica pertinente ou nem tanto as vezes. Tenho aprendido que prefiro pessoas que façam críticas construtivas do que aquelas só estão por interesse, falam pelas costas ou fazem críticas destrutivas, mas sei que isso é exceção cada vez mais, quem sabe isso mude um dia, luto por isso!! Bom texto!!
Obrigado pelo comentário, @paulo.sar!
Acho que hoje estamos em um mundo muito distorcido. Do modo que eu vejo, hoje em dia a frase "quem tem um amigo tem tudo" nunca foi tão verdade. Digo isso tanto pela ideia de que um amigo vai te aceitar do jeito que você é, quanto pela ideia de que está difícil construir relações fortes e verdadeiras com as pessoas. Vejo uma época onde muita gente quer ter os benefícios da individualidade, mas não querem abrir mão dos benefícios da coletividade. "Tenho aprendido que prefiro pessoas que façam críticas construtivas do que aquelas só estão por interesse". Na minha experiência atual, tem sido difícil até achar essas pessoas que fazem críticas construtivas. Acredito que a pressão sobre elas as calaram. Desejo muito que essa situação se converta e as pessoas voltem à dar valor às verdadeiras relações humanas.
Sempre que posso reitero aos meus amigos e quem me rodeia que estou aberto a críticas, até porque as vezes as faço também, só que nem todas as pessoas entendem, e muitas fazem críticas em momentos não propícios, sem nunca terem falado comigo, ou pior, repetindo coisas que já foram tratadas em particular, muito complexo isso, mas sigo dando abertura e sendo crítico, muito do que me falaram me salvou, já falei disso por aqui, e sei que vai ter muita coisa que vão me falar e me ajudará muito. E gostei da frase "Vejo uma época onde muita gente quer ter os benefícios da individualidade, mas não querem abrir mão dos benefícios da coletividade. ", tem muito isso também, na realidade as pessoas confundem muito ser individualista com ser egoísta, tanto de quem age como, ou de quem acusa, e assim caminha a humanidade...
As relações humanas provavelmente nunca foram tão complexas. O homem é intolerante por natureza. A história da humanidade é cheia de perseguições à grupos e guerras por motivos pequenos. Porém, uma grande diferença é que naquela época o homem não tinha acesso à informação e agia, em sua maioria, seguindo seus líderes -
que esses sim, agiam por puro egoísmo - e hoje, mesmo com tanta informação disponível, as pessoas estão tendendo regredir a um estado intolerante.
Mais uma vez obrigado pelo comentário e por sempre trazer discussões construtivas!
É que ainda hoje em dia tendemos a seguir líderes, as vezes líderes que não fizeram nada além de aparentemente representar os desejos daqueles que os seguem. Esses mesmos líderes ainda fazem que nem os líderes passados, construindo ignorância e ódio, usando de gatilhos psicológicos e físicos. Muito complexo, mas acredito que há solução, quando, não sei, mas que deve haver, nisso eu acredito!! E de nada!! Eu que agradeço!!!
Parabéns, seu post foi votado e compartilhado pelo projeto Brazilian Power, cuja meta é incentivar a criação de mais conteúdo de qualidade, conectando a comunidade brasileira e melhorando as recompensas no Steemit. Obrigado!
Obrigado pelo reconhecimento e pela ajuda!
Sinceramente me preocupo um pouco pelo rumo dessa complexificação de nossas relações e situações sociais, você falou muito bem em como isso tudo está ficando tão estranho e perturbador e toda a leveza e o pouco caso da vida perderam espaço para uma densidade até mesmo difícil de explicar. Eu não sei no que vai dar, mas sinto que fazer amizades não é tão possível como antes (tudo bem, estou ficando velho e isso faz parte do crescer), mas sinto que as coisas do mundo de forma geral perderam a sua leveza. Vale muito a pena estudar a Modernidade liquida teorizada pelo filósofo Bauman. São tempos ótimos, mas dolorosos.
Você tocou em um ponto que eu uma vez parei para refletir: achar que toda essa dificuldade das relações sociais é por eu estar ficando mais velho. A minha conclusão foi que não é tanto por isso. Embora eu e outras pessoas da minha idade tenham menos tempo para socializar, eu penso em antigamente, quando os amigos dos meus pais visitavam nossa casa ou nós íamos visitá-los. Eu acredito que isso seja um reflexo da facilidade de relações falsas que a tecnologia nos deu. Como é muito fácil uma pessoa falar com 100 outras pessoas ao mesmo tempo hoje em dia, é normal que ela prefira sempre escolher aquelas que só concordam com ela. E quando uma dessas tiver uma opinião diferente, é hora de procurar entre outros grupos quem dessa vez será meu "amigo". Obrigado pela indicação de leitura e pelo comentário!
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Lendo tudo isso, só tenho a agradecer o privilégio de também ter experimentado esses bons tempos e ter tido amigos desses bons, cujas desavenças duravam só até o por do sol.
Também só tenho a agradecer, mas sempre fica aquele desejo de que o mundo voltasse a ser como era antes. Na minha opinião era mais divertido de se viver nele daquele jeito.