#FILMOTECA# - "The Post" | "The Post: A Guerra Secreta" (2017)

Fonte: Divulgação (20th Century Fox)

Sinopse: Em 1971, os editores Katharine Graham e Ben Bradlee do Washington Post arriscam suas carreiras e liberdade para expor segredos governamentais que abrangem três décadas e quatro presidentes dos Estados Unidos.

Quando a hegemonia política que controla os Estados Unidos é ameaçada, para que se inicie uma guerra é apenas uma questão de tempo. Os envolvidos geralmente são nomes de peso que ocultam objetivos bem sombrios, mas no conflito em questão (tema central de The Post: A Guerra Secreta), tanto os envolvidos quanto suas motivações são mais impactantes do que o normal e isso é o que faz a atmosfera desse filme, bem como a sua importância, tão relevantes.

Fonte: Divulgação (The Telegraph)

Dirigido pelo veterano - com qualidade de trabalho incontestável - Steven Spielberg, a trama tem um ar político denso e cheio de tensão (mesmo que ainda não se aprofunde tanto na abordagem, Spielberg entra um filme na medida certa para qualquer entusiasta do Jornalismo), que é repleto de momentos emblemáticos envolvendo a ascensão do jornal Washington Post em meio a tantos problemas e divergências de interesses (tanto pessoais, quanto politicamente judiciais e comerciais).

A polêmica em questão é sobre os tão polêmicos Pentagon Papers (manchete que foi colocada em pauta pela primeira vez através de uma publicação do New York Times), documentos sigilosos do governo dos Estados Unidos. Neles, estão presentes praticamente todas as mentiras (deturpadas e transmitidas para a sociedade como verdades) acerca da Guerra do Vietnam.

Em uma espécie de contra atraque na busca pela audiência e pelo reconhecimento, Ben Bradlee (editor-executivo do Washington Post) moveu "céus e terras" para conseguir, na íntegra, os tais documentos citados pelo jornal concorrente e publicá-los de forma direta, conseguindo assim um dos maiores furos de reportagens da história até então.

Fonte: Divulgação (Time)

Quando tudo parecia bem (já que Bradlee consegue os papéis), começa um embate entre a equipe do New York Times e a equipe do presidente Nixon, que vai até as últimas consequências legais para impedir de todas as formas a publicação relacionadas a esse assunto. Isso se reverteu em algo negativo para o trabalho do Washington Post, que por ser um jornal "local" (de pequenas dimensões) seria automaticamente anulado caso a justiça comprasse, de fato, a guerra entre eles.

No meio campo desse jogo perigoso está Katharine Graham, a dona do Washington Post que se vê em um turbilhão de sentimentos onde prevalecem muitas dúvidas acerca de publicar ou não uma matéria que poderia, definitivamente, acabar com o seu jornal (o maior bem de sua família, ao qual ela herdou).

Fonte: Divulgação (NY Times)

Na linha de frente, encabeçando o elenco estão Tom Hanks e Meryl Streep (diga-se de passagem, um combo fantástico que não pode ser obtido por qualquer diretor). Ambos dispensam apresentações e aqui, entregam mais um trabalho consistente (mesmo que conciso - até pela não profundidade do roteiro - em sua magnitude) e de qualidade. É aquele tipo de atuação que dá gosto de assistir por horas e horas sem ficar entediado e que deixa claro o porque esses dois atores serem essas duas grandes estrelas do cinema mundial.

Aliados a força do trabalho de Spielberg (que por sinal, consegue sem bem detalhista até na questão da fabricação dos jornais... certamente, um dos momentos mais "mágicos" e fascinantes do filme, porque são cenas muito ricas em minusciosidades visuais) o filme ganha um peso imensurável pelo que representa esses dois personagens centrais. Complexos e desafiadores (ao mesmo tempo que são frágeis e cheio de dilemas internos) eles são os pontos principais da trama e os responsáveis por abalar as estruturas do governo americano de uma forma como jamais havia sido vista.

Fonte: Divulgação (Global Movies)

Produção refinada e cheia ótimas finalizações estéticas (além de ter uma bela fotografia e uma trilha sonora bem pontuada), The Post: A Guerra Secreta é um filme que vai direto ao ponto (com direito a um final incrivelmente instigante envolvendo a polêmica do Watergate), carregando consigo uma importância de imenso valor (principalmente se considerarmos a questão das fake news no cenário atual e não apenas no campo da política), e com isso, oferece ao público a possibilidade de debates com um terreno extremamente fértil acerca dos mais diversos temas que são tão relevantes para a sociedade atual.