Se você é brasileiro ou apreciador de música popular brasileira, dificilmente não conhece ou não ouviu o clássico máximo desse autor:

"-Moro, num país tropical, abençoado por Deus, e bonito por natureza..."

Acontece que Ben Jor definitivamente não é só esse clássico, ou alguns de seus outros sucessos mais populares de rádio. Ben Jor assim como muitos outros compositores brasileiros passou por inúmeras fases dentro de sua carreira. E se você já me conhece pelas outras postagens do Dicionário da música brasileira, sabe que eu vou é procurar os malditos, os complicados, os poetas sofridos e insanos. Então, vale a pena falar exatamente sobre a fase mais visceral de Jorge Ben Jor. A fase alquimista!

Apesar de sua absurda densidade em termos de conteúdo e simbolismo, A tábua da Esmeralda é o álbum de maior sucesso de Jorge Ben, base de inúmeros sucessos e sem dúvidas de seu mais rico conteúdo lírico/filosófico. De certa forma flerta com o conceito dos álbuns Racional Vol 1 e 2 do incrível Tim Maia, por conseguir colocar o místico e o esotérico lado a lado com melodias completamente fortes, fáceis de digerir e extremamente de bom gosto. Não tem erro.

Eu não sei o quanto o povo era instruído em 74 (ano do álbum), mas não sei se todo mundo chegou a compreender a complexidade de algumas de suas faixas: "...Executam, segundo as regras herméticas
Desde da trituração, a fixação, a destilação e a coagulação..." ou "Tem uns dias que eu acordo pensando e querendo saber de onde vem O nosso impulso De sondar o espaço A começar pelas sombras sobre as estrelas-las-las-las E de pensar que eram os deuses astronautas..."

Penso ainda em como foi explicar para a gravadora que fez uma música para um dos primeiros médicos botânicos, fitoterápicos, alquimista, místico e misterioso: Paracelsus, em sua canção "O Homem da gravata Florida". Ou resolver escrever uma verdadeira obra teórica a respeito de: "Hermes Trismegisto e sua celeste Tábua de Esmeralda"

Jorge Ben não estava pra brincadeira, Zumbi, a oitava canção do álbum detonava com força e um samba maldito a seguinte ideia:
"Eu quero ver
Quando Zumbi chegar
O que vai acontecer
Zumbi é senhor das guerras
È senhor das demandas
Quando Zumbi chega é Zumbi
É quem manda"

Naturalmente que não estamos falando de mortos vivos...

Fica difícil dizer qual é a melhor canção desse álbum, mas resolvi deixar aqui uma de minhas preferidas para vocês degustarem!