#DICIONÁRIO DA MÚSICA BRASILEIRA# - Dingo Bells

Dingo Bells

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Ao ouvir o LP do grupo Dingo Bells (sim, o LP, por que hoje em dia estamos em pleno pré-boom da cena do vinil novamente), Maravilhas da vida moderna, você será bombardeado por emoções não tão comuns no atual mercado musical brasileiro. Seja pela voz poderosa e limpa do vocal que permeia a obra, pela temática sensível e tão intimista que envolve a vida social, as angustias, emoções, crescer, viver, etc, ou pela própria musicalidade pop e de alta qualidade apresentada pelo trio: Rodrigo Fischmann, Felipe Kautz e Diogo Brochmann. O grupo de Porto Alegre - Brasil, traz certa familiaridade no som com outros grandes do sul: Nenhum de nós, Bidê ou Balde, Cachorro Grande e até acusticos e válvulados, não tanto pelo som em si (afinal o próprio vocal lembra mais um Tim Maia em sua boa fase de voz limpa) mas pela "energia" que o rock gaúcho tem que é difícil de explicar.
O álbum tem seu primeiro grande momento na segunda faixa: Mistério dos 30 que não é nada menos que uma poesia visceral e sincera sobre o crescer e amadurecer. "tempo e tédio, ocupando o prédio de vidro... maravilhas da vida moderna... quando o homem saiu da caverna aos trinta...". Dinossauros por sua vez tem uma pegada filosófica "é, talvez a sua imaginação esteja tão limitada por problemas reais..." e segue recheado de musicas fortes e bem compostas, mas é em "Todo nó" que a banda mostra seu real potencial, não só de potencial melódico, mas de composição pop de alto nível:
"tanto faz se é sorrindo que se desfaz todo nó da garganta... afinal sente o gosto ruim de metal quando aperta a gravata... e sabe que no fim do mês desesperado ao jeito inglês, num mar de aspirina..." seguido de um refrão brutal de poesia romântica e de certa forma melancólica: "alegria é a mão que te tira o sono devagar e deixa ao sol para secar...", daí pra frente a canção só cresce num arremedo bem sucedido de Beirut com Edward Sharpe sem soar tedioso.
O que aprendemos ao ouvir Maravilhas da vida moderna é que o rock nacional está em plena ascensão, porém de certa forma subliminar, compactado em um suposto cenário alternativo (dado a falta de espaço nítida e absurda do gênero na mídia aberta como a TV e o rádio). Porém, vivemos na era da internet que por si só deixa claro o fato de não dependermos mais de conteúdo digerido para absorvermos, porém, topamos com outro bloqueio: a densidade de conteúdo existente. Desde que a música se tornou livre e a grande maioria descobriu a liberdade de composição, gravação e publicação, é no mínimo desafiador descobrir algo por acaso. Acabamos presos em redes de sugestões, que quase sempre ajudam. Mas como diz o youtuber Eric P Álvaro em um de seus videos: Você jamais vai saber se de fato existiu uma banda punk polonesa no final dos anos 70, você sofrerá para sempre sabendo que não conhecerá todos os filmes do mundo, todos os grupos do mundo, todos os livros, muita coisa simplesmente vai existir e você vai perder.
Tudo que podemos fazer é abraçar algumas sugestões. E espero que através desses artigos, desta proposta, possamos fazer dessa tag "#dicionáriodamusicabrasileira" uma central de sugestões para alguns interessados.

Então, aproveitem agora essa sugestão:

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