Resenha - Livro - Assim é (se lhe parece) - Luigi Pirandello

in #pt6 years ago (edited)

Salve pessoal !

Hoje vou trazer uma resenha que fiz, de um livro muito importante na minha vida pessoal e formação.

Esse livro peça do autor Luigi Pirandello chama-se Assim é (se lhe parece).

assim é.jpg
Título: Assim é ( se lhe parece)
Título original: Cosi e ( se vi pare )
Autor: Luigi Pirandello
Editora: Tordesilhas
Páginas: 200
Tradução: Sérgio N. Melo
Edição: 1 ( 2011)
Obervação: Representada pela primeira vez em 1917 na Itália

Resenha:

Pirandello demonstra através dessa peça, uma realidade que todos nós vivemos, porém poucos param para entender.

E essa realidade que vivemos, é uma realidade individual, ou seja, existe o real, mas nosso funcionamento mental, transforma esse real, em a realidade que nós queremos(e não é só conscientemente).

Assim, automaticamente impomos que a realidade do outro deve ser como nossa, inicialmente por instinto (inconsciente) e respaldado pela nossa personalidade, interpretamos a vida do outro e das circunstâncias da vida, baseado em “achismos” (julgamentos pessoais), como Pirandello diz "criamos um fantasma e acreditamos que é real".

Na maioria das vezes, quando falamos, falamos da gente, mesmo falando dos outros. Todos nossos sentidos e sensações são nossos, pode parecer bobo, no entanto quem nunca ficou com feliz, triste, irritado, angustiado, e atribuiu o motivo ao outros, e mesmo que seja também, pois tendemos a pensar dicotomicamente, somos nos e os outros ao mesmo tempo.

O problema que muitas vezes deixamos de viver o real e vivemos nossos fantasmas, nossas projeções, não conseguimos ver o todo. Projetamos nossa realidade no outro, e muitas vezes, sofremos e causamos sofrimento.

Existem muitas obras, demonstrando como as situações podem ser contextualizadas ao nosso modo de ser, e Assim é (se lhe parece), é para mim, uma obra muita clara e mais fácil de visualizar.

Para exemplificar um pouco dessa interação entre nossa percepção e realidade com real, e nada a ver com conteúdo do livro, gosto de uma metáfora que ouvi varias vezes, onde dois indivíduos estão vendo uma cadeira, um de frente para cadeira, e o outro atrás da cadeira, se perguntados sobre o que estão vendo, cada um dará características dos que estão vendo, nenhum vai estar errado, mesmo vendo o mesmo objeto, eles estão vendo através de percepções diferentes.

Só que no dia-a-dia é comum, acontecer do indivíduo que está vendo a cadeira de frente, dizer que o outro indivíduo está errado ao descrever as características da cadeira, que a cadeira não tem as características que o outro descreveu, e sim as que ele descreveu, e o outro indivíduo que está atrás da cadeira, também agir da mesma forma, afinal eles estão vendo a cadeira, e nossos olhos não mentem.

Os olhos não, nosso funcionamento mental pode sim nos enganar.

E assim, as discussões evoluem em busca do vencedor,o outro tem que estar errado. Agora pensem nessa metáfora em tudo na vida, principalmente nas nossas relações familiares. E também em nossas relações com outros, nossa opinião é sempre a mais correta.

Afinal a questão o que delimita o certo e errado? Bom ou ruim? O que é ser normal ? Quem é normal ? Quem é louco ? Existe loucura ?

Um exemplo, uma questão bem debatida na política, é a ideologia de direita e esquerda, somos de ideologia direita ou esquerda? Temos que ser de direita ou esquerda? Não podemos nos afeiçoar com algumas questões de direita e algumas de esquerda ao mesmo tempo? O centro é em cima do muro? Então agora tem ser direita, esquerda ou centro? Será que todos entendemos o mesmo significado de direita e esquerda? Podemos não ser nada?

Quantos condenaram o ex presidente Lula em seus julgamentos morais, individuais, pessoais ? ou pelo menos viram isso acontecer. Quem realmente leu seu processo penal? Não li também, e nem votaria nele se viesse como candidato nas próximas eleições, é só um exemplo bem claro.

Até que ponto as leis sociais, chegam as leis jurídicas? E porque foi criado leis para reger uma sociedade?

E por fim, todos devem ser como eu quero que seja? os meu valores que regem a sociedade?

É sempre mais fácil olhar os outros do que nós mesmos!

Tentar entender o outro, chama-se empatia, que não é aceitar tudo e todos, é entender o outro, seus motivos, seu caráter, sua personalidade. E não há outra forma de entender o outro, se não perguntar, quando já sabemos mesmo sem perguntar, nos mostra que aí não há real empatia, há sim preconceitos.

Além disso, como Pirandelli traz magistralmente, será que sempre temos que entender todos, suas verdades, ou por vezes entender que não precisa entender tudo, o outro nos mostra o que ele quer mostrar. Cada um tem sua personalidade, suas vivencias, e nem sempre estão abertos a compartilha-las com outros.

Fazemos parte do mundo, ele não pertence a gente.

Por vezes as pessoas nos mostram o que elas querem mostrar, e isso não depende do nosso gosto e sim do gosto dessa pessoa. E somos também assim, mostramos o que queremos mostrar.

Podemos perceber isso em nossas relações, mais forte em nossos entes mais próximos, e em todas as nossas relações, desde amigos, colegas, conhecidos e desconhecidos.

Isso fica bem visível quando se discute relação, religião, política, futebol, vida pessoal, empregos, etc...

Nos apresentamos para cada um de uma forma, e na maioria das vezes não percebemos, é natural, outras vezes modulamos nosso comportamento, existe todo tipo de pessoa, somos seres singulares, mesmo assim muitos tornam os outros reféns de sua vontade e julgamento, e muitos são reféns do olhar e julgamentos dos outros.

Cada indivíduo constrói uma realidade, sua realidade, um encadeamento de ideias, gerando o pensamento, satisfazendo e buscando aumentar essa satisfação de acordo com sua necessidade de construir sua história, de sentir prazer no real, sempre interagindo com outros indivíduos, invariavelmente precisamos do outro.

Somos seres coletivos, não a toa vivemos em sociedade, nossa espécie não é uma espécie que o ser sobrevive isolado e se sobrevive, não evolui, precisamos do outro, compartilhar nossas realidades respeitando nossas diferenças é imprescindível, até como inteligência e evolução, é lógica, não é subjetivo.

Então respeitar nossas diferenças, treinar empatia, estar disposto a refletir, aprender e ensinar, julgar menos e acolher mais, certamente é um caminho para menores sofrimentos mentais.

E lembrar que muitas vezes independentemente do que é real, ou não, pouco importa, e por vezes nem percebido, o real é o que é vivido!

Viva o presente das suas relações. Ou não.

Obrigado pela leitura, espero que tenham gostado.

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Excelente texto! Muito bom para refletimos sobre nossos preconceitos, julgamentos e em como é imprescindível, para viver bem em comunidade, entender o próximo!

Obrigado @giovanalrico! É imprescindível! Só assim continuaremos evoluindo como humanidade.

Esse tema é extremamente importante, principalmente nos dias de hoje com tanta intolerância. Muito boa a resenha, vou procurar ler esse livro. Obrigada por compartilhar!

Não podemos perder o caminho para uma sociedade melhor. Muito bom poder trazer temas assim aqui. Vale a leitura, livro é rápido pois é peça, obrigado pelo elogio.

Olá, @matheusggr
@Steembookx percura e visibiliza post relacionados cos livros, livrerías e bibliotecas e BookCrossing
Teu post foi votado, re-blogado e mencionado no post #Resenhas livros coa #pt Semana 4/2018
Obrigada polas túas contribucións.

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Belo trabalho. Obrigado.

O número de universos existentes é o mesmo do número de pessoas.
Cada um vivendo isoladamente no seu universo e interagindo com outros.

Interessante!

Exatamente. Precisamos compartilhar mais nossos universos. É o steemit está sendo uma boa oportunidade de trazer isso, trabalhando de forma melhor essa interação de universos. Quem sabe um dia possamos viver unidos mesmo em universos diferentes. Obrigado @ignis2

Sensacional! Bela resenha. :*

Parabéns, seu post foi votado e compartilhado pelo projeto Brazilian Power, cuja meta é incentivar a criação de mais conteúdo de qualidade, conectando a comunidade brasileira e melhorando as recompensas no Steemit. Obrigado!

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Cada um encara a realidade de uma forma. O julgamento é, talvez, das atitudes humanas mais desnecessárias. Obrigada pela partilha, amigo!

De certa forma. Eventualmente julgamos algo, faz parte do nosso comportamento, porém julgar as pessoas o tempo todo, por nossas leis, realmente é desnecessário. Obrigado pela leitura @a-aquarius.

Aprendi muito novamente e você fez uma ótima conclusão no final.

"Pratique empatia. E, tem coisa que simplesmente nem importa."

Obrigado mais uma vez. Parabéns por entregar valor. Que possa modificar para melhor muitas vidas. Tanto no consultório, quanto online.

Obrigado pelo comentário @casberp. Estamos aqui para aptender juntos! Praticar o diálogo que nos levará a esse caminho! Nem todos entendem muito bem essa linguagem, você pegou bem rápido.

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