To "bid" or not to "bid", eis a questão: notas soltas sobre curadoria e bidbots

Tanto quanto "espectacular!", vivemos desde há muitas décadas numa Sociedade do Espectáculo como Guy Debord lhe chamava. Sem querer aqui discutir as ideias de Debord, a verdade é que vivemos num sonho sonhado por outros. Adormecidos numa ilusão unificadora colectiva que na realidade nos separa ao nível individual. Se levado o conceito idealizado de verdade ao seu limite mais puro, vivemos numa sociedade de omissão da verdade sob um conjunto de representações idealizadas do que é (deveria ser) real.
Onde quero chegar, no caso concreto do Steem, é o que define ou não um BOM POST? Quem o define? É o seu criador? É o conteúdo em si? É o payout? São os curadores que o consideram como tal? E o que define então um bom curador? É o peso do seu voto, conquistado com trabalho ou com uma simples, quase instantânea, aquisição de SP? Arriscaria a dizer que bom e mau conteúdo convivem, à deriva, na plataforma Steem, "colidindo" com curadores que mais ou menos honestos, mais ou menos conscientes, lhe atribuem, subjetivamente um valor, muitas vezes fazendo cálculos complexos para obter o máximo payout de curadoria possível, muito longe de avaliar o conteúdo do próprio post. Não digo que o façam todos. Mas certamente exista quem o faça. E assim, como curadores, nos vamos cruzando com posts que, pelo seu conteúdo espanta conseguirem mais de 10$ de curadoria. Outros há que, surpreendentemente não passaram dos 0,10$. O espectáculo continua... Uns saltam para as luzes da ribalta como "Campeões dos Payouts". Outros continuam a escrever, gravar, fotografar, publicando, quase por "mero" prazer...

Nesta "Espectacular" plataforma, um espaço virtual que da sociedade floresce, cruzam-se conteúdos dos mais varíadíssimos temas. Uma blockchain que, pelas diferentes apps, agrega conteúdos típicos de blogging, shortmessaging como Zappl, rede social onde prevalece a fotografia (Steepshot), música (DTube), vloging e streeming (DTube,DLive), etc.. Torna-se uma tarefa megalómana curar com objectividade todos os conteúdos, por muitos utilizadores dedicados que se consigam. Aqui, um primeiro papel dos bots é essencial, o de policiamento. É esse o papel de, por exemplo o papel do @cheetah. Este bot, encarrega-se de "vigiar", detectando casos de plágio que são depois "julgados" por agentes humanos, dando a possibilidade de o "réu" fazer a sua defesa. Este é um bom exemplo da cooperação entre humanos e não-humanos (robôs). Porque é de pessoas que falamos, são as pessoas que "julgam" outras pessoas, delegando a tarefa de vigilância e detecção à capacidade incansável de uma "máquina".

Mas não é do @cheetah que aqui pretendo falar. É das bids. Dos BidBot's. De votos comprados por utilizadores da plataforma Steem. Talvez o façam como forma de chamar a atenção para si. De receberem melhores payouts, de verem o seu trabalho recompensado. Obterem rendimento. Na interacção cada vez mais comum entre humanos e robôs, negar-lhes a existência seria negar o rumo que tomamos enquanto sociedade. E a utilização dos Bid Bot's é só mais um dos usos que lhes damos. Primeiro, convem repara na forma selvagem, e contudo sábia e astuta, que decorre na colocação de uma bid, mesmo para quem utiliza o Bot Tracker. Fazer bid tornou-se numa espécie de arte, de execução astuta de uma aposta, no momento certo, para se conseguir a maior recompensa possível, em que o vencedor inquestionável é o criador, muitas vezes talvez perverso, do bot em causa. Sim, não nos esqueçamos que os bot's são criados por pessoas (ou equipas) muitas vezes à sua "imagem e semelhança".

Antes de mais, eu assumo: sou utilizador de Bid Bot's. Aliás, sou utilizador de um em particular: o @ptbot. A minha entrada para o Steem deu-se em finais de Agosto de 2017. Nunca participei realmente na plataformo com conteúdo, pois das poucas vezes que produzi algo, os payouts eram miseráveis! Talvez tenha desistido demasiado cedo. Eu sei que vários utilizadores demoraram meses até conseguirem algum estatuto. Talvez eu precise de pessoas... numa plataforma que se quer social. A grande motivação para produzir e postar conteúdos na plataforma surgiu depois de ter sido convidado para a comunidade portuguesa e brazileira do Steem. Sob as tags #pt e #portugal, sem dissonâncias nem competitividade, mas antes com complementaridade e partilha, vamos desbravando caminho. E foi também assim que começou a minha experiência com o PT Bot. Sem querer promover este simpático companheiro (podem ler as condições de utiização no link para o site do mesmo), a minha experiência foi no mínimo recompensadora. Não é o bot com o melhor voto do universo Steem. Mas é talvez o mais user friendly. Sobretudo para novatos, ou para despreocupados que não querem competir pela bid "extraordinária" de um bot "desconhecido" que acaba por dar prejuízo, o @ptbot acabou por tornar-se uma mascote da comunidade de #portugal no Steem. Como disse antes, os bots são feitos por pessoas, à sua "imagem e semelhança".