Atahualpa Yupanqui (1908 - 1992) e o folclore latino-americano!

in #pt6 years ago

Atahualpa Yupanqui, é o pseudônimo emprestado de dois imperadores incas: Atahualpa (1532-1533) e Túpac Yupanqui (1471-1493). Em quíchua (uma importante família de línguas indígenas da América do Sul, hoje falada por cerca de dez milhões de pessoas de diversos grupos étnicos da Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador e Peru ao longo dos Andes) , significa “aquele que vem de terras distantes para dizer algo”. O nome Atahualpa foi usado por Héctor Roberto Chavero, desde seus primeiros textos aos 13 anos de idade, no qual posteriormente agregou Yupanqui.

O compositor, cantor, escritor e violonista argentino, filho de pai mestiço de origem quéchua, e mãe crioula de origem basca, nasceu no dia 31 de janeiro de 1908 em Campo de la Cruz, antiga área rural próximo a cidade de Pergamino na província de Buenos Aires. Passou a primeira infância em Agustín Roca, aonde aprendeu a tocar violino com o padre Rosáenz, da aldeia local. Mais tarde aprendeu violão na cidade de Junin, com o concertista Bautista Almirón. Seu único professor de violão. Com este, Roberto Chavero descobriu a música de Sor, Albéniz, Granados e Tárrega.

Aos dez anos de idade mudou-se para Tucuman, norte da Argentina, ali conheceu nova paisagem, música, e instrumentos, como os tambores e a harpa paraguaia. Período este que também escreve textos com o pseudônimo que lhe acompanharia por toda a vida.

A morte prematura de seu pai, forçou Héctor a se tornar chefe da família ainda quando adolescente. Tentou a vida como jogador de tênis, boxeador, foi improvisado como professor, depois tipógrafo, cronista, jornalista e músico. Com 19 anos compôs a canção “Camino del Indio” no qual podemos ouvir abaixo, e conheceu a fundo o norte da Argentina e sul da Bolivia.

Em 1931 casou-se com María Alicia Martínez, mudando-se para a província de Entre Rios, aonde nasceu Alma Alicia Chavero, sua primeira filha dos quatro que viria a ter, antes de divorciar-se em 1937. Em janeiro de 1932, participou da fracassada tentativa dos irmãos Kennedy de tomar a cidade de La Paz em defesa da democracia, na província de Entre Rios. Após a derrota exilou-se no Uruguai e sul do Brasil até 1934.

Em 1935 diversos interpretes começaram a popularizar suas canções no rádio, período em que organizou uma incursão pela Argentina para testemunhar, e registrar antigas culturas nativas. Em 1936 realizou suas primeiras gravações pelo selo Odeon, e em 1941, foi publicado seu primeiro livro de versos "Piedra Sola" na cidade de Jujuy.

Em 1942 conheceu a pianista e compositora Nenette Pepín com quem teve mais um filho e conviveu nos próximos 48 anos. Sob o pseudônimo de Pablo de Cerro, Nenette compôs cerca de 65 canções em parceria com Atahualpa, como “Chacarera de las Piedras”.

Por conta de sua filiação ao partido comunista em 1945, Atahualpa Yupanqui sofreu sensuras durante a presidencia de Juan Domingo Perón, foi preso diversas vezes até sua mudança em para a França em 1949. Durante este período apresentou-se com a cantora Edith Piaf em 1950, e publicou seu primeiro disco na Europa, “Minero, Soy” pela gravadora "Chant du Monde", que obteve o prêmio de melhor disco estrangeiro num Concurso Internacional de Folclore promovido pela Academia Charles Gross.

Em 1953, retornou à Argentina e tornou publico seu desligamento do Partido Comunista da Argentina. Que de fato ocorreu dois anos antes. Tal ação facilitou a veiculação de suas músicas no rádio. Em 1956 compôs as músicas o filme “Horizontes de Piedra” (1956), com base em seu livro “Cerro Bayo e Zafra” (1953), no qual também foi ator.

Entre 1935 e 1987 gravou mais de 50 álbuns, e escreveu 11 livros de 1939 a 1995. Considerado o grande precursor da “Nueva Canción Argentina”, Yupanqui foi o maior pesquisador de música folclórica da Argentina. Ele legou à música um vasto cancioneiro recolhido não só no interior, mas também em países vizinhos. “Duerme Negrito“, por exemplo, uma das muitas canções que recolheu e gravou, foi ouvida por ele na divisa da Venezuela com a Colômbia, aqui em uma versão de Mercedes Sosa.


Em 1986, foi condecorado como Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras na França, em 1987, homenageado na Universidade de Tucumán, no mesmo ano, criou a fundação que carrega seu nome na cidade de Cerro Colorado. Um lugar para os amantes da natureza, botânica, ecologia e das línguas antigas, que desde então, está comprometido com o desenvolvimento de ações que fazem parte de um macro processo de proteção integral do património cultural argentino e latino-americano.

Yupanqui dizia-se o "cantor de artes esquecidas", uma das poucas vozes que defendiam, nas décadas de 1930 e 1940 "o subalterno do subalterno". Antes de Yupanqui o índio era tratado na canção folclórica do mesmo jeito que fora retratado na historiografia oficial: selvagens, anti civilizados, autores de derramamentos de sangue. Com Atahualpa aparece o indígena interpelado como o ‘sábio ancestral’, natural, não contaminado, mas esquecido, e ao qual era preciso resgatar.

Atahualpa Yupanqui faleceu em 23 de maio de 1992, na cidade de Nimes na França, antes de sua morte foi amplamente homenageado, hoje seus restos mortais estão na cidade de Cerro Colorado, cidade em que instituiu sua fundação.

Um grande abraço!
Guilherme Faquetti
04 de fevereiro de 2018

Referencias bibliográficas

https://pt.wikipedia.org/wiki/Atahualpa_Yupanqui
https://es.wikipedia.org/wiki/Atahualpa_Yupanqui
http://memoriasdaditadura.org.br/artistas/atahualpa-yupanqui/index.html
http://www.fundacionyupanqui.com.ar

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Olá, @ guifaquetti :
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Gran Historia... es dificil a veces encontrar referencia de artistas o cantantes latinoamericacons que en su momento no tuvieron gran marketing publicitario... Gracias por compartir. Saludos desde Venezuela.

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