Como nós criamos um "Matoclube"

Hoje contarei um pouco sobre uma iniciativa de amigos que gostam de floresta, fogueiras e aventuras

Certo dia, como de costume já antigo entre nosso grupo de amigos, fomos até a floresta de um dos altos morros que cercam o vale que comporta nossa cidade para fazer uma fogueira. De lá se vê todo o horizonte, interrompendo-se a visão somente nos morros que fecham a outra parte do vale. Nossas duas cidades (que são como uma só) ficam no chamado Vale do Iguaçu. Apesar de uma altitude considerável (770~800m), vivemos em um vale que é cercado em todas as direções por morros cobertos de vegetação nativa. Não enxergamos horizontes, mas apenas esses gigantes que se elevam por todos os lados.

Lá nesse morro que é conhecido como Morro da Antena, no lugar que especificamente chamamos entre nós como Morro do Bacon, armávamos uma fogueira e fazíamos um pequeno abrigo para o caso de chuva. Lá faríamos uma carne e tomaríamos um vinho em meio à natureza enquanto acompanhávamos o dia a morrer e as luzes da cidade lentamente acendendo. Entre tópicos soltos em várias conversas no nosso pequeno grupo, comentamos de um amigo que não nos acompanhava mais desde que entrara para um motoclube da cidade. Tocando nesse assunto, um dos nossos brincou "pois devíamos, então, criar um matoclube". Todos nós rimos e fomos desenvolvendo, aos poucos, aquela ideia. Nascia assim o Matoclube Urutau.

03 de novembro de 2017, no dia em que surgiu a ideia

O nome vem do pássaro urutau, que é conhecido na sabedoria popular como uma ave mística e até de mau agouro. É inegavelmente uma ave muito estranha, diferente e com um canto único. Por sua estranheza e caráter sombrio, que pensamos encaixar nos membros do grupo, todos concordaram em emprestar seu nome para o Matoclube. A proposta do grupo era bem simples e simples deveria permanecer dentro da espontaneidade daquelas nossas expedições. Basicamente, nos encontraríamos e iríamos para algum lugar no mato, sem muitos apetrechos, sem muitas regalias, para fazer fogueiras, testar alguma ou outra técnica mateira, fazer uma carne, conversar e tomar alguma coisa. Algumas vezes faríamos trilhas, acampamentos ou só iríamos para o mato passar um tempo e então retornar – renovados.

Nosso símbolo, o urutau, no desenho feito por um dos membros e que acabou virando a representação do grupo

Nas próximas expedições, começaram a surgir mais ideias, eram apelidos de grupo, ideias para expedições, ideias para o clube, um grupo de facebook, um logo e até camisetas. Desde a criação do grupo, que surgiu como a mencionada brincadeira em 03 de novembro de 2017, nós já fizemos mais de 10 expedições dos tipos mais variados. Pescamos, acampamos na chuva, acampamos numa pedreira (relatado aqui), fizemos fogueiras e trilhas em lugares ermos e distantes e exploramos lugares novos.

Aquela brincadeira acabou dando muito certo e se tornando um grupo real que cria um compromisso com a aventura e com a vivência da natureza. Sobre viver a natureza já escrevi muitas vezes. No fim da postagem, deixarei links de outros textos que escrevi aqui no Steemit sobre isso. Enfim, é coisa que recomendo a todos. Não a criação de um grupo necessariamente, mas a busca, mesmo que mínima, por esse contato íntimo com aquilo que escapa à cidade.

Eu planejo escrever aqui no Steemit sobre as aventuras do Matoclube Urutau que garantirem algum alimento à inspiração. Quem saiba não possa inspirar nos demais steemians um pouco desse espírito aventureiro que tentamos conservar!

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Acampamento na Pedra da Tormenta | Sobre um passeio e o espírito dos acampamentos