Saúde Mental Brasil

in #saudemental7 years ago (edited)

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Ainda indeciso como utilizar o steemit, realizo agora, utilizar desse espaço para falar de saúde mental, discutir conhecimentos, compartilhar opiniões, debate-las. Contar um pouco da dinâmica de viver a realidade do sistema de saúde único do Rio de janeiro, com ênfase na área que atuo, como médico residente em psiquiatria, da secretaria municipal de saúde do rio de janeiro.

Para iniciar deixarei um texto que fiz no final do mês passado, intitulado de Muito Além do Que se Vê, um pouco sobre a ciência da clinica do funcionamento psíquico.

Muito Além do Que se Vê

Convido vocês, caros leitores, a uma breve caminhada pela mente humana. Parece estranho a princípio, mas não é, e não é de hoje que foi dada a largada a essa busca incessante e incrível, que é explicar o lugar responsável por delimitar quem nós somos e como interagimos com o ambiente onde vivemos, como então é o funcionamento psíquico? E a partir deste questionamento, nos darmos conta que discutimos todos os temas pertinentes do momento, dentre eles política, economia, corrupção, religião, drogas, direito, imprensa, cultura, etc. Será que é pertinente que devemos conhecer quem somos? Como chegamos a ser quem somos? Somos causa ou consequência do meio que vivemos?

Inicialmente, já nos deparamos com uma questão pertinente, vale a pena discutir isso? Claro que sim, temos que discutir isso, tudo é consequência do que somos, temos que discutir em casa com nossos filhos, na escola, entre amigos, a linguagem é a base do que a gente é, construída ao longo da evolução humana nos deu a capacidade de chegar ao ponto da humanidade que somos hoje, e o que nos diferencia dos outros animais presentes em nosso ecossistema. Sei que é um tema diferente, avisei que seria estranho, mas não é nada novo, a filosofia desde a Grécia antiga há milhares de anos, uma cultura sofisticada, avançada nos padrões da época, um grande pensador bem conhecido chamado Sócrates, inaugura o período antropológico do pensamento clássico, com o lema “conhece a ti mesmo”, e assim outros grandes pensadores como Platão e Aristóteles, deram continuidade, abrindo margem para a criação da psicologia, que etimologicamente se remete a “estudo da alma” ou “compreensão da alma”, desde então muitos estudiosos da alma, vem trabalhando e estudando esses conceitos, conhecendo cada vez mais a nossa psicologia, dentre grandes pensadores temos S. Freud, J. Lacan, C. G. Jung, K. Jaspers, temos muitos brasileiros também como Leme Lopes, Nobre de Melo, Antônio Carlos Rocha, e muitos outros pesquisadores e cientistas, do qual citei ínfima parte, como referencias, mas que são muito pouco em relação a grandes mentes que ao longo dos anos trabalharam ou trabalham ainda hoje a vida inteira em busca de entender a mente humana.

Voltando um pouco, já iniciaremos respondendo à pergunta se é pertinente que devemos conhecer quem somos? É uma pergunta capciosa, muitos já vão falar quem sabe quem são, outros que não querem nem saber, porém temos que entender nessa cultura do imediato que vivemos hoje, e como isso repercute em tudo e todos que interagimos, a problemática humana. O momento que vivemos hoje, na política chamado de polarização, na medicina no extremo aumento das depressividades, diferente da doença depressão, alguns autores direcionam ao momento de economia psíquica, onde temos dificuldade de entender o outro, pois estamos cada vez mais centralizados no virtual e nas nossas convicções, em um ciclo limitado de pessoas, dentro de uma dinâmica de milhões de pessoas diferentes, que só vale o que pensamos, queremos e dizemos, compartilhamos com quem pensa parecido com a gente, e tendemos a descartar o diferente. Em uma generalização pertinente, sabemos tudo sobre os outros, e cada vez menos sobre a gente. Deixamos esse conhecimento nas discussões cientificas, ou procuramos quando estamos nos extremos da saúde mental nossa ou dos nossos familiares, nos deixamos levar somente pela evolução biomédica, não é uma crítica, a medicina biomédica trouxe muito benefício também, porém traz muitos vieses, assim como tudo na vida, reduzindo o sofrimento humano as nosologias clinicas e extrema medicalização da sociedade.

E não apenas por isso, a própria dinâmica de relações do dia a dia é moldada pelo funcionamento psíquico, baseados na personalidade de cada um, onde o conhecimento cultural inunda, o conhecimento cientifico traz a verdade até o momento, lembrem-se até o presente momento, é o conhecimento cientifico, a era da ciência, que chegou após as eras agrarias e industriais, que aumentou a expectativa de vida, que estuda a evolução tecnológica, revolucionando todas as áreas, e mesmo assim esse conhecimento, hoje não é contemplado na prática política, nos tornando reféns da economia, dinheiro se tornou maior que o próprio ser humano. Contudo mesmo assim essa área da ciência responsável pelo estudo do funcionamento psíquico, não para de crescer, sabemos hoje, dentre uma clínica psiquiátrica imensa, por exemplo o motivo das pessoas se cortarem, sabemos dos motivos dos suicídios, do estresse, das psicoses, das neuroses, do transtorno bipolar, do cansaço mental, dos impulsos, da necessidade do uso de drogas, da depressão, das personalidades, como a personalidade antissocial que vemos nos filmes como psicopatas, é muito mais comum do que se parece, pode ser até seu chefe. E lembro são consequências, consequências da nossa dinâmica humana, não é de hoje, Michel Foucault traça essa sombra história muito bem, no homônimo A História Da Loucura, e mesmo assim, mantemos até hoje essa dinâmica de lado, para discutir, por exemplo, que é de direita e de esquerda, se Erasmo de Roterdã estivesse escrevendo Elogio a Loucura hoje, certamente colocaria a questão se isso não seria a própria loucura, e mais de 500 anos depois estamos na mesma.

Caros leitores, deixarei outras questões para pensarmos juntos, espero que tenham gostado de aprender um pouco, e interessados em partilhar esse caminho de olhar para nós. Lembro que estamos falando de ciência, não de conhecimento empírico. E se sabemos de tanta coisa, como vem crescendo cada vez mais os distúrbios psiquiátricos? Questão pertinente, podemos trabalhar grande margem de hipóteses, e foi o que me motivou escrever esse texto, e assim temos que, invariavelmente partir da premissa de base do relacionamento humano, assim não fica difícil entender, só parar para ler as notícias do dia a dia, ou quando andar nas ruas de Copacabana e ser normal famílias inteiras morando na rua. O humano desde o nascimento, tem o início do funcionamento psíquico que é individual, precisamos ter empatia, já podemos começar amenizando por entender e conversar com as pessoas que vivem com você, seja bebe, criança, adolescente, adulto ou idoso, explicando nossas opiniões e tentando entender a opinião do outro, claro, seguindo a dinâmica da linguagem de cada um. Tentando não julgar tudo no automático pelo nosso caráter, o caráter é individual, as opiniões sempre serão individuais e compartilhadas por caráter de mesma base de valores, passado de gerações para gerações, devido a esses inúmeros valores pregados, por inúmeras fontes, de grande base religiosa e cultural, temos assim, tendo em vista toda essa diversidade, na dinâmica do relacionamento humano, aprender a respeitar as diferenças, conseguir fazer isso já é um grande começo para amenizar esses transtornos.

Certamente, parece muito genérico, mas não é, quem trabalha com pessoas vê isso claramente, ouvir é tão importante quanto falar, entender o outro é imprescindível. Afinal, nesse mundo da psique há sempre muito além do que podemos ver.

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Olá, @matheusggr.
Gostamos do teu amplo artigo, e mencionámolo na nosa revista de hoje

Upvoted.

Saúdos dende a Galiza.

Faixe ilexible teu texto... me permito quitarlle o formato

Para iniciar deixarei um texto que fiz no final do mês passado, intitulado de Muito Além do Que se Vê, um pouco sobre a ciência da clinica do funcionamento psíquico.

Muito Além do Que se Vê

Convido vocês, caros leitores, a uma breve caminhada pela mente humana. Parece estranho a princípio, mas não é, e não é de hoje que foi dada a largada a essa busca incessante e incrível, que é explicar o lugar responsável por delimitar quem nós somos e como interagimos com o ambiente onde vivemos, como então é o funcionamento psíquico? E a partir deste questionamento, nos darmos conta que discutimos todos os temas pertinentes do momento, dentre eles política, economia, corrupção, religião, drogas, direito, imprensa, cultura, etc. Será que é pertinente que devemos conhecer quem somos? Como chegamos a ser quem somos? Somos causa ou consequência do meio que vivemos?
Inicialmente, já nos deparamos com uma questão pertinente, vale a pena discutir isso? Claro que sim, temos que discutir isso, tudo é consequência do que somos, temos que discutir em casa com nossos filhos, na escola, entre amigos, a linguagem é a base do que a gente é, construída ao longo da evolução humana nos deu a capacidade de chegar ao ponto da humanidade que somos hoje, e o que nos diferencia dos outros animais presentes em nosso ecossistema. Sei que é um tema diferente, avisei que seria estranho, mas não é nada novo, a filosofia desde a Grécia antiga há milhares de anos, uma cultura sofisticada, avançada nos padrões da época, um grande pensador bem conhecido chamado Sócrates, inaugura o período antropológico do pensamento clássico, com o lema “conhece a ti mesmo”, e assim outros grandes pensadores como Platão e Aristóteles, deram continuidade, abrindo margem para a criação da psicologia, que etimologicamente se remete a “estudo da alma” ou “compreensão da alma”, desde então muitos estudiosos da alma, vem trabalhando e estudando esses conceitos, conhecendo cada vez mais a nossa psicologia, dentre grandes pensadores temos S. Freud, J. Lacan, C. G. Jung, K. Jaspers, temos muitos brasileiros também como Leme Lopes, Nobre de Melo, Antônio Carlos Rocha, e muitos outros pesquisadores e cientistas, do qual citei ínfima parte, como referencias, mas que são muito pouco em relação a grandes mentes que ao longo dos anos trabalharam ou trabalham ainda hoje a vida inteira em busca de entender a mente humana.
Voltando um pouco, já iniciaremos respondendo à pergunta se é pertinente que devemos conhecer quem somos? É uma pergunta capciosa, muitos já vão falar quem sabe quem são, outros que não querem nem saber, porém temos que entender nessa cultura do imediato que vivemos hoje, e como isso repercute em tudo e todos que interagimos, a problemática humana. O momento que vivemos hoje, na política chamado de polarização, na medicina no extremo aumento das depressividades, diferente da doença depressão, alguns autores direcionam ao momento de economia psíquica, onde temos dificuldade de entender o outro, pois estamos cada vez mais centralizados no virtual e nas nossas convicções, em um ciclo limitado de pessoas, dentro de uma dinâmica de milhões de pessoas diferentes, que só vale o que pensamos, queremos e dizemos, compartilhamos com quem pensa parecido com a gente, e tendemos a descartar o diferente. Em uma generalização pertinente, sabemos tudo sobre os outros, e cada vez menos sobre a gente. Deixamos esse conhecimento nas discussões cientificas, ou procuramos quando estamos nos extremos da saúde mental nossa ou dos nossos familiares, nos deixamos levar somente pela evolução biomédica, não é uma crítica, a medicina biomédica trouxe muito benefício também, porém traz muitos vieses, assim como tudo na vida, reduzindo o sofrimento humano as nosologias clinicas e extrema medicalização da sociedade.
E não apenas por isso, a própria dinâmica de relações do dia a dia é moldada pelo funcionamento psíquico, baseados na personalidade de cada um, onde o conhecimento cultural inunda, o conhecimento cientifico traz a verdade até o momento, lembrem-se até o presente momento, é o conhecimento cientifico, a era da ciência, que chegou após as eras agrarias e industriais, que aumentou a expectativa de vida, que estuda a evolução tecnológica, revolucionando todas as áreas, e mesmo assim esse conhecimento, hoje não é contemplado na prática política, nos tornando reféns da economia, dinheiro se tornou maior que o próprio ser humano. Contudo mesmo assim essa área da ciência responsável pelo estudo do funcionamento psíquico, não para de crescer, sabemos hoje, dentre uma clínica psiquiátrica imensa, por exemplo o motivo das pessoas se cortarem, sabemos dos motivos dos suicídios, do estresse, das psicoses, das neuroses, do transtorno bipolar, do cansaço mental, dos impulsos, da necessidade do uso de drogas, da depressão, das personalidades, como a personalidade antissocial que vemos nos filmes como psicopatas, é muito mais comum do que se parece, pode ser até seu chefe. E lembro são consequências, consequências da nossa dinâmica humana, não é de hoje, Michel Foucault traça essa sombra história muito bem, no homônimo A História Da Loucura, e mesmo assim, mantemos até hoje essa dinâmica de lado, para discutir, por exemplo, que é de direita e de esquerda, se Erasmo de Roterdã estivesse escrevendo Elogio a Loucura hoje, certamente colocaria a questão se isso não seria a própria loucura, e mais de 500 anos depois estamos na mesma.
Caros leitores, deixarei outras questões para pensarmos juntos, espero que tenham gostado de aprender um pouco, e interessados em partilhar esse caminho de olhar para nós. Lembro que estamos falando de ciência, não de conhecimento empírico. E se sabemos de tanta coisa, como vem crescendo cada vez mais os distúrbios psiquiátricos? Questão pertinente, podemos trabalhar grande margem de hipóteses, e foi o que me motivou escrever esse texto, e assim temos que, invariavelmente partir da premissa de base do relacionamento humano, assim não fica difícil entender, só parar para ler as notícias do dia a dia, ou quando andar nas ruas de Copacabana e ser normal famílias inteiras morando na rua. O humano desde o nascimento, tem o início do funcionamento psíquico que é individual, precisamos ter empatia, já podemos começar amenizando por entender e conversar com as pessoas que vivem com você, seja bebe, criança, adolescente, adulto ou idoso, explicando nossas opiniões e tentando entender a opinião do outro, claro, seguindo a dinâmica da linguagem de cada um. Tentando não julgar tudo no automático pelo nosso caráter, o caráter é individual, as opiniões sempre serão individuais e compartilhadas por caráter de mesma base de valores, passado de gerações para gerações, devido a esses inúmeros valores pregados, por inúmeras fontes, de grande base religiosa e cultural, temos assim, tendo em vista toda essa diversidade, na dinâmica do relacionamento humano, aprender a respeitar as diferenças, conseguir fazer isso já é um grande começo para amenizar esses transtornos.
Certamente, parece muito genérico, mas não é,

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