#DICIONÁRIO DA MÚSICA BRASILEIRA# - TIM MAIA

in #pt6 years ago (edited)

Em minha primeira contribuição para o projeto idealizado pelo @thomashblum, eu vou falar sobre um dos maiores - pelo menos na minha opinião - cantores e compositores do cenário fonográfico nacional que se tornou um verdadeiro ícone inspiracional para milhões de músicos e fãs: o incomparável Tim Maia.

Fonte: Divulgação (Vinil Review)

Dono de uma voz potente e nada comum - aspecto esse que lhe propiciava um destaque natural onde quer que se apresentasse -, Tim era uma personalidade impulsionada por um comportamentos que costumavam alternar entre grandes momentos de inspiração ao passo que também sofria com grandes momentos carimbados por muitos devaneios (tanto em sua vida profissional quanto pessoal).

Nascido - no dia 28 de Setembro de 1942 - em um dos grandes cartões postais do Brasil (Rio de Janeiro), mais precisamente no bairro da Tijuca, Sebastião Rodrigues Maia (nome de batismo) era o caçula entre 12 irmãos. Pode-se dizer que ele iniciou a sua carreira musical como tantos outros cantores espalhados pelo mundo: no coral da igreja (embora nem todo mundo comece a carreira de cantor aos 8 anos de idade).

No ano de 1957, ele criou um grupo chamado "The Sputniks". Um dos integrantes não era ninguém menos do que o "rei" Roberto Carlos (ok, não vou polemizar aqui... mas na minha opinião, de "rei" ele na verdade não tem nada). Os outros componentes eram Arlênio Lívio, Edson Trindade e Wellington Oliveira.

Fonte: Divulgação (Fatos & Fotos)

O nome da banda surgiu como uma referência aos noticiários dos vôos orbitais da sonda Sputink. No entanto, a banda não decolou até o sucesso esperado por várias brigas internas - onde Tim era o protagonista, embora com uma forte justificativa para tais atos - geradas por um acordo de apresentação individual feito por Roberto Carlos muito pouco depois da banda ter se apresentado no Clube do Rock (na extinta TV Tupi). Naquele momento, o ato de Roberto foi visto como uma traição e logo ele deixou o grupo. O mesmo acontecera muito em breve com Tim, que se jogou em carreira solo com o nome pelo qual ficou conhecido. "The Sputinks" se tornou "The Snakes" e sofreu uma repaginada em sua formação original.

Desiludido com a falta de oportunidade no cenário da música nacional, Tim decidiu, em 1959, partir para os Estados Unidos e tentar a sorte por lá... A terra das oportunidades e berço de muitos gêneros e subgêneros musicais. Lá chegando, ele foi seduzido pelo ritmo do Jazz e não demorou muito tempo até que ele se tornasse um dos integrantes de uma banda de Twist (o que lhe rendeu uma entrada para se juntar ao grupo "Ideals", um convite feito por um músico americano chamado Roger Bruno). Ficando responsável pela harmonização do grupo e - em específico - pela guitarra, a banda lançou apenas um único disco (que na verdade hoje é chamado de EP) com apenas duas músicas: “New Love” (parceria de Tim com Roger) e "Go Ahead and Cry".

As coisas pareciam ir bem para o prodígio musical de personalidade forte, mas o seu comportamento relativamente destrutivo não lhe oferecia a raiz que ele precisava para crescer da maneira correta. Tim parecia estar sempre cercado de reclamações e pequenas polêmicas: furtava comida nos supermercados, pulava catracas em trens e exagerava na bebida e no cigarro (além de fazer uso de outras drogas). Chegou a ser preso no ano de 1963 (acusado de roubo e porte de drogas), mas cumpriu apenas 6 meses encarcerado, sendo deportado do país no ano seguinte (1964).

O futuro de Tim parecia incerto, mas ao voltar para o Brasil ele conseguiu gravar o seu primeiro LP ("Tim Maia"), que felizmente, conseguiu obter sucesso com as músicas “Azul da Cor do Mar”, “Coronel Antônio Bento”, "Primavera" e “Eu Amo Você”. Continuando com sua trajetória feliz, em 1971 lançou mais um trabalho. Intitulado "Tim Maia" (ele não tão original com os nomes de seus álbuns, né? haha!... mas tudo bem, isso é um detalhe irrelevante) e fez sucesso com sucesso com “Não Quero Dinheiro, Só Quero Amar” (uma canção dançante de sua autoria), “Não Vou Ficar” e “Preciso Aprender a Ser Só”.

Já em 1975, lançou durante uma fase mística de autoconhecimento de Tim, ele apresenta ao mundo o álbum “Rational Culture”... Momento esse onde ele havia se afiliado a uma seita chamada Universo em Desencanto, fazendo-o produzir/criar uma trilogia de álbuns intitulada "Tim Maia Racional", onde o seu consumo de drogas era praticamente ausente (período conhecido como a fase mais zen do Tim).

Quando as coisas parecem entrar nos eixos, eis que Tim começa a criar um histórico de atritos com as gravadoras. Mas isso não o impediu de ser um dos primeiros artistas a lançar o seu próprio selo musical, "Seroma" (que posteriormente viria a se transformar em uma gravadora, a "Vitória Régia"). Dentro dessa gravadora vieram vários sucessos, dentre eles: “Descobridor dos Sete Mares”, “Me Dê Motivo" e "Que Beleza".

Mas ainda sim, parecia que isso tudo não foi o suficiente para fazer com ele mudasse o seu temperamento. Isso resultou em mais históricos de problemas (que agora se estendiam a seus fãs e ao público em geral que apreciava o seu trabalho): faltava em shows, em entrevistas, e era conhecido como "reclamão" por sempre questionar do sistema de som dos locais onde se apresentava (isso passou a ser uma rotina para ele: "mais retorno, mais grave, mais agudo").

Fonte: Divulgação (Olhar Panorâmico)

O envolvimento com o álcool e com as drogas foi se intensificando ao longo do tempo, e infelizmente, o inevitável aconteceu... No dia 08 de Março de 1998, durante uma apresentação no Teatro Municipal de Niterói, ele acabou passando mal. Sendo retirado do palco, ele foi levado para o hospital e não resistindo as complicações de seus problemas, veio a triste notícia: Tim Maia havia deixado esse mundo.

Não pode-se dizer que a notícia de sua morte pegou a todos de surpresa, mas não acreditava-se que ele iria realmente partir naquele dia. O acontecimento entristeceu milhões de fãs espalhados por onde ele havia feito o seu nome, e mais uma estrela havia perdido o brilho da sua luz naquele momento. Um cantor de voz única que imprimia muito swing em suas apresentações ao vivo utilizando-se de personalidade extremamente marcante e um talento nato para composições através de seu senso crítico dotado de acidez, irreverência e ousadia (que aliás, além de cantar e compor... era compositor, maestro, produtor musical, instrumentista e empresário) .

Tim Maia viveu de forma intensa todos os sabores e dessabores de uma vida que a fama pode proporcionar e entre altos e baixos, vindo de origem de humilde, se firmou como uma dos grandes nomes da música nacional ao experimentar o gosto de vários gêneros (dentre eles: rock, pop, jazz, r&b, samba, mpb, soul e etc... além de cantar músicas em inglês), foi homenageado pela escola de samba Unidos da Ilha no Carnaval de 2017 (que fez o enredo baseado em sua história de vida) e ganhou as telonas do cinema em uma produção pomposa - para os padrões nacionais - no ano de 2013 em um filme que retratava sua biografia.

Dono de uma voz hipnotizante, se vocês ainda conhecem o trabalho dele... Através deste post, te deixo a mais alta recomendação para que vocês comecem a fazer isso o mais rápido possível!

Quer um ótimo motivo para começar já? Vê só essa apresentação ao vivo:

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[ Discografia ]

Tim Maia (1970) | Tim Maia (1971) | Tim Maia (1972) | Tim Maia Racional Vol. 1 (1975) | Tim Maia Racional Vol. 2 (1976) | Tim Maia - Em Inglês (1976) | Reencontro (1979) | Nuvens (1982) | O Descobridor dos Sete Mares (1983) | Sufocante (1984) | Carinhos (1988) | Dance Bem (1990) | Voltou Clarear (1994) | Nova Era Glacial (1995) | Pro Meu Grande Amor (1997) | Sorriso de Criança (1997) | Tim Maia Racional Vol. 3 (2011)

Curiosidade: O álbum "Tim Maia Racional Vol. 3" permaneceu inédito por 35 anos.

Observação: A lista acima não está completa porque existem várias coletâneas, além de alguns em inglês e edições "ao vivo" / "em grupo"... O que me levaria a fazer uma pesquisa mais extensa, e isso iria deixar o post muito longo. No entanto, a lista contém alguns dos álbuns de maior destaque da carreira dele.

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Parabéns, seu post foi votado e compartilhado pelo projeto Brazilian Power, cuja meta é incentivar a criação de mais conteúdo de qualidade, conectando a comunidade brasileira e melhorando as recompensas no Steemit. Obrigado!

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Boa! O Tim era o cara! Que suingue e que voz!
Obrigado pela postagem!
Como faço para contribuir também com o dicionário?

Por nada, @lucasalmeida. Fico feliz que tenha curtido a postagem. ;)

Então, para contribuir basta apenas escolher algum artista ou grupo brasileiro e escrever as suas considerações sobre. Não existe uma formatação para as postagens. O cunho adotado em escrita é totalmente pessoal, desde que o post tenha caráter informativo (porque a ideia é despertar a curiosidade nos leitores ao ponto deles ouvirem o que você estiver recomendando).

Utilize apenas # DICIONÁRIO DA MÚSICA BRASILEIRA # + artista ou grupo no título (isso vai facilitar a sua participação no projeto).

Poxa, que bacana! Logo farei as minhas contribuições então! Obrigado pela resposta!

Gosto muito de Tim Maia, acho que Tim Maia Racional é o meu favorito, três volumes impecáveis, provavelmente porque foi a época em que ele ficou sem usar drogas, trabalho magnifico. Ótimo post!

Minha intenção era escrever um subcapítulo à parte dentro dessa própria postagem, mas por achar que iria ficar um post muito extenso (porque eu iria explanar um pouco sobre ela)... Eu havia decidido não abordar essa parte. Mas eu editei rapidinho (motivado até pelo seu comentário, haha) e fiz uma menção a essa ótima fase dele, @bkdbkd.

Obrigado pela presença e pelo comentário. =)

Bela contribuição ao projeto!! Tim Maia é foda! Gosto muito. Gostei bastante também do filme que fizeram sobre ele, apesar daquelas histórias da cena cortada e tal (vi a versão completa). O cara tem inúmeras fases boas! Valeuu

Valeu!

Segue outro post para uma possível "curação", haha... https://steemit.com/music/@wiseagent/a-origem-das-notas-musicais-e-seus-respectivos-nomes.

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