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RE: Relatos Enteógenos - 01 - Psilocybe Cubensis

in #pt7 years ago

Perfeito cara, fico feliz com seu detalhamento em explicar os conceitos, realmente é incrível perceber o quão mediano é o conceito de consciência que eu tenho, que é baseado unicamente no senso comum da psicologia e da filosofia, ou seja: Consciência é o eu pensante dentro da carne, a capacidade de tomar noção, percepção e raciocínio. Mas acima disso aquela mágica até então pouco entendida de poder questionar-se a respeito da própria consciência, que supera o próprio noção do outro instintiva e esbarra no "pensar a respeito de si".
Mas sem dúvidas penso que existem vários pontos, sou um grande admirador do estudo psiquiátrico, mas acima disso acho que existe muita verdade na psicanálise. E realmente, a ideia de respostas advindas de algum lugar que relatou no inconsciente tem tudo a ver com a experiência da psilocibina. Inclusive tem uma famosa entrevista do pesquisador e entusiasta da psicodelia Timothy Leary em que fala que 1 experiência de psilocibina pra ele superou 15 anos de consulta psicológica que vinha fazendo. É claro, é um exagero grosseiro, por que estamos falando de mecanismos diferentes, mas o que é visto inclusive nas pesquisas que te passei (reforço que dê uma leitura dinâmica ao menos em algumas) é que ele tem um potencial muito semelhante aos mecanismos instintivos e naturais do homem de encontrar a solução dos problemas através de uma jornada interna que passa por inúmeras fases psicológicas, poderia dizer que cada experiência enteógena recria a jornada do herói (Joseph Campbell) dentro de nós. E isso acaba acelerando alguns processos difíceis como traumas severos psicológicos envolvendo morte, acidentes, etc. Mas como ambos sabemos, tudo muito novo, fresco e pouquíssimo estudado. Vamos observando. Semana que vem me organizo para mais uma postagem com outra substância, o negócio vai ficar ainda mais complexo haha.
E ainda vou querer falar de relação com esquizofrenia/psicose e tudo isso em relação as substâncias. Aliás, a gente deveria é fazer um bate papo ein?
Eu vou pensar num modelo aí e te procuro no discord.

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E não é um conceito mediano o que tem. É de outra perspectiva. Por exemplo a filosofia, o saber epistemológico, tem seu conhecimento em uma dimensão maior. A psiquiatria é um saber médico, no contexto saúde doença, a psicanálise começou de certa forma a partir da filosofia, e vem se distanciando da psiquiatria, e é o estudo da linguagem dentro da psiqui. Saussure no final do seculo XIX, nos trouxe o conhecimento de como estudar uma linguagem, e diferenciou o que fazia parte do comum a todos, e o que era a parte da psique, individual. Com base nisso Lacan, fez uma releitura mais estrita de Freud, que se baseava no evolucionismo biológico de Darwin.
Por isso tento nao descartar nenhum conhecimento, não podendo valora-lo sem conhece-lo, seria o comum preconceito, que todos temos, é humano.
E isso de psilocibina ter a possibilidade de chegar ao inconsciente, é intrigante mesmo.
Uma luta que temos, e que na cultura ainda encontramos dificuldade, é diferenciar que existe muitos conhecimentos estão no tempo presente, e muitos se apegam no passado, mas sem conhecer o passado não se chega no presente. Além de que o conhecimento, o saber é uma dimensao do que é sabido, podendo haver outra dimensao do sabido, e outra, e outra. Caminharemos para um tempo que talvez consigamos juntar essas dimensões, estamos em um tempo que muitos humanos excluem um saber por não dimensioná-lo, e descarta na paixão pelo seu saber, o afeto reina sobre a lógica, e nao tem culpado, somos humanos, não vulcanos. kkkk
As medicações psiquiátricas entram nesse contexto, são muito uteis, porem poremos tratar uma neurose obsessiva (Toc), com psicoterapia, e com medicação adjuvante, só que estamos em um momento, em que a medicação por vários motivos, dentre a industria, os profissionais, a cultura imediatista, que procuram caminhos mais rápido e fáceis, para uma problemática muito maior, que são sofrimentos da psique pelas relações humanas.
Então, até dentro mesmo da minha profissão temos discussões tensas(muitos médicos também não acreditam na psicanálise, a biomedicina é a base da medicina, os dados, os estudos científicos), de porque usar uma droga (seja ela qual for, e englobando as drogas que estamos e iremos discutir), se já temos um acervo de tratamento pelo discurso muito grande e que funciona, aos quadros neuróticos, que seria a maioria das pessoas incluindo a gente. Os psicóticos são mais complexos. E droga por droga, da forma como traz, talvez adiantaria os processos da psicanalise, que realmente são mais demorados, pois necessita entender o individuo, a maioria não entende que precisa ver para alem dos sentidos, aqui a importância da reflexão, e refletir sozinho você guia o caminho do seu pensamento, um fluxo continuo, o terapeuta faz um corte, e se constroe uma linguagem a partir disso. Nem sempre nossa criação, nos da o amadurecimento humano que precisamos para lidar com o mundo real, e precisamos de lógica para isso, e ai está a psicanálise, por mais que inundada pela economia do ser humano em conhece-lá.
Estarei aguardando os outros posts, guardei o relato da sua experiencia, tornarei a rele-lo, pois a sua realidade naquele momento é expressa de modo muito descritivo, e é o real que você viveu.
Terei prazer em discutir esses temas, que sabe você não goste e estude também, planejo trazer um post do meu estudo diário, pois venho ficando cada vez com menos tempo, pela demanda do dia a dia, e assim conseguiria postar, mesmo que fosse um assunto totalmente fora da linguagem comum, e que é difícil para mim também, por estar aprendendo. E claro que estou disponível para discutirmos esses assuntos, só falar, terei o maior prazer, é o que eu faço, o que eu gosto, onde moram minhas paixões pelo conhecimento, e onde trabalho para que essas paixões não interfiram com minha lógica, e isso é difícil, ainda há muito trabalho a ser feito. kkkk
Obrigado pela discussão @thomashblum. Realmente gosto muito dessas discussões com você, e acredito que seria muito bom ter uma mente aberta ao conhecimento na área que atuo, que vai para além da medicina, é a área do conhecimento humano.