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RE: Relatos Enteógenos - 02 - San Pedro (Trichocereus Pachanoi)

in #pt6 years ago

Seus relatos são incríveis! Gosto muito desse quadro. Guardo os links! kkkk
É um processo muito complexo, tenho muita curiosidade de entender os efeitos bioquímicos, cheguei a ler o que me passou, mas ainda é longe do que gostaria de entender. Até medicações que usamos, ainda não estão perto de serem entendidas bioquimicamente na especificidade que eu gostaria, por mais que já seja medicações bem estudadas, ainda falta um pouco dessa tecnologia, também não estamos longe. E fico triste de substancias como essas não serem estudadas. Você chegou falar dos relatos enquanto em uso das substancias, você utiliza eles na confecção dos post? ou por lembranças?

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Talvez eu não tenha com clareza uma noção do que exatamente você procura em termos de estudo dos efeitos, poderia ser mais claro? Quem sabe existam sim pesquisas a respeito na parte neuro e bioquímica, só pesquisar melhor. Agora, sobre os relatos, a parte do relato em si eu tenho guardado uma espécie de diário no computador com mais de cinquenta relatos da época, sempre escrevia logo após a experiência. A introdução ao tema e descrições das experiências eu faço pelo conhecimento prático e teórico que tenho, mas jamais sob efeito de qualquer coisa, hehe, primeiro, porque seria impossível, uma experiência enteógena é intensa demais para que você consiga ficar sentado escrevendo um texto elaborado. E um momento de introspecção e desligamento dos hábitos cotidianos. O intelecto é utilizado nas experiências mas de forma diferente, para dentro e não para fora. Outro motivo é que não tenho tentado experiências enteógenas há muitos anos, não pelo menos nesse nível e com esse tipo de substância. Obrigado por ler e comentar, amigo. Essa semana próxima público mais um.

Me expressei errado. Era para perguntar se você tinha relatos dos momentos em que estava usando, ou logo apos utiliza-los, e utilizava esses relatos da confecção do post. Como se vc usa o diário para escrever? ou é da lembrança que você guarda da experiencia? Essa parte bioquímica é complicada, nosso cérebro tem muitos locais de ação diferentes, e as substancias em geral agem em locais além do que deveriam, a procura da biomedicina, é que locais cada vez mais específicos, isso traria menos efeitos colaterais. Porem no corpo todo temos receptores, e no próprio cérebro. Tem droga(em geral) que age como agonista do receptor, tem algumas que são antagonistas, tem algumas que aumentam a quantidade do neurotransmissor na fenda, antagonizando o inibidor do receptor, tem outras a que agem na cascata de eventos bioquímicos que irão originar o impulso neuronal, tem que vão fazer mais de uma ação, ou agir em receptores diferentes mas que geneticamente se assemelham. Por exemplo o sertralina é um inibidor da receptação da serotonina, o aumento da serotonina remodula a fenda, aumentando a quantidade de receptores com o tempo, é uma droga mais seletiva, porem ainda muitos não se adaptam, é uma droga muito boa na teoria e na prática, veio como um inibidor mais seletivo, porem com mais estudos e tecnologia, ela nao é tao seletiva quanto se pensava, tem estudos que mostram interação com plaquetas, outros com receptores cerebrais adrenérgicos (alfa 1, alfa 2 e beta), colinérgicos, GABA, dopaminérgicos, histaminérgicos, serotoninérgicos (5HT1A, 5HT1B, 5HT2) ou benzodiazepínicos. E talvez não seja somente isso, ainda devemos descobrir mais interações, que na teoria serão importantes talvez para refinamento da molécula, na pratica ela funciona plenamente, da forma que deve ser indicada, e dependendo da dose alvo, biologia da pessoa, qual objetivo do tratamento. O objetivo é sempre que a droga aja no local espeficico que deve agir, quanto mais seletivo em algumas clinicas melhores, enquanto outros nao precisam ser tao seletivos como a duloxetina que já tem um perfil mais seletivo em relação a interação o neurotransmissor serotonina, e também nos receptores noradrenérgicos, não sendo tao seletiva ao receptor especifico, mas por ter esse perfil acaba sendo útil em pacientes que tem dor associada ao transtorno depressivo, como fibromialgia. Porem ainda é uma medicacao mais nova, e temos que ser críticos com ela, na pratica não vi muita diferença, costumo esperar mais estudos para usar mais uma medicação, quanto mais estudos melhor, e não a medicação por ser mais nova, muitas vezes saem estudos mostrando que não é tao seletiva quanto se descreveu inicialmente, muda o perfil de uso, tem novas indicações, ou tem menos, por vezes suspende o uso. Saiu uma blockchain acho que Nano que fará um pouco dessa avaliação, nos somos seres muito complexos, o micro do micro tem uma repercussão imensa, é como se olhássemos do espaço o ser humano, ou como micro-organismos aos nossos olhos, caminhamos muito, mas ainda há muito a ser caminhado.

Entendi! Então, como expliquei, sempre escrevia relatos logo após o uso, algumas vezes até tentei escrever durante a experiência mas não tinha como se manter numa linha prática de raciocínio comum. Então, quando eu "voltava", tão cedo quanto possívle fazia o relato detalhado de emoções, sensações e aprendizados que recebia, ainda que sempre muito sintéticos, resumidos e mal elaborados. Hoje em dia, ao re-escrever este conteúdo eu estou me utilizando da memória para com as experiências da época juntamente com a leitura dos relatos antigos e também me baseando num arcabouço de informações conhecidas a respeito da substância.
Entendi ainda que de forma limitada sua explicação sobre os mecanismos das substâncias, e compreendo a complexidade com que lidamos para tentar entender o funcionamento delas em nosso corpo. Tive boas conversas com um psicólogo aqui de minha cidade e ele me mostrou de forma clara a respeito dessas questões de como funcionam os antidepressivos. Tive a "oportunidade" de experimentar um tratamento de curto prazo (6 meses) de Venlafaxina, foi de grande importância para minha saúde mental em determinada fase da vida, porém o maldito efeito da sudorese imensa me fez decidir interromper o tratamento, estava se tornando insuportável mesmo, exagerado, fora do normal. No mais, posso dizer que nunca me senti tão bem, tão sintonizado e tão dentro do que deve ser "se sentir normal". Tudo melhorou com ela, menos o desejo sexual, haha.
Depois de uma retirada muito, muito difícil, tentei a sertralina, mas foi 3 dias de enxaqueca destruidora. Larguei mão e decidi enfrentar a vida como vinha enfrentando antes da psiquiatria, hehe. Mas tenho um real interesse e carinho pela medicina psiquiátrica, acho que é de uma ajuda incrível para nós.
Ah, tentei encontrar algo mais aprofundado a respeito do funcionamento da psilocibina na cabeça, dá uma olhada se isso ajuda, é bem mais detalhado e específico:
http://rsif.royalsocietypublishing.org/content/11/101/20140873

Tem esse tambem, pelo Sci-hub, se não abrir me avise que dou um jeito:
https://sci-hub.tw/10.1016/0378-8741(94)90006-X

e por fim, esse: Farmacologia da psilocibina
http://www.maps.org/research-archive/w3pb/2002/2002_Passie_22704_1.pdf

Veja que estou falando sobre a psilocibina e não a mescalina (que seria deste post) por que ela, como lhe falei, hoje é considerada a principal substância a ser estudada com menos preconceito.

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