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RE: O paradoxo da medicina

in #pt7 years ago (edited)

Planejava trazer um post sobre drogas. Que bom que trouxe esse texto, é muito bom discutir esses assuntos. Até no inicio cheguei a discutir aqui no steemit sobre isso. É um assunto que com certeza podemos passar dias discutindo, sem exaurir e chegar a conclusões. Porém toda discussão valerá a pena.

Poderia usar o título o Paradoxo da Medicalização, que se remete a tratamento de qualquer forma, com ou sem drogas(substancias) envolvidas.

Vivemos a revolução da medicina, a biomedicina evoluiu imensamente em poucos anos, ainda mais associado a tecnologia, com drogas e tratamentos cada vez mais eficazes.

Aqui já marco que me remeto a substância, até na minha prática, como droga. Qualquer substancia é droga. O açúcar é droga, a gordura é droga, a dipirona é droga, o aas é droga, a folha de laranjeira é droga, a maconha é droga, a cocaína é droga, e por ai vai..

Toda substância capaz de interagir com nosso organismo é droga. Toda droga é sujeita a efeitos bons e ruins, somos seres biológicos, de imensa diversidade genética, e cada um pode reagir diferentemente a droga, e até reagir de diferentes formas a mesma droga.

A biomedicina seguiu o caminho da medicina baseada em evidências, não foi sempre assim, já é há algum tempo, essas evidências são configuradas com graus de evidencias. Onde a melhor evidência é quando em um estudo em diferentes grupos, fiscalizados por regras de consenso geral, onde dizemos duplo ou triplo cegos, para evitar o efeito placebo, e interferência dos pesquisadores, evidencia que o grupo que recebeu a droga para viés terapêutico, teve clara melhora em relação ao grupo que não recebeu.

Esses estudos são realizados em diferentes grupos, quanto maior o grupo de estudo mais credibilidade ele tem, são estudos complexos, que são altamente criticados por especialistas corretos, e não basta um estudo, são varios estudos, dentre todas as medicalização, depois se tem uma metanálise para avaliar como fator protetor ou de risco, da droga.

Com isso, hoje cura-se câncer, trata-se hiv, infecções como relatou, infarto agudo do miocárdio, acidente vascular encefálico, e muito, muito mais. A ponto da evolução da biomedicina ser um dos fatores claramente relacionado ao aumento da expectativa de vida humana.

Entretanto nem tudo são flores, a biomedicina é conduzida por humanos, sujeito ao viés humano. Ao mesmo tempo que trouxe essa evolução dos tratamentos, digo tratamento, pois o conceito de cura é relativo, a ciência sacrificou e ainda sacrifica muitos humanos por ciência e por dinheiro.

As industrias farmacêuticas, ganham bilhões de dólares, todos os anos, e o dinheiro e poder corrompem o homem, historicamente.

Existe de tudo, estudos manipulados, drogas com fiscalização de produção ruim, profissionais que fazem mal uso das drogas, auto medicação, profissionais que preferem passar drogas de empresas especificas para ganhar benefícios, drogas que não são bem indicadas para clinicas especificas, mal formação profissional, drogas prescritas por profissionais que não tem autorização para prescrever, pesquisa em drogas que geram maior rentabilidade, drogas lançadas no mercado sem devidas pesquisas, uso incorreto das drogas pelos pacientes, a questão dos similares, patentes.......

Temos o caso da fosfoetanolamina, que o jurídico passou por cima de todas as instâncias reguladoras, e foi usada sem nenhum criterio, em pessoas que lutaram pelo seu uso, pelo desespero para lutar pela vida.
Também o caso do xygris, uma droga caríssima, que foi comercializada com poucas evidências, o que foi muito estranho, e logo depois de sair outros estudos que evidenciaram aumento de mortalidade com uso, foi suspenso sua produção, com enorme lucro das industrias. E muitos exemplos negativos.

Então, já está extenso demais, as drogas devem ser utilizadas de acordo como prescrição do seu profissional de confiança, para ir a um profissional médico, é bom buscar referências, ver sua formação, tirar as dúvidas.

E não esquecer que somos seres biológicos, e as drogas são indispensáveis para muitas pessoas terem uma qualidade de vida, ao mesmo tempo que podem ter efeitos colaterais e causar até óbito, até mesmo analgésicos como dipirona e paracetamol. Devemos usar as posologias corretas, e se tiver efeitos não descritos em bula, ou reações graves, notificar ao número que vem na bula para notificações.

Já vi muitas pessoas morrerem e viverem pelas drogas, assim como pessoas que entendem e não entendem de terapias, assim como pessoas que vivem o imediatismo e não esperam ou são instruídas sobre o tempo de efeito, ou efeitos colaterais. Um bom profissional sabe utilizar e acompanha os melhores estudos, e a experiência de sua prática clinica.

Já a psiquiatria, é ainda mais complexo, recomendo se tiver interesse livro jornalista Robert Winthaker - Anatomia de uma Epidemia. Uma avaliação bem pertinente, sobre o mercado de drogas e os lucros estrondosos das grandes indústrias farmaceuticas.

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Que bom que veio @matheusggr, estava esperando seu comentário!

Obrigado por trazer uma luz mais nítida para o texto, como pode ver, trouxe algo de experiência pessoal e sem nenhum conhecimento detalhado, apesar de adorar o tema e estudar as "drogas e a saúde" de forma geral, inclusive espero escrever mais sobre isso e espero sempre contar com seus comentários.

Acredito sim que a medicina está evoluindo e que temos avanços incríveis e como falei, sei muito bem o quão importante é a mesma para a chegada do homem até aqui. É só pensar que na idade média o barbeiro era também o dentista...

Tenho uma infinidade de dúvidas a respeito de tudo isso e aqui ficaria massante destrinchar, mas quem sabe nessa linha da vida aqui no steemit vamos discutindo o assunto com calma.

Me senti culpado aqui por que me auto-mediquei com esse meloxican e costumo fazer muito isso, mas jamais sem ponderar ou conhecer a substancia, em outros momentos já havia usado e não lembro de nenhum efeito colateral gritante como aconteceu agora, e aí entramos no "laboratório", onde lembro bem de um diálogo com o psiquiatra que já frequentei e que atende meu pai, um homem muito esclarecido e lúcido, diferente de tantos que já vi por aí, que dizia que sim, por mais que na farmácia falem que remédio é tudo igual, o laboratório faz diferença sim (e isso não quer dizer que seja mito os "prêmios e presentes do mesmo para o médico que indica) mas que laboratório bom passa por muito mais testes e análises frequentes e precisa sempre entregar uma molécula puríssima e "bem acabada", enquanto outros além de estar com uma nota mínima na tabela de aceitável, não passa com tanta frequencia pelos mesmos testes (auto-impostos), resumi isso como pude, mas acho que você pode complementar e corrigir.
Resumindo, quem sabe tal laboratório tenha um efeito mais nítido colateral de ãnsia e enjoo, enquanto outro isso não seja perceptível...

O caso da Fosfo eu adoraria que escrevesse sobre, e esse outro medicamento aí também. Vivemos essa onda de justiça virtual e a certeza de que todo mundo tem voz, e todos tendo voz, acabamos ouvindo de tudo, sendo 90% absurdos. É um tema vastíssimo! Obrigado novamente e aguardo mais comentários.

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@thomashblum que texto ótimo! Dei gargalhada uma hora porque sou dessas como você falou: danças sagradas, antroposofia (A-M-O!), chás e tudo que for natureba. Porém, acredito na alopatia porque sei que tudo tem seu limite e tudo se complementa (por isso, amo a antroposofia).
@matheusggr gostei muito do seu comentário. Trabalho na justiça e os casos que envolvem medicamentos controversos são muitos e demandam um cuidado muito grande e atenção do Judiciário. Cada vida é única, mas muitas vezes me pergunto quantas mais não poderiam ser salvas diretamente com o valor do medicamento X que o SUS não cobre/aprova? E ainda temos a discussão sobre políticas públicas etc... Enfim, a discussão é ampla.

Obrigado @marb. “Cada vida é única”, exatamente isso. Entendo como jurídico trabalha muito com essas questões. É uma discussão ampla e podemos ir discutindo aqui nossas opiniões, até para eu poder aprender um pouco dessa área, tenho a impressão que ela também é marcada por preconceitos, pressuposições e julgamentos morais, assim como outras áreas. Seu questionamento é pertinente, porém ainda estamos brigando pelo básico, que já salva muita gente, talvez um dia poderemos brigas por melhorias.

Pois é @marb, eu já fui muito assim, hoje em dia continuo simpatizando com a medicina holística mas sem um olhar iludido de fantasia. Cada cultura e ciência têm sua importância e valor! Obrigado por ler e comentar! Abraço.

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