Ótima provocação.
Temas dogmáticos construído historicamente tem muita força, e se encontram somente na imaginação popular. Um país como o Brasil, abre várias inaugura várias religiões e igrejas por dia, cada um com sua interpretação dos textos bíblicos. O aborto é do campo da realidade, não do imaginário moral, ele existe, é realizado ilegalmente, coloca em risco mulheres e principalmente as mais pobres, que são a maioria. Regulamentar o aborto não é sinalizar que é festa do aborto, é investir em pessoas que por diversos motivos, não se encontram preparadas para ter filhos, ou pensam não estar, e pode-se pensar em criar rotinas de acolhimento ao sofrimento, e ter indicações legislativas para realização. Fingir que não existe, ou que não quisesse que existisse, em nome de qualquer Deus, é cruel, tem um impacto social enorme, as mulheres desassistidas pagam por vezes com a vida, o Estado e a população e muitas vezes o profissional de saúde pagam por isso, até financeiramente, as igrejas não.
Ao final de seu comentário, percebe a questão paradoxal?
Embora sua argumentação seja perfeitamente válida e coberta com fatos que ocorrem no cotidiano social, não é o centro da provocação. Seu argumento é claro quanto a necessidade de se legalizar a prática mediante e diante as situações adversas e a falta de preparo social que levam vezes a morte. Não estou aqui em momento algum questionando o viés da moral divina. Se um ou qualquer "deus" seja cruel. No entanto, o perfil o candidato ou, no caso, como colocado no início do texto... o seu perfil. Sendo você o candidato.
É uma questão que o colocaria obrigatoriamente entre uma posição e outra, mesmo que o bom-senso vige. Não se leva a discussão esses assuntos dentro de contextos religiosos ferrenho, mesmo que sejam realista. É um convite a encontrar um resposta, dai o termo provocação, que te coloque no cenário sem deixar que perca o sentido de candidato com reais possibilidade e ao mesmo tempo de mantenha cristão. É complexo não acha?!
Certamente. É uma provocação dentro da provocação. Na prerrogativa de funções que ocupamos em uma sociedade, tomamos um partido. Por isso a democracia se constitui em perspectivas diferentes. Só que o legislativo não acompanha o campo das ideias humanas. O Estado nunca foi laico, hoje em dia está menos ainda. Sou cristão, mas entendo que o campo do imaginário e do real são campos diferentes, um bom politico faria uma argumentação suave e deveria ter conhecimento para legislar, mas o dogma é o mesmo de 500 anos atrás. Do paradoxo nos constituímos nas ideias, mas se as ideias não servem ao real, só servem ao nosso ego. É uma questão complexa e muito boa. Parabéns pela provocação.
Fazer provocações nesse sentido agrega ao racional, desde que aceitem a provocação. Que foi o seu caso. Vejamos se mais pessoas aceitam tal provocação. Te agradeço pelos seus comentários. Agradecido.