Hipermodernidades 13 -

in #pt7 years ago

Tudo nas nossas vidas é pesado. Tudo é urgente. As pessoas andam a um ritmo desenfreado numa concorrência entre si, descomedida, abrindo espaço ao desfalque das emoções e dos afectos. Age-se por impulsos consumistas, políticos, interesseiros, sem que haja uma reflexão sobre o que é acessório ou o que é essencial. O esbanjamento dos mais ricos ofende a necessidade vital dos mais pobres. Surgem protestos quase silenciosos, dramatizam-se comportamentos, o discernimento é afectado pelo imediatismo dos desejos de poucos e pela fome de muitos.

A riqueza de poucos contrasta gritantemente com a escassez da maioria. A excessiva disponibilidade de tempo de lazer dos mais ricos contrasta com a escassez de tempo para os mais pobres. Uma sociedade de lazer e esbanjamento em confronto com uma sociedade de trabalho sobrecarregado de tempo e objectivos. Objectivos, objectivos, objectivos.
Em nome dos famigerados objectivos, o essencial da vida é chantageado minuto a minuto. Com tantos objectivos profissionais, as pequenas comunidades familiares perdem o objectivo do seu próprio bem-estar. Deixa de haver tempo para a família, para os amigos, para o diálogo, para o silêncio, para si. A exploração laboral hipermoderna sobre o indivíduo híper-controlado sob uma híper-rede de vigilância está a criar uma sociedade de ausências, de autómatos, de doentes psiquiátricos, de desistentes, de fragmentações sociais e de desmoronamentos dos esteios familiares e conviviais.

Tudo pesa. A escassez pesa. A falta de tempo pesa. O pouco discernimento pesa. O imediatismo por falta de reflexão pesa. São toneladas de preocupações e infelicidades adicionais que levam à derrocada da condição humana, ao desfalecimento do homem numa sociedade cada vez mais controlada pelo despotismo de uma produção sem limites de acessórios e pela destruição massiva da produção do essencial.

Rouba-se tempo aos desempregados afectados pela miséria. Destrói-se o tempo dos desalojados e despejados pela conduta fraudulenta dos bancos patrocinados por instituições europeias criminosamente organizadas. Liquida-se o tempo dos cidadãos para que possa investir em si. Aniquila-se de tal maneira o tempo nesta sociedade de excessos que deixa de haver presente e futuro. E desiste-se. Desiste-se do escasso tempo que resta. Soçobra-se ao peso incomensurável do poder insaciável das elites. Morre-se sem tempo. Tudo em nome dos excessos de minorias identificadas com o crime político, económico e financeiro, organizado em castas e clãs que ao longo dos séculos atravessaram incólumes todos os regimes.

A sociedade hipermoderna é um campo de concentração com a dimensão do planeta onde a pressa do tempo leva a uma hiperactividade sem produto real e sem destino justo. É a nova barbárie dos consumidores de luxo que se impõe à produção do essencial para todos. Se há desemprego, fome, miséria, desalojados é porque uma minoria extorquiu os bens essenciais de uma maioria ferida de morte e sem reacção.

Se a urgência se sobrepõe ao que é importante, torna-se urgente reconquistar o que verdadeiramente importa a um saudável desenvolvimento humano. O tempo e a falta dele estabelecem a mais sonora desigualdade social. Há que reverter a Roda do Tempo deste tempo de sinistralidade humana. Reverter as reformas desta roda do tempo e accionar uma nova revolução no tempo de cada um.

Os Estados hipermodernos, de que é paradigma a associação de malfeitores da «União Europeia», avessos a qualquer tipo de revolução de mentalidades, apresentam as falaciosas reformas do sistema para que o sistema continue na mesma ou seja cada vez mais asfixiante para os seus povos. As reformas, as eternas reformas, mais não são do que um círculo fechado de onde nunca se sai até à exaustão. É a híper-falácia da hipermodernidade. A híper-estupidez dos híper-ignorantes, que tomaram conta do poder, está a conduzir o planeta para um confronto global onde todos serão derrotados na última página da história. A não ser que a Revolução dos Homens contra os criminosos da História volte a estar na ordem do dia.

Luís Filipe Sarmento, Gabinete de Curiosidades, 2017

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Foto: José Lorvão

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Um Revolução dos Homens se faz mais necessária do que nunca. A história já nos disse que dá certo :)

Crise de Princípios e Valores. Hipermodernices que vêm na versão base do Sr humano. Honestidade, partilha, sinceridade jaziam na calçada da ajuda amargurada.

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