Você pode considerar este texto uma continuação do [A Prostituta Sagrada](https://steemit.com/biblioteca/@joaoprobst/literatura-em-foco-8-a-prostituta-sagrada-a-face-eterna-do-sagrado-feminino-de-nancy-qualls-cobert), não se deixe levar pelo nome, trata-se de um livro muito especial.

Este é um assunto que deve ser discutido, trabalhado e estudado, afinal é só através do diálogo que o atual cenário será superado.

O machismo é real, é só ver o noticiário a violência doméstica está presente de forma maciça, apenas tolos acham o contrário.

Da onde o machismo vem?

O machismo tem uma história antiga, muito antiga, ele precede ao seu termo, quer dizer já existia mesmo antes da humanidade criar um termo para ele.

O historiador J.J. Banhofen (Mito, Religião e Direito Materno) defendia a existência do matriarcado

Existia uma época pré-império romano onde o matriarcado predominava na sociedade, isto é, a mulher ocupava um lugar importante tanto na família como na sociedade, a maior evidência disto é a divinização da mulher, a antiguidade tinha diversas deusas com diversas semelhantes, como Ísis, Inar, Hera, Har, Afrodite e muitas outras.

Deusa Cobra

Nas sociedades a mulher tinha um status sagrado porque eram sociedades baseadas na fertilidade, afinal eram essencialmente agrícolas, assim a mulher era o centro de poder porque gerava vida, fornecendo mão de obra ao grupo o que possibilitava o sucesso da espécie, e tinha uma conexão afetiva com a criança que o homem, por ser apenas um mero reprodutor, não tinha.

No entanto, com a medida que a vida humana tornou-se complexa o matriarcado foi substituído pelo patriarcado, um sistema onde o homem é o dono não só da mulher mas como de toda a família, podendo decidir sobre a vida da esposa e de seus filhos, podendo todos estes serem, embora regulamentado pela lei, vendidos ou até mortos. - era o pater familias - Aqui já estamos no império romano.

Aconteceu que o culto ao feminino e a deusa perdeu espaço para deuses, a humanidade, por questões naturais, preferiu a força e a determinação masculina ao carinho afetivo da deusa. Tal acontecimento coincide com o expansionismo das sociedades primordiais, com o advento de melhores técnicas a população aumentava e tornou-se necessários novos campos plantáveis.

O que aconteceu?

Guerra, oras, os povos começaram invadir novos territórios, portanto características que tornavam o homem forte eram ressaltadas em detrimento da delicadeza e compaixão femininas.

Os vestígios dessa tradição primitiva nos mitos posteriores, os quais refletem o amálgama cultural de três ondas de invasores bárbaros: os iônios, os acádicos e, finalmente, os dórios, os quais penetraram na Grécia de 2.500 até 1.000 a.C. Todos levando consigo uma ordem social patriarcal e o respectivo deus dos trovões, Zeus. (HIGWHATER J. 1992:39).

Embora a deusa esteja presente dentro de arquétipos, o culto ao feminino foi substituído pelo monoteísmo, um deus masculino com características masculinas, e o matriarcado nunca mais reapareceu.

Assim a mulher ocupou uma posição inferior ao homem por razões irracionais, pode se dizer até por um interesse obscuro de uma minoria da humanidade, a mulher, como ser social e como indivíduo, deve ser respeitada com a mesma importância.

Não como igual, é bom ressaltar isto, mas com a mesma importância, porque de fato homem e mulher não são iguais, cada um possuí fatores únicos característicos de seu gênero, mas nem por isso não devem ter o mesmo direito, afinal a vida é constituída da conjugação de dois opostos - homem e mulher.

Mas por que o feminismo não é uma luta feminina?

Sim, o título foi propositalmente provocativo, o feminismo não deve ser uma luta apenas das mulheres, e não só porque é um dever ético de todos lutar contra a opressão e o sofrimento de qualquer ser humano, da mesma forma que não é necessário ser homoafetivo para lutar contra a homofobia.

Mas porque o machismo não prejudica só as mulheres, de fato impõe uma expectativa que o homem não expresse sentimentos, "macho não chora", "macho não usa rosa", que além de ser irracional vem causando sérias consequências no psicológico masculino.

Até porque o objetivo do feminismo não é substituir o homem como ser dominante, mas sim conquistar um sistema igualdade de direito.

Já passou da hora da iniciativa feminista ir além de grupos femininos e passar a ser uma luta humana, todo homem deve, por um dever cívico, ser um aliado nesta luta.

Sinto muito pela extensão longa deste texto, fugiu um pouco da objetividade sempre prezada aqui no Ágora, mas o tema precisava de uma breve introdução.

Espero que tenham gostado. Por favor, participem da discussão nos comentários.

Este texto foi uma homenagem as mulheres incríveis que temos aqui na nossa comunidade steemit lusobrasileira, como a @tmarisco, a @disruptiva, @franybeller, @amandavale, @mafalda, @vansampaio, @naturald, @azial2048, @anacristinasilva, @barbaralisarti, @sandranunes, @tabataoliveira, @tatylaya, @julianasabino e muitas outras que esqueci de mencionar.

Obrigado steemit!
Até a próxima!!

Fontes:

https://www.contioutra.com/o-matriarcado-das-deusas-mae-e-humanas/
educaterra.terra.com.br/voltaire/artigos/matriarcado.html
sagrado-feminino.blogspot.com/2009/09/volta-do-culto-grande-mae.html