O psicólogo que ganhou um prêmio Nobel de Economia

in #pt6 years ago

"Mas o que é isso? Um Psicólogo que ganhou um Nobel de Economia?" Isso mesmo. Falei sobre ele de forma breve na minha primeira contribuição pro #SaldoPositivo. Daniel Kahneman é o nome dele.

Acredito que esse post seria uma segunda contribuição dupla pro #fazendohistoria e pro #saldopositivo, com um pouco da história de Kahneman e suas ideias à economia, com seus conhecimentos oriundos das Ciências Psicológicas. Então vamos lá senta que lá vem história!

Um pouco da história dele

Daniel Kahneman nasceu em Tel Aviv, durante o chamado Mandato Britânico da Palestina com a partilha do Império Otomano pós-guerra - onde atualmente se localiza no Estado Israelense - em 5 de março de 1934. Aos 6 anos de idade, Daniel e sua família se mudaram para Paris no momento em que a França era ocupada pela Alemanha Nazista, em 1940. Seu pai Efraim foi capturado pelos nazistas junto a outros franco-judeus, mas foi libertado algumas semanas depois.

Já em 1954, obteve sua graduação em Matemática e em Psicologia, pela Universidade Hebraica de Jerusalém. Seu interesse com a Psicologia se deu com a ocupação nazista na França, onde ele ficou, de repente, cara a cara com um soldado Alemão. Esse vinha perseguindo Daniel com o atraso que tivera na hora de adornar a estrela de Davi na sua roupa. Ao invés de capturá-lo, o soldado raivoso mudou sua expressão rapidamente, tendo se emocionado e abraçado o garoto, apresentado-lhe a foto de um outro menino, que supostamente seria seu filho, e deu a Daniel um pouco de dinheiro. Ele foi embora depois com a certeza de que sua mãe esteve sempre certa: "as pessoas são, de maneira aprofundada, tão complicadas quanto interessantes", como se fosse um recado ao filho de que, no fundo, devemos dar uma centelha, uma segunda chance aos seres humanos, a essas caixinhas de surpresa.

Em 61, formou-se doutor em Psicologia pela Universidade da Califórnia em Berkeley, com sua tese se baseando no Diferencial Semântico, uma escala de avaliação destinada a mensurar o significado conotativo de objetos, eventos e conceitos e como os indivíduos são afetados e reagem diante do significante dado.

Avançando um pouco mais na história, chegamos em 2002.

Na Academia Real das Ciências da Suécia, o Prêmio do Banco da Suécia para as Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel daquele ano teve como indicados, e vencedores, um Psicólogo (Daniel Kahneman) e um Neuroeconomista (Vernon Smith). O Prêmio foi dividido entre os dois "por introduzir os insights da pesquisa psicológica na ciência econômica, especialmente no que diz respeito às avaliações e tomada de decisão sob incerteza" e "pela utilização de experimentos de laboratório como um instrumento de análise econômica empírica, especialmente no estudo dos mecanismos de mercado alternativo", respectivamente.

Kahneman, juntamente com seu parceiro Tversky, também Psicólogo, morto em 96, desmantelou a ideia da racionalidade econômica, trabalho realizado em 3 fases:

  • Foram realizados experimentos que revelaram no ser humano pré-conceitos inconscientes de raciocínio que distorcem o julgamento que fazemos do mundo a nossa volta.
  • As pessoas que tomam decisões em condições instáveis não se comportam da maneira que os modelos econômicos tradicionalmente previam. Kahneman e Tversky desenvolveram um relato sobre como as pessoas tomam decisões, chamado de Teoria das Perspectivas, que levou Kahneman a receber o Nobel.
  • Após a morte de seu parceiro, Daniel se aprofundou no estudo da felicidade, em que se acredita que, creio eu, a felicidade pode levar ao sucesso, e não ao contrário.

Kahneman tem um best-seller chamado Rápido e Devagar*, publicado em 2011 - com edição brasileira pela Objetiva (2012), que abrange as três fases descritas. Nele, o Homo economicus, aquele que toma decisões baseadas apenas em análises perfeitamente racionais que correspondem aos seus interesses, é desconstruído. Ali é refletida a percepção de Kahneman e Tversky de que a tomada de decisões não é algo plenamente objetivo.

Nossas emoções, crenças e intuições têm um peso tão grande quanto a análise na hora de tomar uma decisão. E esses atributos podem levar a decisões boas ou ruins. No entanto, não queremos depender da emoção para tomar uma decisão séria, que poderá ter um impacto na vida de outras pessoas.

Esse é um grande problema que podemos ter, pois nossa mente possui dois sistemas: o primeiro é o responsável pela tomada de decisões de maneira rápida e sem esforço, baseado na intuição e na associação de memórias; o segundo é lento e só é ativado quando entramos em uma situação que exija concentração. A mente, então, funciona como a memória RAM e o HD de um computador. Os dois lados são igualmente necessários, senão gastaríamos grande quantidade de energia para resolver problemas e questões simples.

Há uma fala de Kahneman que pode expressar bem o cruzamento das Ciências Psicológicas com as Econômicas. Ele diz que a Psicologia pode ser muito útil para ajudar a planejar a experiência social. Quando as reformas econômicas fracassam, a principal razão é que qualquer reforma gera vencedores e perdedores. Os perdedores lutam muito mais do que os potenciais vencedores. Em consequência disso, para obter qualquer resultado tem de se compensar os perdedores. Tipicamente o custo disso é alto, algo que os planejadores não anteviram.

Portanto, nesse contexto, bem como da formulação de políticas públicas aos cidadãos, a Psicologia tem um espaço de formulação de mensagens dessas políticas, para que os indivíduos se conscientizem das oportunidades que estão disponíveis, e se orientem a tomarem decisões que sejam do melhor interesse de todos os envolvidos. O termo contabilidade mental se encaixaria bem nisso, como sendo uma forma de autocontrole das decisões que tomamos em cima de nossos recursos, e que podemos melhor termos consciência de uso e aplicação, com o intuito de, realmente, receber algo em troca do investimento.


“Há uma limitação desconcertante de nossa mente: nossa confiança excessiva no que acreditamos saber, e nossa aparente incapacidade de admitir a verdadeira extensão da nossa ignorância e a incerteza do mundo em que vivemos.”

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Olá @handrehermann, tudo bem? Parabéns por seu post, obrigado por usar nossa nova tag #fazendohistoria e é claro por participar do Desafio!

Que a Deusa Fortuna esteja do seu lado!!

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Valeu, abração!

Bah já estava com o livro na lista de leitura mas não sabia nada sobre ele, que história.

Obrigado pela contribuição!


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Haha o livro parece ser muito bom. Valeu pelo comentário!

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