#TrovadoresNordicos - Lokesenna - A discussão de Loki

Nesse poema em prosa da Edda Poética, Loki, o Deus das travessuras, acusa os demais deuses de impropriedade sexual moralista, dentre outras coisas, pela prática do Seiðr (uma espécie de bruxaria praticada pelos pagãos escandinavos) e seus preconceitos.

Não é a mais grave das acusações, porém deve notar-se que é precisamente por estas fraquezas que, em última instância, conduzem ao início do Ragnarök e a instabilidade de Yggdrasill, como é dito no Völuspá.

Abaixo vai um pedaço dessa prosa:

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Ægir tinha dois servos, Fimafeng e Eldir. Tinham o ouro brilhante no lugar da luz do fogo, a cerveja vinha até eles, e grande foi a paz no banquete preparado para os deuses e elfos. Os convidados elogiaram a capacidade dos servos.
Loki não suportava isso, acabando por matar Fimafeng. Então os deuses balançaram seus escudos e bramaram a Loki. O levaram para a floresta, e logo depois começaram a beber novamente. Loki voltou, e se encontrou com Eldir do lado de fora. Loki falou com ele:

Fale agora, Eldir, pois nenhum passo você deverá dar
O tão longe que tu deves ir;
O que "converjaremos" (conversar e beber cerveja?) aqui é
Sobre o que os gloriosos deuses conversam, junto aos filhos?

Eldir falou:

De suas armas eles falam, e seu poder na guerra,
Os filhos dos gloriosos deuses;
Dos deuses e elfos que estão reunidos aqui,
Nenhum amigo nas palavras encontrarás.

Loki falou:

Eu devo ir em direção ao hall de Ægir,
Pelo banquete que eu faino, veria o
Fardo e ódio que trago para os deuses
E seu hidromel com veneno eu misturo.

Eldir falou:

Se fores ao hall de Ægir,
E fainar o banquete, verias
Com calúnia e despeito que iria aspergir os deuses.
Pense bem para que não possam vê-lo.

Loki falou:

Pense bem, Eldir, se você e eu
Esforçar-nos-ei com uma fala vingativa,
Mais rico eu cresço em palavras prontas
Se tu falas muito para mim.

Então Loki entrou no salão. Quando os que lá estavam viram quem tinha entrado, ficaram todos em silêncio. Foi quando Loki falou:

Sedento venho a este teu hall,
Eu, Lopt, de uma longa jornada,
Perguntar aos deuses que deve-se dar
O hidromel justo de se beber a mim.
Por que sentardes vós em silêncio, cheios de orgulho,
Vós deuses, e nenhuma resposta deis?
Em seu banquete um lugar e um assento me prepares,
Ou mande-me embora.

Bragi falou:

Um lugar e um assento os deuses te prepararão,
Não mais entre eles, a ti.
Para os deuses saberem bem que homens desejam
Encontrar em seus grandiosos banquetes.

Loki falou:

Lembre-se, Odin, dias atrás
Em que o sangue nosso se misturou.
Então tu prometeste nenhuma cerveja derramar,
A menos que fosse trazida a nós dois.

A discussão prossegue até que Loki sai do hall, e acaba se escondendo na Franangfoss, a cascata de Franang, onde os Aesir o capturaram. Loki é preso, e Skadi, a deusa da caça, coloca uma cobra sobre sua cabeça, de onde começa a cair veneno.

A esposa de Loki, Sigyn senta-se junto a ele e começa a coletar o veneno com uma concha. Quando a concha se enche, ela constantemente deixa o local para despejar o líquido, mas em um determinado momento o veneno cai sobre ele, causando grande dor e contorção que toda a terra inteira se estremeceu com o seus gritos.

Segundo a mitologia, isso tudo acabou gerando os terremotos que conhecemos muito nos dias atuais.

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