#BOX DE SÉRIES# - The Office (2005/2013)

A vida de um escritório pelos olhos da comédia.

Gênero: Humor, Mockumentary
Ano: 2005-2013 | Nota no IMDB: 8,8/10 |Episódios:201 (9 temporadas)

ESSE TEXTO CONTÉM ALGUMAS INFORMAÇÕES QUE PODEM SER INTERPRETADAS COMO SPOILERS (apesar de eu ter evitado colocar as partes vitais da trama)

Adaptada ao público americano por Greg Daniels da versão britânica e honônima originalmente transmitida pela BBC, The Office acabou sendo um grande sucesso no mundo da comédia, ultrapassando o sucesso da versão original do programa. O estilo do programa é muito particular e influenciou outras séries como, por exemplo, Parks and Recreation.

A marca mais característica do seriado é de ser um mockumentary (mock = imitar e documentary = documentário), formato que simula a produção de um documentário sem que o seja de verdade. The Office nos traz o cotidiano de uma empresa de papel de Scranton, Pensylvania, mas filmado no formato de documentário, com constantes depoimentos dos personagens sobre a própria história. É como se uma produtora estivesse filmando um escritório de uma pequena cidade americana para fazer um documentário e nós, telespectadores, tivéssemos acesso a esse documentário. Assistir um documentário sobre o cotidiano de uma empresa de papel numa cidade interiorana dos Estados Unidos parece bem chato, não? Pois é completamente o oposto.

O time de empregados da empresa é liderado por Michael Scott, interpretado pelo conceituado Steve Carell (O Virgem de 40 Anos), uma pessoa extremamente peculiar, que acha que todos os empregados têm que ser seus amigos e que o escritório deve ser um local de comédia e profundo envolvimento pessoal. Grande parte do humor do seriado está naquela sensação de vergonha alheia que, na maior parte das vezes, é disparada por alguma atitude sem noção e absurda de Michael Scott. Os funcionários, sendo seus subordinados, têm de suportar diariamente essas situações desagradáveis e seu estilo pouco ortodoxo de gerenciamento.

Para seguir com a dinâmica de personagens da série, temos o grupo de vendedores, Dwight Schrute (Rainn Wilson) e Jim (John Krasinski), que vivem se cutucando e brigando, gerando resultados cômicos; também temos Phyllis e Stanley, vendedores mais velhos com personalidades bem definidas e momentos engraçados. Além deles, há o estagiário Ryan (B. J. Novak), a recepcionista Pam, que é melhor amiga de Jim e se torna um dos principais elementos da história, Creed Bratton (o nome do personagem é o mesmo que do ator!), Kelly Kapoor (Mindy Kaling), Meredith Palmer (Kate Flannery) e Toby Flanderson (Paul Lieberstein). Na contabilidade, temos Angela (Angela Kinsey), Kevin Malone (Brian Baumgartner) e Oscar Martinez (Oscar Nunez). Há ainda o pessoal do depósito e outros personagens mais que adentram na série posteriormente e se tornam muito importantes à trama. Seria cansativo descrever cada um deles aqui, mas vale dizer que são personagens bem construídos; pessoas simples do dia a dia que possuem algo de único, uma personalidade marcante repleta de potencial humorístico, este que é disparado quando em contato com os outros personagens nas situações cotidianas do escritório.

Um aspecto interessante do gênero mockumentary é a falta de risadas de fundo. Quando uma piada é contada, não há aquela risada que nos diz quando devemos dar risada ou que potencializa o humor contido no momento. Assim, muitas coisas passam quase despercebidas: pequenas falas, trocadilhos, enganos, detalhes mínimos. O humor é silencioso. Você acha graça sem que tenham que lhe dizer que algo é engraçado. Ou seja, para muitos pode ser uma experiência muito inovadora, pois fomos acostumados com sitcoms enlatadas que obedecem sempre ao mesmo formato de tiradas e piadinhas seguidas imediatamente de risadas de fundo ou efeitos semelhantes.

O seriado inicia um pouco devagar, apagado, fazendo boas piadas, mas com algo faltando no ar. Lentamente, a partir da terceira temporada, as coisas encontram seu local de direito. O seriado cria uma personalidade, digamos. E aí, lentamente, um aspecto dramático, antes secundário, parece ganhar força. Os personagens ganham em envolvimento afetivo e a história entre eles passa de um plano de fundo para boas piadas e se torna elemento tão importante quanto o humor. Ao longo das nove temporadas, é perceptível a evolução dos personagens: eles amadurecem, eles crescem, tornando-se pessoas mais completas, reais. Para os que acompanharam a série, despedir-se dela foi um momento de dor. Como é dito num dos últimos episódios, são aquelas coisas do dia a dia, eventos cotidianos que sempre acontecem e que nem reparamos, mas que, quando perdemos, sentimos sua falta.

O seriado perdeu um pouco em intensidade nas últimas temporadas devido a saída de elementos vitais do elenco, mas conseguiu se manter relativamente bem até achar que devia encerrar suas atividades. The Office foi um seriado de bom sucesso e altamente recomendável para aqueles que gostam de séries de humor. Os episódios têm em média 20 minutos, o que não os deixa pesados (séries de humor com episódios mais longos podem acabar sendo cansativas). Quem quiser fugir um pouco do formato já batido de sitcom e, quem sabe, redescobrir o humor através de uma abordagem diferente, The Office é recomendadíssimo!

Referências

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Fonte 2
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