A Universidade não é para todos. #Educação

Antes de mais nada quero deixar claro o que penso: “todo cidadão deve ter acesso ao ensino de qualidade (neste caso o superior). O que farei neste artigo é uma crítica ao modelo universitário/acadêmico vigente, que não é includente, mas sim excludente.

 
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Atualmente muito se fala sobre as Universidades – principalmente as públicas – estarem permeadas por “esquerdistas” marxistas e freireanos, mas apenas quem não conhece suas teorias acredita em tal falácia. Vamos aos fatos.
 
Não entrarei muito nos méritos, farei apenas um breve relato de como Marx e Freire imaginavam a educação.
 
Marx enxergava a educação como um produto da “superestrutura”, pois acreditava que a educação era uma forma da classe dominante criar uma falsa consciência no proletário, dessa forma, os impedindo de enxergar sua própria realidade e os privar de lutar por sua classe.
 
Eu que estou neste meio da educação, não discordo, pois o modelo educacional vigente apenas serve aos detentores do poder. O modelo atual não transforma aluno nenhum em cidadão, apenas cria replicadores de conceitos. No Brasil, a educação crítico/reflexiva é apenas para um grupo seleto, os filhos dos detentores do poder.
 
Falar de educação para Paulo Freire é mais complexo, até pelo conteúdo publicado sobre o tema, mas vou tentar resumir. Basicamente Freire era contra a questão do professor ser o “transmissor de saberes”, acreditava que o professor deveria sim ser o personagem que auxiliaria o aluno na conquista da produção de conhecimento.
 
Para ele, o professor possui um papel diretivo e informativo para ajudar o indivíduo na sua libertação, pois para ele, a educação servia para conscientizar o indivíduo de sua situação na sociedade.
 
Durante muitos anos, os governos do PT utilizaram o slogan “Universidade para todos”, ótimo, estava ali uma forma de dar acesso à educação em instituições antes “não permitidas” às pessoas sem condições financeiras. Vale lembrar que educação é um dever do Estado, assim como tantos outros.
 
Mas dar acesso não significa dar plenas condições, pois as Universidades são praticamente elitistas, o currículo universitário é pensado apenas para os abastados, pois a quantidade de exigências para se manter na Universidade, infelizmente, é para poucos.
 
O curso de Filosofia por exemplo, a quantidade de leitura e escrita que precisávamos produzir durante o curso era absurda, girava em torno de meia dúzia de livros lidos por semestre e em relação à escrita, fazíamos praticamente um TCC por semestre, quase 80 páginas de produção textual, mas com textos de extrema complexibilidade, pois um artigo do tipo que escrevo aqui, seria invalidado com certeza.
 
Para quem apenas estuda, é excelente, terá uma formação ideal, mas para quem trabalha, tem família e responsabilidades com contas e casa, já não é bem assim. É uma tarefa árdua se formar neste modelo proposto.
 
Digo isso por experiência própria, para mim que me formei aos quase 40 anos, com casa para cuidar, filha e trabalho, foi uma tarefa hercúlea, a cada semestre o pensamento que mais vinha à mente era desistir, trancar o curso e coisas do tipo, muitas vezes me impedindo de focar mais no curso em si.
 
Quando digo que a Universidade não é para todos, não é porque eu não acredite que as pessoas não tem direito ao acesso, mas sim, porque a própria Universidade se “elitiza”, cabe ao Estado, dar condições aos menos abastados de se manterem naquele meio, através de bolsas e outros mecanismos que são utilizados em países desenvolvidos.
 
Não adianta apenas dar acesso, é preciso se manter e permanecer com concentração total para se formar com qualidade e poder aproveitar tudo o que a Universidade tem a oferecer, pois, enquanto o pobre só puder ter acesso restrito, continuaremos na penúria social que vivemos.
 
Por fim, se as Universidades estivessem realmente repletas de “esquerdistas” como muitos pregam, teríamos hoje um modelo socialmente dinâmico que favorecesse a classe trabalhadora e não apenas uma minoria rica.




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