O amor para Aristóteles: Philia. #“Oamor”ou“Aspaixões”

Aristóteles nunca se referiu diretamente ao amor, mas em seu livro “Ética a Nicômaco” Aristóteles constituiu a palavra Philia, traduzida por amizade e em alguns casos pode-se traduzir também como amor. Philia representa tudo o que há de melhor em relação a afetos, é o sentimento puro, a amizade verdadeira sem interesses.

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O desejo

Philia não representa o puro desejo, este que, para o grego, é a força motriz dos animais, sejam eles racionais ou irracionais.
 

“Só o homem, com sua natureza composta de razão e desejo, é capaz de vício ou virtude, por estar entre os deuses e os animais.” (Aristóteles)

 
Mas em qualquer atividade humana, o desejo é indispensável para alcançar a felicidade. Um médico (a) por exemplo: se ele (a) se formou por desejo, salvar vidas e curar pessoas é o que lhe trará a felicidade.
 
O desejo pode ser o “eros” (erótico) também, se você deseja uma determinada pessoa, quando você estiver com ela estará feliz, mas neste caso, difere um pouco do conceito Philia, pois nem sempre desejo sexual é o desejo de estar ao lado da pessoa sempre.
 
Este desejo não faz parte da razão, faz parte dos sentidos, a causa primeira desse desejo é o fim desejado, ou seja, a conquista do objeto do desejo, e, a partir deste ponto a razão começa a “trabalhar”, já tendo em vista a ação da qual lhe é apropriada.
 
No texto anterior (aqui) citei que para Platão, o ser humano desejava o que não possui, já para Aristóteles é o inverso, o ser humano deseja o que possui, é por exemplo o desejo de que determinados momentos sejam eternos, seja no trabalho, em família, na profissão escolhida, ou seja, qualquer coisa que nos é prazerosa e nos traz felicidade.
 

Philia

Retornando ao termo cunhado por Aristóteles, digo que, se existe amor verdadeiro, este pode ser chamado de Philia. Pois além desta palavra significar semanticamente amizade ou amor, ela significa a felicidade, a felicidade de ter algo, de ser algo ou de ter alguém a seu lado.
 
Afinal, para Aristóteles a causa final de tudo é a felicidade, por exemplo: nos organizamos politicamente, elaboramos juízos de valor sobre o que é bom e o que é mal (constituição) sempre com o fim da realização pessoal em sociedade, não isolada. A felicidade só pode ser plena se for uma felicidade social, comunitária.
 
Vou fazer uma pausa no texto e já continuo, não sei se é trágico ou cômico escrever este texto morando no Brasil em 2019 com a atual horda e suas barbáries às quais temos que conviver, com toda a tecnologia que temos acesso hoje, acesso aos escritos de filósofos e pensadores que nos deixaram uma vasta herança intelectual, mas, vivemos este retrocesso que estamos vivendo e vendo.
 
Voltando… mas na visão de Aristóteles, para o ser humano alcançar esse fim, ele precisa estar feliz consigo mesmo, precisa alcançar o equilíbrio de sua existência, o equilíbrio entre carência e excesso. E essa finalidade apenas pode ser alcançada pela prática, ou seja, pelo hábito, eu enxergo isso no senso comum com a seguinte frase: “vivendo e aprendendo”, pois só sabemos o que nos é aprazível depois de conhecermos o que não é tão bom.
 
Portanto, para Aristóteles, a felicidade pessoal não é apenas a felicidade pelos filhos, pela esposa (o), pelo trabalho, pelos amigos etc, é a felicidade pelo mundo que vivemos quando este lhe faz bem, é a vontade de potência como diria Niezstche, não é desejo, é pura alegria que transforma a felicidade em amor, pois:
 

“O homem feliz é aquele que vive bem e age bem. Pois a felicidade pode ser definida como um tipo de boa vida e de boas ações”. (Aristóteles)

 

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