Facebook não é lugar para debate de ideias

Há tempos temos relatos de pessoas sendo suspensas e banidas do Facebook por "violarem os padrões de comunidade". Esses padrões são extremamente subjetivos e servem como desculpa para remover conteúdo daquela rede social que tenha sido denunciado em massa.

As pessoas viam o Facebook como um canal para divulgação de ideias, o que funciona até certo ponto. No entanto, ao discutir assuntos mais controversos, a rede se torna inócua. Lembremos que, na verdade, o Facebook é uma das maiores ferramentas de marketing já inventadas. Seu objetivo é manter a audiência de seus usuários para que os anúncios sejam veiculados da forma mais ampla possível. Não é do interesse do Facebook, apesar de todo o discurso em contrário, de incentivar debate profundo de ideias. Quando um usuário se sente incomodado por algum conteúdo, a tendência é que deixe de acessar a rede social e isso deve ser evitado de todas as formas. A solução adotada, nesse caso, é remover o conteúdo. Se houver incidência de muitas denúncias, remover os próprios autores, para que o reino dourado de cristal das pessoas não seja criticado.

Curioso notar também o viés adotado para a exclusão de conteúdos. Conservadores de forma geral são considerados inconvenientes na rede, de maneira que muito conteúdo de conservadores, direita e extrema-direita tenham seu alcance restringido. Independente da correção de suas ideias, se não for possível debatê-las, temos um problema.

O Facebook está se tornando o que é a televisão aberta: assuntos que agradam a maior parte das pessoas e conteúdo que prende a atenção da audiência, nem sempre interessada em questões mais profundas. A saída é buscar alternativas para a discussão de conteúdos relevantes.

Debater é necessário para o crescimento pessoal e frequentemente é um processo doloroso, pois somos confrontados com opiniões desagradáveis. Mas se não tivermos maturidade para discuti-las, é melhor ficarmos assistindo a programas infantis ad eternum.