Intimidade e os Afetos - Educação Sexual
É sabido que a Educação Sexual é dada de forma transversal às disciplinas, não transparecendo a devida pertinência, continuando a ser um tema tabu na maior parte das escolas, principalmente questões como a orientação sexual e questões de género. A intimidade e os afetos também não são focados como parte intrínseca da sexualidade, sendo a escola o sítio propício para aquisição de conhecimentos.
Desta forma e enquanto Educadora para a Saúde, parece-me importante abordar estes temas, sendo que o artigo de hoje será focado na Intimidade e os Afetos.
Segundo López e Fuertes, (1998) o ser humano não tem apenas apetência sexual instintivamente pré-programada, mas tem, também, necessidades e capacidades afetivas que frequentemente se associam à atividade sexual. A afetividade, que até ao período da adolescência era circunscrita à família, passa a orientar-se mais intensamente noutro sentido; as relações alargam-se a outros amigos, amigas e a outros adultos.
Para Leitão (1990, p.6) (...) a sexualidade é genitalidade, mas é também afetividade, é conhecimento de si e do outro, é o relacionamento consigo e com o outro, é respeito e compreensão de si e do outro, é projeto, é realização plena de si. Isto implica uma partilha do próprio, cooperando, desta forma, para a construção da identidade do casal.
Conseguimos, nesta definição de Leitão, observar que a afetividade é sem dúvida um campo deveras importante que compõe a sexualidade saudável, sendo obrigatória a sua abordagem quando se fala na sexualidade.
Na adolescência, na opinião de Miguel (1994), a sexualidade manifesta-se de uma forma mais intensa e clara, e o adolescente começa a estabelecer a ligação entre a sexualidade e a afetividade. É no período da adolescência que os jovens de ambos os sexos passam a sentir o desejo intenso de estabelecer com outra pessoa uma relação afetiva especial. Quando este desejo é correspondido, leva à formação de um par. A esta relação chama-se tradicionalmente namoro.
Portanto é na adolescência que a sexualidade se começa a manifestar, logo a afetividade e intimidade estão intrinsecamente ligadas a este desejo sexual.
Narciso (2002) acrescenta algumas dimensões essenciais para a construção, compreensão e avaliação da intimidade. Tendo os sentimentos/amor como cobertura, a partilha e autorrevelação figuram-se como componentes principais, decorrendo daí o apoio emocional, a confiança, a mutualidade, a interdependência e a sexualidade. Estas dimensões são processos inerentes à intimidade que estão em inter-relação constituindo um todo que é a intimidade.
Continuando na esfera das dimensões e desta vez referindo-se à satisfação conjugal, Narciso e Costa (1996) referem que, a satisfação conjugal pode dividir-se em duas dimensões: amor e funcionalidade conjugal. O amor refere-se aos sentimentos que ambos nutrem pela relação e/ou pelo outro tendo em consideração a paixão, intimidade e investimento/compromisso e a funcionalidade conjugal ou funcionamento refere-se ao modo de organização e regulação face às relações no (s) sistema (s) conjugal e/ou familiar e extrafamiliar.
Referências bibliográficas
└ Leitão, L. M. (1990) – “Educação sexual nas Escolas/ Saúde e Escola”. n.º15, Junho, Ed.M.E.S.:4-9;
└ López, Félix; Fuertes, Antonio (1998)-Parra Comprender La Sexualidad. Pampelona, Editorial Verbo Divino;
└ Miguel, Nuno Silva (1994). “Os Jovens e a sexualidade”. 6a-ed. Lisboa, Comissão da Condição Feminina, EPNC;
└ Narciso, I., & Costa, M. (1996). “Amores Satisfeitos, mas não Perfeitos”. Cadernos de Consulta Psicológica , 12, pp. 115-130;
└ Narciso, I. S. B. (2002). “Janela com vista para a intimidade”. Psychologica, 31, 49-62;
Obrigada!
Excelente tema para a adolescência.
Obrigada @jadnven! A ideia é mesmo essa, ser um texto dirigido à adolescência.
É um ótimo tema para debates! kkkk
Lembrei do tempo de escola.
Muito bom.
Obrigada @analysisman. A educação sexual devia ser uma disciplina e não ser dada de forma transversal.
É um tema bem polemico de ser abordado.
Eu particularmente prefiro a visão de Friedrich Nietzsche sobre o amor e a sexualidade.
@belzunces, temas ligados à Educação Sexual são tão importantes como outras disciplinas obrigatórias no currículo.