Questões de género e identidade - Educação Sexual

in #health6 years ago (edited)

É sabido que a Educação Sexual é dada de forma transversal às disciplinas, não transparecendo a devida pertinência, continuando a ser um tema tabu na maior parte das escolas, principalmente questões como a orientação sexual e questões de género. A intimidade e os afetos também não são focados como parte intrínseca da sexualidade, sendo a escola o sítio propício para aquisição de conhecimentos.
Desta forma e enquanto Educadora para a Saúde, parece-me importante abordar estes temas, sendo que o artigo de hoje será focado nas questões de género e identidade.


Fonte


Género é o conjunto de papéis e funções socialmente atribuídos a cada sexo. Ser mulher ou ser homem é mais do que ter um sexo biológico: é ter um lugar na sociedade, um papel cultural.
Em todas as sociedades, existem diferenças de género, embora essas diferenças não sejam as mesmas em todas as épocas e culturas. O fato de ocorrerem variações prova que os papéis de género não são determinados pela biologia e podem ser transformados (Balleeiro in Fundação Roberto Marinho e Schering, 1999, p.57). Como resultado de muitos trabalhos, tem emergido uma grande quantidade de conhecimento e compreensão acerca de como o género e o poder andam ligados nas relações heterossexuais em geral, e nos jovens em particular, mais especificamente, a construção social da feminilidade e da masculinidade é vista como tendo impacto na negociação heterossexual através do posicionamento das mulheres como recipientes passivos e dos homens como ativos instigadores (Holland; Ramazanoglu; Sharpe, 2000).
Os pais têm um papel muito ativo na construção e formação da identidade de género, uma vez que acompanham o crescimento e a formação da personalidade da criança. Impondo muitas vezes regras e padrões de acordo com o descrito da sociedade. As meninas são mais tocadas e acarinhadas, enquanto os meninos são mais incentivados a jogos com bolas e brincadeiras mais competitivas (Castro, 2005).
Deste modo, os contextos ambientais são vistos como o maior fator de influência para o desenvolvimento da identidade e para o desenvolvimento das atitudes parentais, tal como para experienciarem comportamentos estereotipados em função do sexo.
Para desmistificar papéis impostos pela nossa sociedade que interferem no comportamento das pessoas, é necessário aquando da abordagem da sexualidade, trabalhar também as questões de género. É necessário também trabalhar a ideia de igualdade entre mulheres e homens e evitar estereótipos. Muitos destes estereótipos são absorvidos na fase da infância, com opiniões pré formadas que padronizam o comportamento da sociedade. Podemos observar que a mulher é vista como agente passivo, tolerante, frágil, sensível e emotiva. O homem por sua vez é visto como competitivo, forte, dominador e objetivo. Estes padrões pré-estabelecidos, muitas vezes vão reprimir o comportamento, maneira de ser e expressar de cada um.
De acordo com Oliveira (2007) os adolescentes ao desenvolver hábitos saudáveis, livrando-se do preconceito e assumindo postura de pessoa responsável e consciente de suas atitudes, dificilmente terá medo de assumir suas vontades e desejos, sendo assim, agente de transformação.
Por isso, é importante salientar que a relação de gênero e a orientação sexual nem sempre tem uma relação direta ou lógica. Uma mulher que tem atração sexual por outras mulheres não tem necessariamente que se comportar como um homem ou desejar sê-lo. Grande parte dos homens homossexuais não se sentem ou identificam como mulheres, nem tão pouco têm traços afeminados. O homossexual gosta do mesmo sexo mas não deseja mudar de sexo, ao contrário do transexual que se sente no sexo errado, somente no transexual a identidade de género está em “desacordo”.


Fonte

Esta revista da Nacional Geographic aborda as questões de género. Tem uma capa bastante atrativa e interessante. Pode ser usada como exemplo na abordagem da Educação Sexual como parte de Educação para a Saúde.

Obrigada e não percam o próximo artigo que será sobre a orientação sexual!

Referências bibliográficas

└ Castro, A. (2005). “A importância dos aspectos éticos e psicológicos na abordagem do intersexo.” Arq Bras Endocrinol Metab, vol.49, n.1, São Paulo;

└ Fundação Roberto Marinho (1999). “Sexualidade do adolescente: fundamentos para uma ação educativa”. Salvador: CONSED;

└ Holland, J.; Ramazanoglu, C.; Sharpe, S. (2000). Deconstructing virginity young people’s accounts of first sex. Sexual and Relationship Therapy, v.15, n.º 3 pp. 29-53;

└ Oliveira, E. (2007). "Trabalhando na escola: Um olhar de sensibilidade ao ser humano";

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O mal do preconceito é a idealização do ser humano. Tipo eu gosto de você desde que você seja como eu gostaria que você fosse e não como você realmente é.

Algumas pessoas não querem aceitar que há quem não se identifique com o padrão A e padrão B. Para mim desde que haja respeito mútuo não há problema em sermos todos diferentes.
Verdade o que diz @discernente, muitos amigos tentam moldar o outro, tentando mudar o "eu" dele... mas para mim, amigo tem que gostar de mim como sou ;)

@youtake pulls you up ! This vote was sent to you by @discernente !

Parabéns, seu post foi selecionado para o BraZine! Obrigado pela sua contribuição!
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@brazine, obrigada eu! 😊

É bom que esses preconceitos ligados ao género estão mudando hoje em dia em bastante familias.
Gostei do artigo. Seguindo voce @mafaldation!

Obrigada @lisamalletart! Sim as coisas estão a melhorar, lentamente mas estão ;) Seguindo você também 😊

Realmente nada do que aqui referes é abordado na escola. Enquanto psicóloga vi estes conceitos somente durante o curso, os jovens quando falam sobre a sexualidade, identidade de gênero, orientação sexual, fazem em tom de gozo e acabam por se magoarem uns aos outros. Era interessante estes temas serem abordados em conversas com outros adultos... Ou talvez a própria sociedade em conjunto evolua para a maior aceitação do outro. Utopia minha talvez :)

Durante o meu Mestrado de Educação para a Saúde os professores falaram muito nessa lacuna na formação dos alunos... prepararam-me para ter um lugar nas escolas e abordar esses temas, como a Educação Sexual, Cidadania, Educação para a Saúde... pois infelizmente os profissionais que temos não estão preparados/formados para isso.

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@mafaldation, muito legal que vc construiu o texto com referências bibliográficas... porque é um assunto tão novo que a gente tá super arriscado a falar coisas que não sabemos. Sempre tenho a impressão que estas pessoas que estudam genero dentro e fora da ciencia estão a anos luz de compreensão rs

Obrigada!! Não é um tema fácil de falar, pois existe muito preconceito e falta de conhecimento. Verdade, essa gente fala sem perceber na verdade kkkkk. O próximo tema que vou falar vai ser sobre a Orientação Sexual. :)

Parabéns, seu post foi selecionado pelo projeto Brazilian Power, cuja meta é incentivar a criação de mais conteúdo de qualidade, conectando a comunidade brasileira e melhorando as recompensas no Steemit. Obrigado!

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