Manifesto Anti-Kitsch - Parte 3 - Kitsch e Politika (Política)

in #culture6 years ago (edited)

Manifesto Anti-Kitsch

Capítulo 3 - Kitsch e Politika (Política)


Leia a Parte 1 e a Parte 2 deste artigo.

"Quem olha para fora, sonha, quem olha para dentro, acorda" - Carl Gustav Jung (1875- 1961) - psiquiatra suíço e psicoterapeuta que fundou psicologia analítica).
A necessidade histórica do surgimento do Kitsch é intrínseca à modernidade e prende-se com a compulsão da estética artificial para escapar da normatividade e da anomia, uma fuga agradável do estresse, da monotonia e do tédio da vida cotidiana. O Kitsch é, portanto, Repetição, Imitação, Falsificação e Estética da Auto-Decepção, uma forma de mentira eembuste, em que o ideal de beleza é socialmente distribuído a uma classe média como outra mercadoria sujeita às leis de mercado de oferta e procura, lidubriando as classes da faixa da pobreza, anestesiadas pelo objetivo de alcançar o El Dorado que, afinal, não está lhes é acessível .

O Kitsch é pois sinónimo de má kultura ou falsa arte, um esboço grosseiro, barato, uma porcaria fortemente depreciativa, produzida normalmente para propaganda ou fácil entretimento, com qualidades formais inapropriadas a um conteúdo ou intenção cultural, de fácil aquisição financeira e espiritual, atribuindo-lhe a significação de verdadeira Arte.

Na modernidade das Democracias caracterizadas por uma filosofia de capitalismo selvagem (sem ética social ou ontológica ), que estranhamente quer dizer governo do povo e não da minoria dos políticos, que há muito abandonaram o Idealismo da justiça social e da libertação do(s) Outro(s), sem corrupção material ou pessoal (activa ou passiva).
Assim hoje os políticos desenvolvem a sua actividade , trabalhando hoje em prol do clientelismo pessoal e/ou partidário e dos lobbies económicos dominantes que os financiam, ou da opinião mediática de contabilização de pessoas como percentagens de meros votos numa folha de papel.

O Homem comum não percebe que a sua evolução mental é o prazer espiritual que constitui o charme principal da sua Vida, chegando obtusamente a considerá-lo como um obstáculo á prosecução dos seus objectivos materiais.
Então, hoje, os leitores da idade democrática com tempo reduzido para longos textos escritos, querem livros facilmente localizáveis, de rápida leitura e leve compreensão, falsa concepção de beleza, quer o inesperado e o novo com emoções rápidas e passagens assustadoras, impressionantes , com efeitos rápidos e previsíveis, sem incertezas ou sensação de insegurança pessoal, que possa ser comungada e exibida entre tudo e todos (Mass-Man o Homem Massificado).

Recentemente o Kitsch tornou-se um meio para sistematizar, institutionalizar, uniformizar e atingir o maior número possível de massas, em que o mau gosto destes Tempos Modernos, é ilusão, uma manipulação ideológica do gosto, aproveitada pela actividade empresarial para lucrar com as exigências culturais desta nova classe recentemente acordada, em que as novas tecnologias tornam possível a produção barata de livros, imagens, música, móveis, artesanato, etc., em quantidades suficientes para satisfazer o mercado.

O Kitsch é psicológica e sociologicamente a expressão de um estilo de vida da classe média burguesa, com uma relação ascética, hedonista, agressiva, aquisitiva, funcionalista ou cibernética com os objectos, baseada no princípio que a genialidade é vista como a capacidade para criar obras baseadas numa mediocridade, que como um bom produto, deve ser acessível e perceptível a todos.

"As convicções são
cárceres.". Friedrich Wilhelm Nietzsche - O Anti-Cristo, filósofo alemão (1844-1900).
Assim quase tudo o que é associado á Kultura artística pode ser transformado e reciclado, imitado ou duplicado, reproduzido e standartizado, enfim um placebo tónico e eclético para diversão do consumidor compulsivo, como reacção contra o terror da constante mudança (que por aumento de velocidade constante gera paranóia e esquizofrenia), do movimento perpétuo da transformação da realidade e do senso moderno de vacuidade espiritual.
"O único e a raridade hoje tornou-se um conceito anacrónico deixando um espaço vazio nas utopias , como sentido orientador para um futuro melhor." Charlie

A continuar na Parte 4....

Próximos Capítulos em Português:

Capítulo 4 - O "Kitsch -Man"

Capítulo 5 - O culto é Kitsch vs. Kitsch é Culto

Capítulo 6 - Cultura, Kitsch e Poder

This mini-essay in English:

1 - Anti- Kitsch Manifesto
2- Anti- Kitsch Manifesto - Part 2 - To Be and To Have
3- Anti-Kitsch Manifesto - 3 - Kitsch and Politika (Politics)
4 - Anti-Kitsch Manifesto - 4 - Culture and Kitsch - The "Kitsch-Man" or "Massified-Man"
5 a) - Anti- Kitsch Manifesto - 5a- The Cult of Kitsch or Kitsch as Cult Part 1
5 b) - Anti- Kitsch Manifesto - 5b- The Cult of Kitsch or Kitsch as Cult Part 2
6 - Anti- Kitsch Manifesto - 6-Culture, Kitsch and Power
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A temática parece ser mais simples do que realmente é...
Na verdade todos os tópicos cujo foco se centram na estética das artes, são alvo de enorme discussão, pois assentam numa miríade de opiniões.
(Inclusivamente da curadoria) Relevar a boa arte, da má arte é perfeitamente possível, mas seguindo que standards ou que métricas?
No final de contas a arte não é feita de sensibilidade?
E assim sendo poderá ser mais afinada (fine tuned) de acordo com os meus interesses, cultura, visão, inerentes.

Quanto ao valor (mercantil) da arte, e a forma como é usado e abusado por uma classe social, para fomentar a diferenciação...

Isso sempre aconteceu desde que temos consciência de sermos humanos. Na arte é apenas outra faceta onde alguns, tomam posição de relevo, e de certa forma se destacam dos demais.

Se na idade da pedra, o que tava a dar era usar uma pele vestida, então quem pusesse um osso nas orelhas, ou outro adereço que lhe desse relevância, seria o "boss" das redondezas!

Estou de acordo com a tua opinião enquanto ao Kitsch, realmente a mentalidade das pessoas é um fator que influi diretamente no mercado financeiro. Neste tema podemos encontrar dois elementos diferentes, uma maioria passiva (população) e uma minoria que se beneficia da situação (não só políticos más também grandes empresários).E certo que a cultura é culpável de que a arte do mercado seja moldado de forma a satisfazer o cérebro da maioria das pessoas (que em realidade é assim), mas se analisamos o tema desde o origem, concluímos que a educação é a base da cultura moderna e esta é a única forma de evitar ser dominados pela minoria que está no poder.
Eu vivo na Venezuela e o principal problema que tem não são os políticos (que sim tem um peso importante), o maior problema que tem a Venezuela é a cultura do povo, um povo ignorante, que quer ter sem trabalhar. Uma nação pode ter os melhores políticos do mundo, más se a forma de pensar do povo não é a mais adequada, terá mais retrocesso que progresso e isso o podemos observar.

Excelente post! Não tenho nada a acrescentar! :)

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