#FILMOTECA - Alone in the Wilderness (2003)

Com a chegada do frio nada melhor do que indicar um filme como esse! Talvez você esteja sentindo algum desconforto causado pelo inverno que se aproxima, se é um desses que não se dá com as frentes geladas que envolvem nosso país nesse meio de ano. Mas antes de reclamar, que tal conhecer a história de Richard Proenneke, um naturalista auto-didata que decidiu-se abandonar a vida urbana para viver em uma cabana construída inteiramente por suas próprias mãos no Alaska?

O documentário Alone in the Wilderness foi lançado no ano de 2003, mas traz uma compilação de imagens do primeiro ano dessa experiência poderosa na vida de Proenneke, lá pelo final de 1960. Tudo que vemos é o esforço firme e intenso de um homem decidido em viver seu dia a dia em meio à (verdadeira) natureza selvagem. O expectador irá vivenciar junto a Proenneke a construção de sua cabana do zero, derrubando árvores, lascando madeira, fazendo encaixes, tora por tora até ter enfim um local confortável e único para dormir e viver. Tudo isso intercalado com uma narração profundamente sutil e tocante da experiência.

Naturalmente, "Dick", como era chamado, já tinha um vasto conhecimento da vida "como ela é" e não passou por infâmias como ficar preso em um ônibus no meio do gelo (como numa famosa história que virou filme também), caçava, pescava, construía e entre idas e voltas nas primeiros anos, Dick Proenneke resolveu ficar por ali mesmo, vivendo em sua cabana por 30 anos. Só saiu de lá quando não sentia-se mais capaz de viver sozinho pela idade avançada.

Ao contemplarmos os 57 minutos de filme e vermos os movimentos firmes de Dick ao construir sua cabana com imensas toras e sistemas arcaicos porém perfeitos de construção que independem de qualquer tecnologia além de serrotes, martelos e machados, é impossível não pensar na desvirtuação do homem moderno e de sua fragilidade diante de um ícone da força e da mente naturalista. Certamente Dick realizou-se ao ver sua cabana pronta naquela (quase) inóspita região do Alaska, protegido do frio, vivendo em meio ao mundo verdadeiro, tendo feito tudo com as próprias mãos.

Se você gosta desse modelo comercial muito em alta de "homens barbudos da montanha e sua vida cruel no Alaska" que a TV à cabo nos apresenta, não deixe de conhecer um pouco da história de Richard Dick Proenneke, que antes que os diretores com cheiro de shampoo pensarem em criar reality shows "selvagens", já vivia na natureza, sozinho e realizado.