Quem é que ainda não passou por mal-entendidos durante conversas? Isto pode acontecer de várias maneiras, e penso que o grande problema passa pelo modo como as pessoas interpretam as situações. Afinal de contas, a perceção que temos pode ser bastante diferente da perceção que as outras pessoas têm em determinado assunto, como vimos anteriormente no post “Será que realmente conseguimos ouvir os outros?”. Mas como é que podemos evitar estas situações, tendo a consciência que as pessoas podem interpretar a nossa mensagem de maneira errada?

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English version here

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A importância de definir um conceito

Eu acredito que o mais importante na comunicação verbal e escrita é a intenção e a mensagem que queremos transmitir, e não propriamente as palavras que usamos para passar a informação. A linguagem é sem dúvida uma ferramenta muito poderosa no âmbito da comunicação, mas esta é falível. Penso que todos nós já tivemos situações em que não conseguimos dizer exatamente o que queríamos expressar por palavras, independentemente da causa. O que é facto é que as outras pessoas podem percecionar o nosso discurso de uma forma que não vai de encontro com as nossas intenções, o que gera situações desnecessárias. Para evitar estas situações, penso que uma boa prática passa por definir conceitos. Para mim a palavra XPTO pode ter um significado muito diferente do que para outra pessoa, portanto penso que é muito importante definir as palavras antes de as usarmos. Aliás, esta prática é bastante utilizada em documentos académicos e científicos, na forma de glossários, notas de rodapé, et cetera.

A importância da abordagem numa conversa

Quando estamos a falar sobre determinados temas, é muito importante medir as palavras que usamos, ou seja, tentar arranjar palavras que não sejam muito provocadoras, dependendo do contexto. Isto porque certas palavras podem invocar emoções fortes em determinadas pessoas, dependendo das suas crenças, opiniões, et cetera, sobretudo se os assuntos forem controversos. Se não tivermos cuidado, existe a probabilidade de as pessoas poderem-se sentir atacadas e reagir emocionalmente. Este fenómeno na psicologia chama-se Amygdala Hijack, que acontece quando temos uma reação emocional imediata, desproporcional ao estimulo, que é associada a uma ameaça subconsciente, fazendo com que as emoções sejam sobrepostas ao racional.

Deixem-me explicar este conceito com um exemplo: uma vez, o meu irmão contou-me que um antigo professor dele era um benfiquista hardcore (um fanático por um clube de futebol português) e que bastava que um aluno falasse mal do seu clube na aula para a mesma terminar. Parece que ele defendia o benfica com unhas e dentes, tornando-se bastante emocional face aos ataques propositados dos seus alunos.

Penso que todos nós já tivemos reações às quais nos arrependemos mais tarde, e uma destas causas pode ser precisamente o fenómeno da Amygdala Hijack. Pessoalmente, isto aconteceu comigo maioritariamente em conversas (confesso que não me lembro dos temas), e recordo-me que depois de tudo acontecer, reparei que o problema estava essencialmente nas palavras que foram utilizadas na conversa e na interpretação que tive sobre o que foi dito. Neste sentido, o que me ajudou mais a superar estas reações foi a prática da self-awareness.

Ainda neste tópico da abordagem, é importante termos a noção de que a entoação que usamos quando falamos, o contexto em que usamos as palavras e a própria linguagem corporal, são fatores que podem influenciar a perceção que as outras pessoas têm relativamente às nossas intenções. Aliás, existem muitos comediantes que deliberadamente repetem a mesma palavra durante uma atuação com entoações diferentes e em contextos diferentes, de modo a criar situações engraçadas e imprevisíveis.

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Imagem 1 | Fonte

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Obrigado por lerem

Esta questão da comunicação e dos mal-entendidos é bem mais complexa do que o que aqui foi abordado, e de certeza que me escapou muita coisa, mas espero que este post vos tenha ajudado de alguma maneira.

Confesso que queria fazer esta publicação no seguimento do post Será que realmente conseguimos perceber os outros?, mas a minha falta de tempo não facilitou muito neste processo. Mas hey! Mas vale tarde do que nunca!

Se quiserem saber mais sobre a amygdala hijack, recomendo que vejam este vídeo.
Se tiverem alguma questão ou feedback, sabem o que fazer!
Se quiserem saber mais sobre mim e sobre o meu trabalho, passem pela minha página do Steemit!

Até breve,
Shaden