Ser religioso deve ser mero detalhe

in #pt7 years ago

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Assim como qualquer ser humano, eu sou um amontoado de características que formam um todo próprio. Sou brasileiro, do sexo masculino, estudante universitário, sedentário por conveniência, vegetariano e, claro, além de muitas outras coisas eu também sou ateu.

Percebam como, dentre tudo que compõe minha identidade, o ateísmo é apenas um detalhe. Eu não pauto minha vida a partir da minha descrença na realidade divina, considerando a existência de um Criador do universo (ou de criadores, como ocorre nos politeísmos). Não conseguir acreditar é algo que faz parte de mim, como expliquei aqui. Antes, é justamente por ser um agregado de qualidades que tenho uma personalidade. Por que com não-ateus seria diferente?

A religião é uma ferramenta que facilita um “expurgo espiritual” necessário para as pessoas, em sua grande maioria. Há pessoas que não precisam, mas isso não significa que sejam melhores. Apenas significa que não faz parte da subjetividade delas essa necessidade. Faz parte da diversidade humana.

O problema, ao meu ver (e creio que da grande maioria de pessoas que, como eu, se distanciam da religião por alguns motivos críticos), é quando a religião acaba por tornar crenças e hábitos individuais em problemas de ordem coletiva. É o que acontece quando a religião determina todo um sistema de atitudes de uma parcela relevante de uma população, a ponto de as crenças da religião intervirem na vida de todos os cidadãos daquela sociedade — a existência de uma “bancada evangélica” no Brasil exemplifica a tentativa de impor à sociedade, por meio de leis restritivas ou que privilegiam certos interesses dúbios, preferências específicas de um coletivo de religiosos.

Porém, mesmo com tantos dispostos a fazer da religião uma prioridade existencial, ainda assim ser religioso não passa de um detalhe, no que tange aos indivíduos. Ser um fundamentalista radical, alguém cujos propósitos espirituais ultrapassam suas necessidades espirituais íntimas, bem... é isso o que caracteriza aquele que, não contente com sua individualidade, quer padronizar, à sua maneira, o coletivo.

Se nossas preferências de como deva ser uma sociedade são válidas ou não, isso é uma questão de argumentação, com premissas e conclusões verdadeiras e válidas. Mas não é uma questão de argumentação a definição de nossas vidas a partir da nossa relação com ideias transcendentais e religiosas. Nesse caso, a questão é a da liberdade.

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Olá @alyaugusto.
Penso que a religião torna mais fácil, para algumas pessoas, carregar a “própria cruz”. Como se pudessem transferir suas dificuldades para um ser maior, capaz de resolver tudo.
Alguns usam a própria religião para agredir o próximo e se afastam do amor principal.
Acho que com amor tudo se resolveria. Amor ao próximo, independente donde está escrito.
Se eu conseguisse amar a todos como amo à minha filha... eu seria uma pessoas melhor. Enquanto não consigo, continuarem praticando meu amor ao próximo, mesmo que ele estava distante.

Com certeza também acredito que a religião serve, como diria Nietzsche, de "muleta metafísica", pois ampara pessoas carentes de sentido com uma razão de viver que lhes pareça razoável. Porém não acredito que "amar a todos como ama a própria filha" seria saudável. Na verdade, isso seria equiparar alguém próximo de ti como "um alguém qualquer", não havendo na sua filha qualquer traço especial que te faça dedicar mais tempo, esforço e amor por ela. Sobre isso, há um pensador do qual não lembro o nome que diz algo como "um homem que não prioriza a própria família antes de todo o resto não é um homem, mas um verme". O fato é que nossa natureza e mesmo a maioria das culturas pelo mundo nos condicionam a amar com mais intensidade aqueles que estão mais perto de nós, com os quais cultivamos afinidades. E isso tanto é verdade que mesmo o trabalho de eticistas, de ampliar o círculo moral das pessoas para que passem a considerar como merecedores de respeito aqueles seres que não estão próximos da gente, é um trabalho árduo, pois requer fazer as pessoas irem além de seus próprios interesses. No fim das contas, quanto mais perto de nós, afetivamente, o ser vivo está, mais o consideramos como merecedores de dignidade; quanto menos... bem, aí precisamos descobrir jeitos de fazer as pessoas considerarem os distantes como respeitáveis também (e isso inclui os animais, o que torna o veganismo tão importa), mesmo que por natureza nós optaremos sempre por salvar aqueles com os quais mantemos intimidade.

Amar como amo a minha filha foi um exemplo do meu amor maior.
Sim, amar ao próximo como eu a amo, não quer dizer que não dou prioridade a minha família. Esse é o amor mais sincero que sinto. E a tarefa mais difícil.
Qual o problema em amar? Atrapalha a alguém? Machuco alguém?

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Prefiro seguir minha "religião" à la carte.
Que nada mais é que pegar o que acho bacana de cada religião e viver aquilo.
Acho as religiões um pouco extremas, ouso dizer que são opressoras (falando sutilmente )
O mesmo texto para inúmeras religiões ,como o evangelho. Me faz acreditar que as religiões nada mais são que interpretações de textos adversas .
Um cara fala que é assim o outro lê assado e cria uma nova religião, ai espalha sua interpretação como verdade absoluta. é uma loucura. Não me encaixo

É muito comum no Brasil (não sei de outros países) que as pessoas não tenham exatamente uma religião, mas tenham uma religiosidade bem diversificada, coletando elementos de diferentes "religiões oficiais" e fazendo dessa sopa de referências sua própria "religião não-oficial". Porém, na condição de descrente, também tenho problemas com esse modo de guiar a própria vida haha

Quanto às tentativas de impor dogmas religiosos sobre a população... Esse é o real problema da coisa toda, porque liberdade religiosa é fundamental (seja pra crer, seja pra não crer). E a questão da liberdade de interpretação dos evangelhos é outro problema que só acirra ainda mais a disputa por poder, pois é normal surgir mais e mais igrejas por aí defendendo um que outro detalhe distintos das concorrentes. De toda forma, o ponto positivo nisso é que não há uma interpretação única monopolizando a fé, então tudo bem.

Isso é bem verdade, melhor mais de uma doutrinação maluca que só uma ainda mais forte ahaahaha

No meu caso, acho que é mais seguir um estilo de vida do que uma religião não oficial.
esse tal de aglomerado que a gente é com tudo que conviveu e ouviu , como você disse. Acho que é mais isso mesmo.
A Igreja me diz para ser caridosa, pahhh.. algo bom, vou absorver... ela me diz que Deus é um cara mau que vai mandar quem não seguir seus mandamentos pro inferno... nhaaaaa... deixa pra lá
hahahahha
Somos o que aceitamos e convivemos . Por isso cada um é tão individualmente diferente um do outro. Adoro isso

Para mim ser uma boa pessoa, ou uma má, independe de religião, até porque o que importa no fim das contas é a espiritualidade, não adianta nada ser religioso e não colocar as crenças em prática. Parabéns pelo texto.

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