Um Rendimento Básico Incondicional para todos

in #rendimentobasico6 years ago (edited)

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Depois da revolução industrial, a sociedade humana conseguiu atingir enormes quantias nas produções de diversos produtos. Isto muito se deve a introdução de vários tipos de máquinas/maquinarias no setor produtivo. Tais aparatos conseguiram multiplicar a produção em relação ao número de pessoas trabalhando. Se antes uma costureira produzia um número x de peças têxtil, agora uma costureira ou um supervisor, poderia cuidar de algumas máquinas, as quais cada uma delas já produzia mais em relação a uma trabalhadora costureira. Creio que isso tudo é óbvio, mas precisamos relembrar não apenas o quanto a nossa produção absoluta aumentou, mas também que ela aumentou em proporção ao número de pessoas que trabalham.

Vamos pegar um exemplo comum e relativamente recente: a produção de alimentos. Será que o mundo produz alimento o suficiente para alimentar a todos os seus habitantes? Eis alguns relatórios e notícias recentes:

Situação mundial:
Mundo produz comida suficiente, mas fome ainda é uma realidade

Situação brasileira
Produção de alimentos é suficiente para resolver a fome no Brasil

Como pode ser percebido nestas matérias, o mundo produz muito alimento, o suficiente para alimentar até um número muito maior de habitantes da Terra. Mas o problema está na distribuição e no desperdício: todo este alimento não chega até as pessoas. Considero isto um defeito intrínseco do sistema de produção e distribuição de alimentos em si. E se este sistema pudesse ser alterado de tal forma que todo este alimento produzido não fosse desperdiçado? E se pudéssemos fazer com que todos tivessem ao menos uma alimentação básica garantida? Levando em conta a produção que já temos, isto não seria impossível:

Aí chegamos no tema central deste texto: O Rendimento Básico Incondicional. O número de pessoas que intuem que vivemos num mundo de escassez artificialmente fabricada vem crescendo muito nos últimos anos. Ao mesmo tempo que estas pessoas também intuem e conseguem visualizar um mundo onde a abundância pode ser o pilar da sociedade. Isso se deve a mesma reflexão que fizemos ali em cima a respeito dos alimentos, só que aplicadas a todos os outros setores de produção da sociedade. É aquela percepção que temos a capacidade de produzir mais do que suficiente para todos, e com isso acabarmos com a miséria e pobreza globais.

Algumas estatísticas interessantes a respeito disso:

10% dos gastos militares globais poderiam acabar com pobreza

No mundo, 1% mais rico detém 20% da renda. Brasil é ainda mais desigual

O que precisa ser alterado é a distribuição dos recursos em relação ao número de habitantes. Limites mínimos e máximos precisam ser pensados. E como a situação é muito mais crítica e urgente para aqueles que não tem o suficiente, o limite mínimo é o primeiro que precisa ser abordado. Que tal pensarmos numa renda mínima, como um direito a todos, que consiga suprir todas as necessidades básicas das pessoas? Isto não é nada de fantástico, aliás, muitas constituições do mundo já dizem que os cidadãos têm direito a água, comida, educação, abrigo e trabalho.

Talvez a compreensão de que este limite mínimo precisa ser implementado como um direito ainda não tenha atingido a massa crítica necessária. Se for este o caso, vamos aprofundar um pouco mais esta reflexão:

Muitos pensam que as pessoas precisam antes de educação, para depois conseguirem um emprego, e aí produzirem para conseguir se sustentarem por si mesmas. A ideia de que a pobreza de alguém “é merecida” e é um efeito natural da incapacidade/ociosidade daquela pessoa, é um preconceito muito forte e disseminado no senso comum. Mas será mesmo verdade?

Considero que esta visão acima está muito equivocada. E o motivo deste equívoco é simplesmente não considerar a ordem natural da vida: quando nascemos, precisamos de um ambiente muito favorável a nossa volta para conseguirmos sobreviver. Um bebê (ou até uma criança) jamais conseguiria sobreviver se não tiver um ambiente favorável a isto em torno dela. Neste momento inicial da vida, somos como uma esponja: absorvemos muito do nosso ambiente a nossa volta, e somos muito dependentes do ambiente favorável para nos mantermos, nos desenvolvermos e crescermos. E depois que atingimos uma certa maturidade, aí sim, desenvolvemos gradativamente, cada um do seu jeito e no seu ritmo, a capacidade de andar com os próprios pés, e se auto sustentar, com cada vez mais independência do meio externo.
Podemos generalizar este padrão para muitas outras coisas, por exemplo, quando plantamos uma semente e esperamos que ela germine e se torne primeiro uma muda, e depois uma planta ou árvore madura, aquele mesmo padrão de desenvolvimento e independência é percebido: a planta precisa de muito mais cuidado nas fases iniciais, e ganha mais força e independência mais tarde.

E como fica o caso do ser humano quando entra na sociedade? Será que a nossa vida social também passa por um padrão de desenvolvimento parecido? O que viria antes? Precisamos antes de um ambiente favorável ou devemos esperar que cada um seja capaz de se sustentar sozinho?

Se você tem Netflix, aqui vai uma excelente dica para reflexão deste assunto ao assistir este intrigante documentário:

https://www.netflix.com/br/title/80026944

Nele, quatro amigos americanos viajam para a Guatemala com o objetivo de vivenciar a extrema pobreza vivendo com um dólar por dia durante dois meses. Eis um experimento prático, filmado, do que ocorre quando as pessoas não tem ao menos um recurso básico mínimo para se desenvolverem apropriadamente.

Além disso, é muito importante ressaltar que existem inúmeros estudos e estudiosos que chegaram a esta mesma visão. Talvez o mais notório e conhecido neste assunto em particular seja o psicólogo Abraham Maslow com a sua famosa Hierarquia das Necessidades.

A pirâmide das necessidades de Maslow:

O que esta hierarquia das necessidades de Maslow diz, resumidamente, é que precisamos satisfazer estas necessidades começando pela base da pirâmide, e quando fazemos isto, subimos um degrau.
Em termos de consciência, isto é bem lógico, natural e compreensível: precisamos primeiro garantir a sobrevivência da vida no nível básico e fisiológico (comida, água e etc…), para depois conseguirmos nos ocupar das outras coisas.
Neste sentido, um Rendimento Básico Incondicional, teria a função de satisfazer os dois primeiros degraus da pirâmide, movendo o foco das consciências das pessoas para os degraus superiores.

Algo muito similar é mostrado aqui, a respeito a Evolução dos Desejos segundo a Cabala:

E como procedermos para bancar esta Renda Básica para todos? Com certeza já temos os recursos, assim como já temos produção alimentícia para satisfazer a fome de todos no planeta. Eis mais uma frase que corrobora isso:

Para finalizar com chave de ouro as nossas referências sobre este assuno, aqui seguem dois videos importantíssimos sobre o Rendimento Básico Incondicional, onde se fala um pouco de tudo sobre este conceito: sua história, sua origem, estudos, razões e motivos pelos quais deveríamos adotar tal ideia:

Rutger Bregman: Porque deveríamos dar um rendimento básico a todos:

A Pobreza não é Falta de Caráter, É Falta de Dinheiro:

Conclusão Pessoal:

Penso que a regulamentação de um Rendimento Básico para todos como um direito, pode ser um meio muito eficaz de erradicar a miséria do mundo, e fornecer para todas as pessoas da Terra, as quais são possibilidades de florescimento e de desenvolvimento de potencialidades humanas das mais diversas e variadas, os requisitos mínimos para que possam se desenvolver satisfatoriamente. Pensemos quantas possibilidades de vida maravilhosas podem estar sendo sufocadas no mundo de hoje: quantos Teslas, Jungs, Mozarts, Einsteins e etc… podem estar deixando de se desenvolver por completo devido a falta de um ambiente externo satisfatório, que no mínimo forneça o básico para tais possibilidades de vida se desenvolverem ao menos numa média aceitável.

“Talvez o próximo Einstein esteja morrendo de fome na Etiópia”

Além do mais, o mundo atualmente está convergindo para uma outra realidade que provoca cada vez mais o debate em torno deste assunto: a grande ascensão da tecnologia nos meios de produção e diversos outros empregos. Tudo indica que robôs, impressoras 3D e outros softwares de inteligência artificial, poderão acabar com a grande maioria dos empregos do mundo. E poderão fazer isto de forma muito mais eficiente. O que sobrará para o homem fazer?

Com certeza teremos que revisar tudo isso, principalmente a relação entre emprego e salário. E a ideia do Rendimento Básico Incondicional desponta de forma firme neste contexto.

Atualização do post, 14/04/2018: Cliqui aqui para conhecer uma proposta de Rendimento Básico Incondicional em criptomoeda. Livre e grátis para se inscrever.

Bem, espero ter fornecido algum “alimento para reflexão.”

Gratidão a todos que leram este texto e puderam refletir sobre tudo isso.

Sort:  

Saudações, man.

Muito bom seu texto viu. Muito bem escrito.

Penso que as crenças que a pessoa adquire no meio que nasceu, tanto familiar quanto social, moldam sua forma de pensar sobre o dinheiro, tanto que geralmente pessoas pobres continuam pobres e pessoas ricas continuam ricas. Duas crenças negativas de pessoas pobrs por exemplo, é que o dinheiro não traz felicidade e que pessoas ricas são malvadas.
Isso faz com que a pessoa nunca busque o dinheiro, pois achará que ter em boa quantidade a tornará alguém ruim e infeliz.

Uma observação: Se quiser que seus posts sejam vistos em pela comunidade brasileira, coloque pt como tag principal.

Obrigado e bom dia!

Olá amigo. Obrigado pela dica. Tentei mudar a tag principal e não consegui. Você sabe como fazer isso?

Acho que não tem jeito não. Só dá para fazer nas próximas postagens....

Parabéns, seu post foi selecionado pelo projeto Brazilian Power, cuja meta é incentivar a criação de mais conteúdo de qualidade, conectando a comunidade brasileira e melhorando as recompensas no Steemit. Obrigado!

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Maravilhoso texto, me fez refletir muito sobre a vida e o mundo.

Grande abraço.

Que bom! Este era mesmo um dos objetivos.

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