Sobre o Futuro do Quake Champions no Brasil e o Fiasco da Cena Brasileira de Quake Live
Até onde um cara novato que nem eu pode opinar (só tô na cena desde 2015), o problema do Quake Live no Brasil é, como a gente tá sempre discutindo, e tu aludiu aí em cima, o modo Clan Arena. É um modo intrinsecamente nocivo para novatos! Principalmente se a comunidade é pequena e novatos sempre enfrentam veteranos e são "obliterated" em, literalmente, menos de 10 segundos. Como o jogo é que nem CS, quem morre é punido esperando no banco de reservas até o próximo turno, o que é uma punição pesada e contraprodutiva demais para quem está começando a se familiarizar com o jogo e, com isso, decidindo se vale a pena investir seu tempo.
Para piorar, a coisa fica ainda mais complicada quando há uma cisão na comunidade e o CA -- o modo de jogo mais simples e familiar para quem está por fora do Arena FPS (e, por esse motivo, menos Quake) -- é dominado por pessoas que jogam há anos apenas o mesmo jogo, nos mesmos mapas e com as mesmas pessoas. Isso inexoravelmente leva a criação de uma "comunidade" comodista e com aversão à mudança.
Eu senti isso na pele quando recém comecei a explorar o jogo: ou o novato é ignorado por tentar trazer algo novo, como perguntas, ou é debochado por não saber jogar, ambas táticas que servem apenas para neutralizar o indivíduo e manter o status quo. Se eu não tivesse entendido o potencial do jogo por conta própria e fosse tão obstinado -- abastecendo minha motivação todo domingo assistindo alienadamente aos Sunday Cups do 125FPS, com pró-players jogando duels, o modo Quake por excelência -- todos esses fatores deprimentes da cena brasileira provavelmente teriam feito eu perder o interesse, e criar, compreensivelmente, uma má impressão, como eu tenho certeza que aconteceu com a maior parte das pessoas que tentou jogar Quake Live no Brasil.
Mas "não dá pra se entregar pros homem de jeito nenhum!" Por isso que temos que ter paciência com essa antiga administração, por assim dizer, e continuar tentando resgatar o espírito único da franquia. Ou seja, simplesmente resgatar a diversidade, a rivalidade esportiva e a interação excitante e genuína entre os membros da comunidade -- esta última uma condição sem a qual nenhum jogo, por melhor que seja, pode sobreviver por muito tempo.