O meu escritório é na praia

Pela manhã, eu estava ouvindo o rádio quando tocou Lugar ao Sol, de Charlie Brown Jr. De repente, senti uma nostalgia. Uma das minhas bandas prediletas da adolescência. Infelizmente, o vocalista, Alexandre Magno Abrão, mais conhecido como Chorão, morreu em 6 de março de 2013, devido a uma overdose.

Ainda vejo o mundo com os olhos de criança
Que só quer brincar e não tanta responsa
Mas a vida cobra sério e realmente não dá pra fugir
Livre pra poder sorrir, sim
Livre pra poder buscar o meu lugar ao sol

De tantas coincidências, seu aniversário de morte está próximo e eu nem sabia (Foto: Jerri Rossato Lima/Divulgação)

O acontecimento entrou para a minha lista de mortes inesquecíveis. Aquelas que lembramos exatamente o que estávamos fazendo quando soubemos da notícia tempos depois, assim também foi com a Amy Winehouse e Michael Jackson, por exemplo.

Soube do fim trágico do Chorão, enquanto ouvia o rádio no caminho da faculdade pela manhã. Estava ansiosa para chegar logo e conversar com alguém a respeito. Para a minha surpresa, quando cheguei estavam todos falando.

A vida me ensinou a nunca desistir
Nem ganhar, nem perder mas procurar evoluir
Podem me tirar tudo que tenho
Só não podem me tirar as coisas boas que eu já fiz pra quem eu amo
E eu sou feliz e canto e o universo é uma canção e eu vou que vou
História, nossas histórias
Dias de luta, dias de glória

Para acrescentar outra coincidência e fatalidade nessa história, como muitos devem lembrar, o baixista-fundador do Charlie Brown Jr., Champignon foi encontrado morto em sua casa, pouco mais de seis meses. O ocorrido deu o fim definitivo ao grupo que ainda tentava preservar a banda com outro nome.

Por sinal, me lembro de 2013 como um ano de grandes perdas. Outro exemplo é a morte de Lou Reed.

Em 2015, um levantamento da plataforma de streaming Deezer revelou que o Charlie Brown Jr. é a segunda banda brasileira de rock mais ouvida no exterior, atrás apenas do Sepultura.

Agora eu sei exatamente o que fazer
Bom recomeçar, poder contar com você
Pois eu me lembro de tudo, irmão
Eu estava lá também
Um homem quando está em paz
Não quer guerra com ninguém

Formada em Santos, em 1992, as canções da banda misturavam vários gêneros musicais, como hardcore punk, reggae e rap. As letras faziam diversas críticas à sociedade, além de uma abordagem da perspectiva do jovem contemporâneo.

Tão natural quanto a luz do dia
Mas que preguiça boa
Me deixa aqui à toa
Hoje ninguém vai estragar meu dia
Só vou gastar energia pra beijar sua boca

Para finalizar, um dos seus hits Zóio de Lua, impossível esquecer os versos.

Meu escritório é na praia/Eu tô sempre na área/Mas eu não sou/Da tua láia, não!