#DICIONÁRIO DA MÚSICA# - Luís Carlos Vinholes (1933*)

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Nascido em Pelotas RS, em 10 de abril de 1933, Luís Carlos Lessa Vinholes, é autor de música de alta qualidade e interesse histórico. Porém pouco numerosa.

Considerado como pioneiro da música aleatória no Brasil, sua trajetória é marcada pela diversidade de atuações no campo profissional, destacando-se como músico de vanguarda, poeta concretista, crítico musical, adido cultural, e divulgador da cultura brasileira dentro e fora de nosso país.

As primeiras experiências musicais na sua terra natal foram como cantor tenor no Coral da Catedral entre 1949 e 1951, copista e percussionista da Orquestra Sinfônica de Pelotas.

A partir de 1953, na Escola Livre de Música da Pró-Arte, em São Paulo, foi aluno de Hans-Joachim Koellreuter (1915 – 2005), com quem estudou flauta e composição. Trabalhou como secretário da Escola e também de seu professor. Ao lado de Koellreutter, Vinholes acompanhou a implantação do I Seminário Internacional de Música da Universidade Federal da Bahia, que posteriormente tornou-se a “Escola de Música e Artes Cênicas” da UFBA.

A partir daí, intensificou a carreira de compositor, escrevendo peças dodecafônicas, e, paralelamente, desenvolvendo um sistema próprio de construção musical, denominado “tempo-espaço”.

“Tempo-espaço” resultou numa série de 16 obras musicais realizadas entre 1950 e 1980, que tratam o silêncio como elemento estrutural da música em seu sistema de construção.

Na área da musicologia, foi coautor de “Introdução à acústica” de 1957, trabalhou como crítico musical no Diário de São Paulo, da Cadeia Associados de Assis Chateaubriand, na coluna Música, de 1956 a 1957.

Em 1957 foi contemplado com uma bolsa de estudos do Ministério da Educação do Japão, no qual viveu os próximos 14 anos, estudou música japonesa, chinesa, e coreana. Foi membro-fundador da Associação Internacional de Artes Plásticas e Áudio-Visuais, e da Associação para Estudos da Arte no Japão. Trabalhou como Encarregado do Setor Cultural da Embaixada Brasileira, e Adido Cultural em Tóquio, onde desenvolveu intenso trabalho de divulgador da música brasileira a partir de 1961.

Foi o primeiro compositor brasileiro a escrever música aleatória, com a peça “Instrução 61” para quatro instrumentos quaisquer, um conjunto de 25 cartões quadriculados, sendo sete com uma linha longa, sete com uma linha curta, que podem aparecer tanto na horizontal como na vertical, sete com um ponto, e quatro cartões em branco. Nesta e em “Instruções 62”, para qualquer instrumento de teclado, os cartões com as instruções são embaralhados, e depois lidos pelos interpretes na ordem em que o acaso as coloquem. Resultando em obras sem forma, duração predefinidas, ou previsíveis, variando em cada versão.

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Como compositor, participou de inúmeros eventos artísticos nacionais e internacionais, ministrando cursos e conferências ou promovendo mostras e exposições. Vinholes, em seu currículo de vida, traz ainda outro feito pioneiro, o de ser o único compositor estrangeiro a compor um hino escolar no Japão. A convite do artista plástico Gagyo Ueda, e do professor Haruo Kadoya, diretor da escola da cidade de Suzu, compôs o Hino da Escola Primária de Ohtani, com poesia de Shuzo Iwamoto.

Para Gilberto Mendes, LC Vinholes é um “compositor bissexto”, que trabalha sua música com uma bem pensada economia de meios, e trabalha pouco, só quando reconhece que vale a pena comunica o que concebe.

Como poeta, foi convidado especial de festivais literários como, por exemplo, o Festival Internacional da Poesia Contemporânea de Veneza (1997), dividindo com Umberto Eco a noite de inauguração, traduziu poesias avulsas e antologias de autores de poesia japonesa e canadense, assim como realizou importantes projetos de tradução e divulgação de escritores brasileiros no Japão.

Após viver também em diversos outros países, no final da década de 90 retornou ao Brasil, residindo em Brasília (DF), onde dedicou-se ao projeto de informatização de sua técnica composicional “Tempo-Espaço”, à compilação de sua antologia poética “Retrato de Corpo Inteiro”, que reuniu poemas de 1947 a 2007, aos músicos, e estudantes universitários, que lhe procuram para melhor saber sobre sua vida e obra.

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Um grande abraço
Guilherme Faquetti
25 de março de 2018

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Referencias Bibliográficas

http://rbm.musica.ufrj.br/edicoes/rbm26-1/rbm26-1-05.pdf

http://repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/284919/1/Rosa_LiliadeOliveira_D.pdf

Mariz, Vasco, 1921 – História da música no Brasil. 6. ed. ampl. E atual. - Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005

http://pelotascultural.blogspot.com.br/2014/10/vinholes-patrono-da-feira.html

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Nossa, bem aleatória mesmo a música do vídeo. Doidera

kkkkkkkkkk a do vídeo tem haver com a teoria "tempo-espaço", não achei nenhuma aleatória para ilustrar aqui!

Parabéns, seu post foi selecionado pelo projeto Brazilian Power, cuja meta é incentivar a criação de mais conteúdo de qualidade, conectando a comunidade brasileira e melhorando as recompensas no Steemit. Obrigado!

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