[ Série de TV ] "Rua Augusta" (Primeira Temporada - 2018): A tentativa falha de humanização na prostituição que habita o lado obscuro da noite paulistana.

in #pt6 years ago (edited)

Fonte: Divulgação (TNT)

Tentando reconstruir a própria vida de pois de vários acontecimentos que fizeram do seu passado uma época muito conturbada e misteriosa, Mika começa a trabalhar na badalada Rua Augusta (um dos points alternativos mais famosos da cidade de São Paulo).

Dividida entre duas boates (Love, onde ela ganha a vida como dançarina / Hell, onde ela vive a vida sem freios), a medida em que protagonista se entrega cada vez mais aos seus prazeres mais profundos, a série mergulha o telespectador em um mundo de prostituição, violência, corrupção, sexo e drogas... Mostrando um lado de SP que é muito famoso e comentado, mas que nunca teve um espaço tão grande da TV (ainda que seja em um canal de emissora fechada).

Mas será que essa produção 100% brasileira da TNT (a primeira do canal) faz jus ao legado que a Rua Augusta carrega? Infelizmente, não (pelo menos não em sua totalidade).

Fonte: Divulgação (IMDb)

O projeto é ousado... Isso é um fato (principalmente para uma emissora do porte da TNT que não tem histórico com séries baseadas nessa temática). Mas não é ousado o suficiente para se tornar tão relevante e necessário quanto se imagina. Toda aquela premissa de humanizar a profissão mais antiga do mundo (com a ideia de mergulhar na psique das personagens que ganham a vida na noite) é uma tentativa falha, apesar de "dar a cara pra bater".

A ideia de transformar a Rua Augusta em cenário principal da série foi inteligente (há um mundo a ser explorado dentro e fora dos estabelecimentos que lá funcionam), mas a produção se preocupa muito mais com os aspectos técnicos (principalmente a estética e trilha sonora, que por sinal... são muito bem produzidas) do que com a história em si.

Fonte: Divulgação (Tumblr)

Em meio a um overlooping de luzes e sombras de neon que pipocam para todos os lados, a sexualização feminina deixa de ser natural para se tornar o principal argumento das histórias. Há diversas vertentes que tentam ser exploradas (e o roteiro até se esforça para isso), mas nada se compara aos takes longos e excessivos sobre o corpo da mulher como uma mercadoria descartável.

Com personagens muito fracos em seu catálogo, o único destaque o positivo é Nicole (muito bem interpretada por Patrícia Dejesus), uma stripper que vive uma complicada e conflituosa vida dupla. A grande promessa do elenco seria a atriz Fiorella Mattheis (conhecida pelo seriado do canal Multishow "Vai Que Cola"), mas sua personagem Mika não consegue ser tão interessante ao ponto de captar o interesse o telespectador depois dos primeiros 15 minutos de atenção (porém, ela não é uma personagem descartável porque existe um quê de mistério na sua essência... e isso é o a segura durante toda a série).

Fonte: Divulgação (Na Telinha)

O restante do elenco oscila com performances que vão de regular à media (e todos, sem exceção, são prejudicados pela falta de desenvolvimento / aprofundamento de seus respectivos personagens). 50% porque os nomes são fracos e outros 50% pela falta de um bom direcionamento.

Além de ter um roteiro frágil em mãos, a direção não consegue segurar a condução da trama - evidenciando uma falta de tato para lidar com os temas apresentados - de uma maneira que prenda o telespectador de uma forma natural (por exemplo, há o abuso da violência física regada a muito sangue como um atrativo quase sádico para segurar os olhos do público no decorrer dos episódios).

Fonte: Divulgação (Daily Motion)

"Rua Augusta" não é de todo o mal (apesar de tudo o que eu escrevi acima) e vale uma conferida (afinal, foi a primeira tentativa em trazer uma série com um tema tão forte... quem sabe a emissora não aprende com os erros?) e mesmo que os episódios percam a oportunidade de mergulhar de uma forma apropriada na erupção cultural e nas diversas formas de se expressar que moram nessa rua.

Há um grande acerto da produção em fazer da própria Rua Augusta a principal personagem de uma trama interessante (e até certo ponto deveras intrigante) e que conseguiu quebrar alguns tabus sexuais - a nível televisivo - que faz o telespectador se questionar o porque dela ser uma rua tão famosa.

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Morei uns dois anos na Frei Caneca e fiquei curioso em assistir, "vai que cola"...!


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