Como Procurar Trabalho na Era Digital Introdução

in #pt6 years ago

1 -No princípio eram os classificados de emprego.

2 -E os classificados eram simples quadros nos jornais com uma breve descrição. E os olhos do candidato se moviam sobre os anúncios.

3 -O Candidato dizia: É essa vaga! E mandava seu “Curriculum Vitae” datilografado.
Nisso se deu a primeira etapa.

4 - Depois veio a internet e os anúncios foram divididos: um ficava na web e outro no papel. E assim foi. Nisso se deu a segunda etapa.

5 -E a Grande Rede disse: que se ajuntem num só lugar as vagas que estão na Web e apareçam os buscadores. E assim foi.

6 - Os buscadores foram chamados de Cadê, Yahoo e Altavista, mais tarde Google e Bing os amontoados de vagas se chamaram Portais de emprego. E a Grande Rede achou que era bom.

7 - E os buscadores fizeram brotar os grupos de emprego: fóruns que anunciavam vagas de acordo com as suas especialidades, e portais cujos os anúncios eram de acordo com seu tema. E a Grande rede achou que era bom.

8 - Essa foi a quarta etapa.

9 -E a Rede disse: "Existam rede sociais na internet para lazer e trabalho. Sirvam elas de espaços para exibir o profissional, estudantil e lazer”. E assim foi.

10 - Umas redes para negócios como Linkedin e Yammer e outras para social e entretenimento como o MySpace, Orkut, Facebook ; fez também o Twitter e Google plus.
Essa foi a quarta etapa.

11 - E disse a Grande Rede: "Encha-se a Internet de sites de trabalho Freelancer, e sobre a web as vagas de Crowdsourcing”.

12 - Assim nasceram sites de leilão de trabalho como Freelancer.com e Upwork onde Dinamarqueses disputam com Vietnamitas e Brasileiros com chineses. A Grande Rede que era bom. Essa foi a quinta etapa.

13 - E disse a grande Rede: "Produza a internet muitos dados. Dados de busca de acordo vindos dos buscadores, dados de navegação de acordo com os Navegadores, dados de compras de acordo com o E-commerce, dados de hábitos e fotos de acordo com as redes sociais”. E a Rede viu que era bom.

14 Então disse a Grande Rede: "Façamos a Inteligência Artificial e o Machine Learning, conforme a nossos dados coletados, conforme a informação compartilhada.

15 - Domine ela sobre os trabalho repetitivos, identificação de imagens, funções banais e complexas de todo ambiente de trabalho e sobre todos robôs que possam fazer tarefas úteis". E essa foi a sexta etapa.

Referência religiosa conhecida e ordem cronológica contestável à parte, a paródia textual acima mostra a maneira como a busca por emprego mudou. Da época quando se deixavam currículos em agências ou portas de empresa após ler um classificado. Até o atual momento em que máquinas começam a substituir mais e mais as funções humanas. Acrescentando o trabalho remoto autônomo que faz nos concorrer com pessoas do mundo todo. É uma nova criação das relações de trabalho

Segundo estudos do Instituto Global Mckinsey¹ até 2030 cerca de 14% de toda força de trabalho mundial possivelmente precisará aprender novas habilidades, pois suas tarefas serão substituídas ao todo, ou em parte, por algum processo de automação. Considerando que essa adaptação seja rápida a mudança será suave. Caso o contrário o desemprego poderá aumentar e o salário diminuir em escala global.
Teoricamente 50% de todas as atividades globais poderiam ser substituídas por automação. Isso porque, na prática, nem toda automação é vantajosa financeiramente dependendo da realidade de cada país. Países mais desenvolvidos têm uma capacidade maior de automatizar seus processos.

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Segundo a Global Mkinsey 50% das atividades globais poderiam ser substituídas por robôs. Crédito da Imagem: Jehyun Sung on Unsplash

Estamos falando de um apocalipse econômico criado pela Matrix ou Skynet?
Não exatamente. O próprio estudo afirma que os resultados não são definitivos e que empregos não serão só tirados, mas também, modificados e recriados:

Even with automation, the demand for work and workers could increase as economies grow, partly fueled by productivity growth enabled by technological progress. Rising incomes and consumption especially in developing countries, increasing health care for aging societies, investment in infrastructure and energy, and other trends will create demand for work that could help offset the displacement of workers. Additional investments such as in infrastructure and construction, beneficial in their own right, could be needed to reduce the risk of job shortages in some advanced economies.

Em tradução livre:

Mesmo com a automação, as demanda por trabalho e trabalhadores poderia aumentar conforme a economia cresce em parte, abastecidas pelo crescimento de produtividade permitido pelo progresso tecnológico. O aumento de renda e consumo, especialmente em países em desenvolvimento, o aumento dos cuidados com saúde nas sociedades em envelhecimento, investimentos em infraestrutura e energia e outras tendências criarão demanda por trabalho que poderia compensar a demissão de trabalhadores. Investimentos adicionais como em infraestrutura e construção, poderiam ser necessários para reduzir o risco de escassez de empregos em algumas economias avançadas.

Curiosamente, os empregos mais suscetíveis a automação são os de renda média como Rotinas Industriais, resolução de problemas que podem ser resolvidos por passos definidos. Os trabalhos teoricamente mais seguros são os trabalhos braçais físicos que exigem maior flexibilidade de operação e trabalhos mais qualificados que exijam alto nível cognição.
Isso mesmo! A faxineira e o pedreiro talvez tenha mais segurança no emprego do que o contador ou o operário técnico da linha de produção.
Então nos resta a pergunta? Que habilidades vão me ajudar a ser mais valioso no mercado de trabalho e vencer a máquina ou pelo menos ser capaz de trabalhar ao lado dela?
A resposta é até um pouco óbvia:

As capacidades que te fazem mais humano.

Sua capacidade de se relacionar e entender outra pessoa. A capacidade de criar (ou pensar fora do algoritmo). A capacidade de olhar para aquela máquina que teoricamente concorre com você e pensar: Como eu posso usá-la a meu favor?
As bases dessa sequência de artigos então vão se concentrar em relacionamentos e contatos, criatividade e compreensão pessoal exatamente nessa ordem. E tentar juntamente aplicar essas habilidades na busca de emprego, ascensão da carreira ou do negócio.

Oportunidades usando sua capacidade de se relacionar

Estamos na era das redes sociais: centenas de amigos no Facebook, contatos no Linkedin, grupos e mais grupos de Whatsapp ou Telegram e centenas de seguidores no Twitter e Instagram. Você consegue estimar o valor deles?

Críticos dirão que em tempos de centenas de amigos virtuais poucos são os que você realmente pode contar. Isso tem seu lado de verdade e até pesquisas a respeito² . Muitas vezes, são essas mesmas pessoas que reclamam do famigerado Q.I. (o famigerado "Quem indica") dos processos seletivos das empresas como se fosse algo inerentemente maléfico. Relacionamento é tudo. Mesmo os contatos mais distantes, e talvez eles principalmente, podem ter um grande valor.

Segundo um estudo da Universidade de Stanford datado de 1973³ revisitado em 1983 a maior fonte de inovação, novos recursos e oportunidades está nos elos mais fracos de sua rede de contatos.
Pense por um instante: as pessoas que estão sempre com você geralmente são pessoas com crenças, opiniões e valores parecidos, consequentemente limitações também. Frequentam lugares comuns e tem o mesmo círculo de influência. Ficamos nesses agrupamentos porque é mais confortável e seguro. É natural mantermo-nos no terreno conhecido. Mas quando já olhamos o nosso território conhecido e não encontramos o que desejamos? Nessa hora precisamos caçar fora do quintal.
Steve Dalton, diretor do MBA de negócios da Universidade de Duke e autor do Livro The 2-Hour Job Search (Procura por emprego em duas horas) propõe uma metodologia que usa nossos relacionamentos aliado às informações das redes sociais para que não fiquemos espalhando currículos pelos portais da internet.

Ele separa em etapas práticas:

  1. Liste 40 empresas do ramo que gostaria de trabalhar (comece pelas empresas dos sonhos, e vá descendo até as que conhece pouco). Coloque um valor de 1 a 5 sobre o quão motivado estaria de trabalhar em cada uma.

  2. Descubra que conhecidos de qualquer grupo (família,amigos, cursos, etc) que trabalham ou conhecem quem trabalha nesses lugares. Hora de usar as redes sociais para descobrir. Não menospreze aqui os elos fracos. Novamente organize esses contatos desde em uma lista quem te ajudaria com certeza, por educação ou para não se sentir culpado e quem dificilmente te ajudaria.

  3. Hora de usar sua capacidade interpessoal, aquela que o robô não vai substituir lembra? Entre em contato com essas pessoas. Dependendo da proximidade a abordagem será diferente. Tente marcar um almoço para conversar ou qualquer evento social agradável que não atrapalhe uma boa conversa.

Prepare-se conhecendo a empresa antes do encontro. Depois na conversa pergunte como está o mercado, como a pessoa conseguiu entrar na empresa ou perguntas pertinentes para depois solicitar a ajuda. Essa ajuda pode vir na forma de uma indicação a uma vaga ou a indicação de outro contato.

Importante: Toda ajuda que a pessoa estará disposta a lhe dar depende do tipo de relacionamento que já nutriu com ela antes. Geralmente as pessoas replicam o comportamento que temos com elas. Trate um familiar ou amigo rudemente durante o dia inteiro e tente dar um bom dia no dia seguinte. Quer receber referências ou ajuda? Dê referências, ajude. As pessoas vão lembrar e replicar. As pessoas que tem as melhores redes de contatos são as que semeiam e não as que colhem.

Esse talvez seja o maior paradoxo: Uma era com ferramentas de comunicação riquíssimas e relacionamentos pobres em sua maioria. Informação abundante e conversas rasas.
Como avalia a riqueza de seus relacionamentos? Esse é seu novo capital social! Networking deveria ser simples com relacionamentos bem nutridos.

No próximo artigo apresentaremos um tutorial para ajudar a organizar sua busca de emprego e usar o Facebook. Isso mesmo. Um uso pessoal e útil para a sua conta do Facebook.

Notas

1 Trabalho perdido, trabalho ganho: transições na força de trabalho em tempos de automação (em tradução livre)
2 Segundo estudo de Robin Dunbar, professor de psicologia evolucionária, feito com pessoas de 18 a 65 anos com média de 150 amigos as pessoas em quem você pode realmente se apoiar em uma crise nos contam nos dedos de uma mão
3 Granovetter, Mark S., The Strenght of Weak Ties
4 Granovetter, Mark S., The Strength of Weak Ties: A Network Theory Revisited

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Saudações, Well

REalmente, cada vez mais as máquinas vão tomando o trabalho dos homens. Imagino que dentro de alguns anos por exemplo, carros já serão dirigidos de forma automatica. Você chama um taxi ou uber e o motorista é um robô.

Para não perdermos emprego, nossa "mão de obra" precisa se especializar cada vez mais. No meu caso, sou psicólogo. Não existe um robô, por enquanto, que possua empatia, capacidade de enxergar a dor alheia e á lidar com ela junto ao paciente.

Porém, há um filme chamado Apaixonado Thomas, de 2000, que conta a história de um homem com agorafobia. A psicóloga dele é virtual( um robô). Imagino que algum dia isso aconteça e temos que estar preparados para essas coisas

Muito boa postagem, boa noite!

Acredito que apesar de começarmos a entender um pouco do cérebro humano ainda estamos um pouco longe de ntende a mente e a consciência humana. Trabalhos de alta complexidade cogintiva estão fora do radar por enquanto. Apesar de ser da natureza humana tentar colocarquestões complexas dentro de algoritmos complexos acredito que estamos muito longe deser plenamente substituíveis

Parabéns, seu post foi selecionado pelo projeto Brazilian Power, cuja meta é incentivar a criação de mais conteúdo de qualidade, conectando a comunidade brasileira e melhorando as recompensas no Steemit. Obrigado!

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