Filme: O Sol é Para Todos - To Kill a Mockingbird [recomendação/reflexão]

in #pt6 years ago (edited)

As vezes refletindo sobre certos filmes ou livros que demorei pra ver e ler, fico pensando como é ruim as vezes buscar não se guiar pelo "mainstream" e dica dos outros, faz com que a oportunidade de ver algo que pode mudar referências e aprender mais sobre certo tema, certo contexto, certas pessoas, possa nunca acontecer. Apesar de persistir em ir no meu tempo, para algumas situações a máxima "antes tarde do que nunca" é super válida.

O Sol é Para Todos é um filme que já vi muitas recomendações em vários lugares, estava na minha lista da Netflix tem talvez anos, mas nunca tinha tido interesse em ver, pesquisar mais, enfim, não dava a mínima.

Até que ao assistir o episódio 5 da série The Good Doctor, série sobre a qual falei e recomendei num post aqui na Steemit, e que torno a recomendar, devido a várias referências sobre o livro(sobre o qual pretendo escrever num futuro), e pelo contexto emocional em que o livro é colocado, resolvi ver o filme e ler o livro.

Ainda bem que arrependimento não mata, que pude assistir o filme ee ainda bem que o filme é o que é. O filme apesar de ser dramático, de falar sobre temas complexos, lavou minha alma com sua singeleza.

Tendo uma fotografia que dá de 10 a zero em muitos filmes atuais, com enquadramentos e qualidade visual muito boa, e um roteiro simples mas cativante, o filme que foi lançado em 1961 e que é baseado no livro To Kill a Mockingbird(1960) de Harper Lee, mostra as memórias da personagem Jean Louise Finch - também chamada de Scout por seu pai- interpretada de forma memorável pela jovem(na época) atriz Mary Badham.

Uma recordação que abrange a época da Grande Depressão de 1932, o filme narra na visão de Scout, o período que ela tinha seis anos, e morava em Macomb, no Alabama, um lugar que já era bem velho.

Scout e seu irmão Jem Finch interpretado pelo jovem ator Phillip Alford são 2 crianças órfãs de mãe que se envolvem junto com o amigo Dill Harris, interpretado por John Megna, um menino filho de mãe solo que passa férias na casa de um tia, em um sequência de eventos que envolvem a pequena e velha cidade e a vida de muitas pessoas.

Entre essas pessoas está o pai de Scout e Jem, Atticus Finch, em uma excelente interpretação do grande ator Gregory Peck, um advogado que trabalha defendendo as pessoas da cidade, em especial as desfavorecidas, e que demonstra ser um pai carinhoso, firme mas gentil, que busca educar seus filhos para serem boas pessoas.

As cenas com as crianças são muito interessantes, seja em interação com os adultos, ou entre elas mesmas em suas brincadeiras e no processo de descobrir como se parece o do "louco" da rua, um jovem chamado Arthur "Boo" Radley(que não vou colocar links e nem recomendo pesquisar quem é antes de ver o filme, para manter o suspense...)
que é mantido isolado em sua casa por seu pai, Nathan Radley um homem sinistro interpretado pelo ator Richard Hale.

Arthur é considerado durante boa parte do filme, um ser sinistro, por segundo boatos, ter atacado o pai e causado de alguma forma a morte precoce da mãe e por ter atitudes noturnas estranhas, com o passar do tempo, ele interage positivamente de diversas formas com as crianças, deixando-lhes presentes e tendo um papel importante no ato final do filme.

Atticus é convidado por um juiz da cidade a assumir o caso, e como um advogado extremamente íntegro, concorda em defender Tom.


Atticus e o Juiz John Taylor

A trama se desenvolve ao relatar a participação de Atticus, no caso controverso entregue pelo juiz, em que um jovem e trabalhador homem negro chamado Tom Robinson, interpretado pelo ator Brock Peters, foi acusado de estuprar uma jovem branca de nome Mayella Violet Ewell, interpretada bem pela atriz Collin Wilcox Paxton.


Tom e a platéia do julgamento

Durante o julgamento acontece várias coisas que demonstram a tensão racial, e o quanto o preconceito e o racismo influenciam nas ações dos moradores da cidade, levando-os a cometerem ou quase cometerem atos com terríveis consequências. Com o decorrer do filme, o espectador que se mantiver atento verá que o caso simplesmente não tem fundamento e que as provas são no máximo substanciais, se não inexistentes, só que como mostrado, a justiça, assim como ainda não é, não é justa.


Cena do julgamento mostrando a segregação de pessoas negras e brancas

Vivendo o processo do julgamento e andando pela cidade, as crianças têm acesso a tudo isso, vendo o mundo e tendo sempre a presença de Atticus ensinando como as coisas podem ou não podem ser.


As crianças levando um pito de Atticus por estarem acompanhando o julgamento

Bob Ewell, interpretado pelo ator James Anderson, pai de Mayella é uma das pessoas que mais demonstram esse racismo, chegando a atos extremos que culminam na sequência final do filme.


Mayella e seu pai

Para além de abordar a questão do racismo, do preconceito contra pessoas com problemas psicológicos, falar de machismo ao questionar a postura brutal do pai de Mayella e os efeitos no caso, o filme também entra num ponto mais profundo.

O título em inglês "To Kill a Mockingbird", se refere a ideia de que matar um mockingbird - uma espécie de sabiá-,
é um pecado, pois são animais inocentes que em tese não fazem mal a ninguém, não por maldade. No filme existem diversos "sabiás" que sofrem com a maldade e o preconceito de seres humanos hipócritas e perdidos.

Como disse, o filme aborda questões tensas, questões que em 32, período que o filme narra e em 61, condenavam e limitavam futuros e afins, e que infelizmente ainda hoje não foram resolvidas, seja nos EUA, onde pessoas negras inocentes, ainda são acusadas, condenadas e mortas, ou se formos olhar, até mesmo no Brasil, onde temos como exemplo conhecido um caso em que ainda está preso Rafael Braga um rapaz condenado por portar pinho sol(!) e por flagrante forjado... Questões que muitas pessoas consideram como "mimimi", mas que são nocivas e destrutivas, condenam e limitam a própria humanidade, como Atticus diz em vários momentos do filme e do livro.

Porém para além do aspecto tenso, há muita coisa boa a se aprender com o filme. As interações entre Atticus e seus filhos, e de alguns personagens, mostram que a justiça pode ser possível, que um mundo melhor e mais justo pode ser possível. O filme mostra que é possível e necessário ser firme, sincero ou sincera sem fazer mal a pessoas inocentes, sem matar "sabiás".

No geral, dou para esse filme uma nota de 9/10 ou 4,5/5. O filme ainda está no catálogo da Netflix e para quem curte apreciar uma boa obra e refletir sobre temas interessantes, são 2h bem proveitosas.

Caso já tenha visto o filme, ou lido o livro, fale sobre o que achou!!

Se você gostou dessa recomendação, dê um upvote, um resteem, se tiver alguma crítica construtiva, dúvida ou sugestão, comente abaixo, estamos aqui para aprender!! Grato pela atenção e até!!

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Filme maravilhoso! Me surpreendi igual a você quando finalmente assisti, mas não vi pelo netflix. Porém acho ótimo que sites de streaming tenham espaço para filmes clássicos. A fotografia é realmente divina, e a sensibilidade expressa no filme é poderosa. Muito legal você ter feito essa resenha!

Cara a Netflix tem uma seleção interessante de filmes clássicos, e o melhor é que são remasterizados. Tem um tempo já que queria falar desse filme, e finalmente consegui!! Que bom que gostou :) Grato pelo comentário!!

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