Ao longe a cidadela de um navio
Acende-se no mar como um desejo
Por trás de mim o bafo do destino
Devolve-me à lembrança do Alentejo

Havia um pessegueiro na ilha
Plantado por um Vizir de Odemira
Que dizem que por amor se matou novo
Aqui, no lugar de Porto Côvo

Rui Veloso

A letra termina de um modo um bocadinho trágico. Mas não conseguimos deixar de pensar nesta música quando visitamos esta linda aldeia de Portugal, aliás, muitas pessoas ficaram a conhecer este cantinho da costa Vicentina, muito graças a esta letra.
Já passamos por lá umas belas férias, e nunca desiludiu. Podemos dizer que no Alentejo conseguimos viver a "Slow life ", não querendo com isto dizer que seja uma pasmaceira, pelo contrário!

A aldeia em si não é muito grande , mas é muito acolhedora.
Tem uma pequena praça onde todos os dias e todas as noites podemos ver as pessoas a descontrair comer e passear, ler livros e ver os miúdos a brincar na rua.
Hoje em dia não é muito habitual vermos as crianças a brincar na rua, e é muito bom poder apreciar essa liberdade.

Aqui podemos encontrar a famosa Ilha do Pessegueiro, da qual nos fala Rui Veloso na sua música, embora invertendo o sentido das palavras “um pessegueiro na Ilha”.
Durante aqueles dias por lá passados, da praia da Ilha do Pessegueiro tivemos a oportunidade de assistir a alguns dos mais bonitos pores-do-sol que já vi. As aves regressam todas à ilha à medida que o sol se vai pondo, para ali pernoitar.

A ilha faz parte do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina e em tempos longínquos foi usada como base para um pequeno centro pesqueiro, como comprovam algumas ruínas que perduraram até aos dias de hoje.

Houve ainda uma tentativa de a transformar num pequeno forte contra as investidas dos corsários, num tempo em que as invasões eram moda.
Hoje é só mesmo algo lindo de se ver, e a casa daquela passarada toda.

Eu adoro praia, e como sócia credenciada sem falhas de assiduidade no clube “areia no pé” posso garantir e comprovar que a costa Vicentina tens das praias mais belas, limpas e preservadas do planeta, vejam bem a nossa sorte :D

Apesar de sermos do Norte, num saltinho pomo-nos a caminho e quando dou por mim, já me estou a banhar naquelas águas cristalinas, até ter câimbras ou até ficar com a pele engelhada de tanto molho. Para quem faz parte do clube, a costa Vicentina é um sonho. Como gostar de praia não é sinónimo de ficar a tostar ao sol, temos a possibilidade de visitar várias praias por dia ao longo da costa, existem imensas, quase todas rodeadas por lindas falésias (até agora seguras, raras excepções ) e até mesmo encontrar autênticos paraísos desertos, sem viva alma a não ser as dos peixinhos, já imaginaram? Tipo, uma praia só para voçês? É um sonho real por aquelas bandas.

A água é de um azul esverdeado, quentinha e na maior parte das vezes calma.
A chegada à praia faz-se sempre através de escadarias em madeira, colocadas nas encostas, algumas tão extensas que aproveitamos e no caminho já vamos fazendo o aquecimento :)

Dizem que no Norte do país é onde se come melhor (e até aí concordo :P), mas se soubermos procurar encontramos restaurantes e tasquinhas onde a comida é de comer e lamber os dedos.
Encontramos um restaurante, no meio do nada, tivemos de seguir por uma estrada de terra batida, e sempre de olho nas avestruzes que nos acompanharam o caminho todo, sempre de olhar curioso.
Comi o melhor redenho da minha vida (até ao dia de hoje não comi melhor).

As marisqueiras são o ponto forte da zona, pelos motivos mais do que óbvios, ali o mar é rei e senhor, a maior parte da gente vive do mar, e tem sempre marisco fresquinho e prontinho a ir para a mesa.
Encontram-se várias tasquinhas que servem petiscos todo o dia, e foi numa dessas que comi aquilo que jurei para nunca mais... os caracóis.
Perdoe-me quem é grande apreciador deste petisco mas não. Nunca mais ..

No primeiro ano que lá fomos não encontramos assim grande variedade de actividades, mas foi um dos melhores anos, e já lá vão alguns, naquela altura o Turismo ainda era fraco, mas isso mudou, até mesmo com Festival de Músicas do Mundo (que ocorre todos os anos no final do mês de julho ) e que se estende desde Sines a Porto Côvo,
imensas pessoas de vários países vêm de propósito para Sines (cidade mesmo ao lado de Porto Covo) para assistir ao Festival é isso fez crescer muito o turismo desta zona, isso e a música do Rui Veloso :D

Num dos últimos anos tivemos a oportunidade de fazer um pequeno passeio de Segway pela costa, mesmo no topo das falésias, o que nos permitiu apreciar a paisagem de uma perspectiva bastante interessante, adorei, embora tivesse temido pela minha vida em alguns pontos do curso, sem razão lógica ou logística, mas eu sou assim :P

Bem, a nostalgia agora bateu forte e só quero lá voltar, sempre!
Longe de mim dar numa de Tripadvisor, mas acreditem, vale bem cada momento.... mas não contem a ninguém ;)

E para terminar, a tal musiquinha ;)

Visitem o canal @camoes criado por @jsantana, um projeto que visa disseminar e apoiar autores de Língua Portuguesa.

Obrigado pela atenção

Sejam felizes :)
@onyfest